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- Me ganhou vai ter que me levar... - foi a última coisa que sussurei antes de meus olhos apagarem pra dormir, bem na cama da Marina.

A parte ruim do homem é achar que a mulher vai depender dele pra sempre. Já parou pra contar quantas vezes ele nota que a casa tá limpa? Ou então que você pintou a unha de um esmalte diferente além do vermelho? Ah, querida... Se o seu nota, não o perca nunca! Mas se o seu não nota, já pode trocar, que pra ele não vai fazer diferença alguma, ele arruma outra em menos de três dias. Homem odeia levar fora de mulher, odeia levar um pé na bunda bem encaixado, odeia que a mulher ria por trás dele... Homem gosta de ser o centro das atenções, gosta de ser chamado de ponto fraco da mulher. Homens... Até onde vai ir a tal masculinidade? A tal que, pra ser homem, tem que pular a cerca, beber cerveja todo sábado com os amigos. Arrumar a casa? "Isso é coisa de mulher!" , meu querido... E se você morar sozinho? E pior ainda, se for de classe média baixa, trabalhador, e nem tem dinheiro pra pagar uma empregada, como que faz?

Mas, com mulher, nossa... A casa da Marina é impecável e ela, meu Deus, nem se fala, um charme de mulher. Delicada, conservada, deliciosa e tem um sexo oral bem melhor do que o Marcelo. E se quer saber, depois de seis anos casada, deitando na mesma cama que um homem, eu me senti bem melhor deitando na cama de uma mulher.

Acordei com cheiro de café, um cheiro de torrada e lá no fundo, manteiga. Levantei sorrindo, me dei conta de que estava nua, enrolei o lençol, que foi protagonista de toda nossa cena, no corpo e caminhei até a cozinha. Lá estava ela, de calcinha vermelha, sem sutiã, com uma blusa larga de costas pra mim, mexendo na pia.

Mordi o indicador e dei uma risada tímida, ela se virou e sorriu, passou as mãos molhadas na camisa e veio na minha direção. Segurou nas laterais do meu rosto e me deu um selinho, depois, um cheiro no pescoço. Gargalhamos juntos.

- Bom dia... - ela sussurrou e mordeu o lábio inferior. - Vem... - foi até a cadeira e puxou pra mim. - Se senta comigo!

- Claro... - ronronei meigamente entre os dentes. Sentei-me e ela me serviu. Tinha de tudo ali.

- Dormiu bem? - perguntou ansiosa, querendo realmente saber. - Eu dormi maravilhosamente! - ela praticamente soletrou maravilhosamente.

- Nossa, eu também... Foi ótimo me deitar com você. - sorri tímida. - Em todos os sentidos... - com o polegar sujo de Nutella, ela lambeu de forma sexy, que me fez imaginar outras coisas.

- Que bom... Tomara que aconteça de novo!

- Vai acontecer, me encontrei perfeitamente com você! - ela alisou minha bochecha e eu me estiquei por cima da mesa, indo de encontro com os lábios dela.

Por mais que a boboca aqui, queria ficar, não posso. Tinha que ir pra casa, era sábado e hoje o Marcelo não trabalhava... Enquanto pra mim, trabalho em dobro! Depois do café, voltei ao quarto, tirei o lençol do corpo, de costas pra porta do quarto, foi quando senti o corpo quente de Marina...

- Não sei como tem gente que não te deu valor... - beijou meu pescoço. - Você é linda em todos sentidos, Jô. - eu sorri e deitei a cabeça pra trás, pelos ombros dela.

- Você também é maravilhosa, Mari... Vê se não some pra me fazer esse bem... - virei-me pra ele e a beijei por alguns segundos. Afastei-me e toquei os lábios, fechei os olhos e ri. Enquanto isso ela ria de mim e me observava. O celular tocou, ela olhou aflita pro celular e ergueu o indicador me silenciando. Levantou-se em direção ao corredor. Depois voltou e eu continuei. - Tenho que voltar pra casa... Marcelo não trabalha hoje.

- Nem me fala o nome dele! - ela revirou os olhos. - Ta bem... - fez um biquinho fofo. Terminei de me vestir e fiquei de pé no meio das pernas dela. As mãos de Marina percorreram minhas coxas. Mãos quentes e suaves, eu sorri.

- Tenho que ir... - murmurei abaixando na altura do ouvido dela.

- Topa sair comigo segunda, pra um almoço?

- Como dizer não pra você? - mordi meu lábio e pisquei pra ela. Peguei a chave de cima da cabeceira e saí do quarto dela. Andei na direção do carro, tenho que voltar pra casa... Nada perfeito.

Estacionei na garagem de casa e ao sair do carro ouvi um som de palmas sem fim. Virei-me pra porta de casa e adivinha? O show do Marcelo só tinha começado. Ele batia palma exageradamente, em tom de deboche , claro.

- Que lindo em, Joana... Passou a noite fora... Duvido muito que você passou a noite na sua irmã!

- Onde eu passei a noite não importa a você. - parei de frente pra ele. - Já que depois do trabalho você saí pra motéis e nem me convida. - sorri ironicamente e atravessei a porta, esbarrando no ombro dele.

Ele deu alguns gritos comigo, pena que não me dei o trabalho de entender. Minha mente não capitava mais isso. Ergui as sobrancelhas e continuei indo pro quintal, enquanto o chato, vinha atrás de mim falando sem parar. Enchi o regador de água e fui cuidar do pequeno jardim.

- Eu tô falando, Joana! E quando eu falo, você me ouve. - larguei o regador no chão e me virei pra ele.

- Marcelo, desperdicei anos da minha vida falando com você! Tentando fazer você me entender de todas as formas, e o único jeito que você gostava de me ver era chorando, morrendo de tristeza por não ter você comigo! - pausei pra limpar a lágrima. - Por isso... Eu desisti, lavei as mãos, Marcelo. Você se perdeu... E eu me achei em outro alguém.

Esquece, o dia está péssimo pra cuidar de flores. Deixei o regador, as plantas e Marcelo, todos ali, plantados no chão. E pretendia nunca, nunca mesmo, fazer muda em um deles. É Marcelo, agora meu show é ver seu palco cair.

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E ai, gostando?! Comentem, dêem estrelinhas e aproveitem bastante a minissérie! Obrigado leitores...

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