5 - parte 4

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Lucca está, mais uma vez, no elevador quando chego de manhã, ele segura a porta até que eu entre e observa atentamente atrás de mim, procurando alguma coisa.

— O Leandro já chegou? — pergunta secamente.

— Não sei, acabei de chegar. Bom dia, senhor Baltazi.

Ele me olha com desdém e atende uma ligação, sequer respondendo meu bom dia. Quase me atropela quando as portas do elevador abrem e se afasta até sua sala.

O dia passa mais devagar que de costume, diariamente, Lucca deixa uma lista absurda do que preciso fazer e a faço, que escolha tenho? Embora perceba que Elaine, a outra faxineira, não tem essa lista extensa e sem sentido e trabalha bem menos do que eu.

— Ainda saio daqui e te meto um processo, seu babaca arrogante — resmungo sozinha quando escuto um som semelhante a um choro.

Encontro Açucena sentada nas escadas, chorando sozinha. Penso se devo ir embora, mas ela me vê, se levanta rapidamente e limpa o rosto, tentando disfarçar as lágrimas.

— Ei, o que houve? Por que está chorando?

Ela nega com a cabeça num primeiro momento, mas então volta a chorar e me conta o que está passando. O período de chuvas se aproxima e sua casa está com problemas no telhado. Ela tem um bebê de poucos meses e goteiras dentro de casa quando chove. Estava economizando com o marido para trocar o telhado, mas ele a deixou na semana passada.

— Você não poderia pedir um adiantamento ao senhor Baltazi? — pergunto. — No restaurante onde eu trabalhava, isso era permitido. Meu noivo, desculpe, meu ex noivo, concedia adiantamento do décimo terceiro ou férias quando um funcionário tinha alguma necessidade.

— Na verdade, estou com férias vencidas, mas voltei há pouco de licença maternidade, não quero abusar.

— Mas você deveria falar com ele, é um direito seu, de toda forma. Talvez se explicar a situação, ele entenda.

— Será que você poderia falar por mim?

— Não! Açucena, acredite, se eu pedir ele não vai atendê-la.

— Vai sim, Anna, ele a ama!

— Não, ele não ama. Você viu como ele me tratou ontem, ele me odeia.

— Não é verdade, ele só fez aquilo para mascarar o que ele sente, ele a ama, eu o conheço, sei disso.

— Você é maluca! Quem é que ama desse jeito?

— Anna, por favor. Por favor, esse é o Miguel, meu filho de seis meses, você vai mesmo deixá-lo molhando na chuva? — joga baixo me mostrando uma foto no celular do seu lindo e sorridente bebê.

Derrotada, reviro os olhos e espero até depois do almoço, então bato na porta dele quando ninguém mais está e ele parece não estar fazendo nada. Ele olha quem é, vê que sou eu e baixa a cabeça, não me permitindo entrar, mas entro assim mesmo.

— Não dei permissão para você entrar, Anna — reclama sem levantar os olhos da pasta que tem nas mãos.

— Mas também não disse que não podia.

Seus olhos se levantam em minha direção imediatamente e ele joga a pasta sobre a mesa, cruza as mãos por cima dela e me encara.

— O que é que você quer? Não se sente! — ordena quando estou prestes a fazer isso e me irrito por ele ser tão ranzinza.

— Preciso falar com o senhor sobre a Açucena. O marido a deixou, sua casa está em péssimas condições e o período de chuvas está começando. Ela precisa trocar o telhado dela urgentemente, mas não tem dinheiro. Ela pensou que talvez o senhor pudesse dar um adiantamento a ela, ou então dar suas férias vencidas, ela poderia então usar o dinheiro para...

Acaso ou destino - DEGUSTAÇÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora