Capítulo 6 - Temos muitos assuntos a tratar

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## Sasuke Uchiha ##

Três anos se passaram desde a última vez em que estive em Konoha e para ser sincero não pensei que estaria de volta tão cedo. Na verdade, eu planejava nunca mais voltar para essa cidade. Assim que voltei para Tokyo eu assumi o meu cargo de presidente da Uchiha Construções e, imediatamente, Itachi se mudou para Nova York para ser diretor da unidade de lá que tinha acabado de ser inaugurada.

Ser presidente de um império como a Uchiha Construções é complicado. Por termos unidades da empresa em todo mundo eu sempre estive viajando o que ajudou a me manter o mais longe possível desse lugar nos últimos anos, mas eu ainda conversava com minha mãe pelo telefone apenas para deixá-la mais tranquila e para ela saber que estava tudo bem comigo.

Há dois dias, meu pai me ligou com uma voz preocupado dizendo que precisava fazer uma reunião comigo urgente e que eu teria que ir a Konoha de qualquer maneira, tentei arranjar mil desculpas para escapar desse encontro, mas não teve jeito. Deixei Juugo, o meu diretor e braço direito, no comando da empresa enquanto eu estivesse fora e, para dar conta de resolver os assuntos mais importantes, eu acabei trabalhando até mais tarde ontem e mal tive tempo de dormir. Só tirei um cochilo durante o voo que afinal não durou muito.

- Pode ficar tranquila mãe, eu vou pegar um táxi aqui no aeroporto e vou direto para o hospital. Nos encontramos lá.

Despeço da minha mãe e finalizo a ligação, inalo mais uma vez o ar puro que só a cidade pequena pode proporcionar. Mesmo que eu não queira estar aqui, é bom estar em casa.

Ontem a noite minha mãe me telefonou me perguntando que horas eu chegaria e se eu poderia encontrá-la no Hospital Geral Konoha Senju para acompanhá-la em uma consulta de rotina. Claro que eu estranhei um pouco esse pedido afinal ela parecia preocupada demais para alguém que faria apenas uma consulta de rotina, mas é claro que eu não negaria isso a ela já que não à vejo a tanto tempo.

Como eu não pretendo ficar mais do que três dias, eu trouxe apenas uma mala de mão, o que me poupa muito tempo já que não tenho que passar pelas esteiras com aquele monte de gente esperando as malas saírem correndo o risco delas serem extraviadas, então eu trouxe somente o essencial.

Saio do aeroporto a procura de um táxi e logo reconheço uma cabeleira preta presa em um rabo de cavalo baixo, de terno, com as mãos dentro dos bolsos da calça, encostado em um Ford Maverik 74, duas portas preto que eu conheço muito bem.

- O que você está fazendo com o meu carro?

- É assim que você me trata depois de três anos sem nos vermos irmãozinho?

- O que você está fazendo aqui Itachi? Você deveria estar em Nova York.

Eu já estava impaciente com esse idiota do meu irmão encostado no MEU carro como se fosse dele.

- E desencosta daí que você vai acabar amassando a lataria, e quem te deu autorização para pegar o meu carro e dirigir por aí? Espero que ele não tenha nenhum arranhado porque se tiver você vai se arrepender de ter nascido.

- Calma irmãozinho, eu só achei que você estava com saudades dessa lata velha então eu trouxe ela pra você. Você deveria me agra...

Não deixei que ele terminasse o que dizia e logo o puxei pela gola da camisa social e o prensei contra a parede.

- Chama ele de lata velha mais uma vez que eu amasso sua cara até ficar igual sucata de ferro velho.

Solto a gola da sua camisa com brutalidade, tomo as chaves da sua mão e vou para o banco do motorista e inalei o delicioso cheiro do couro e observei todo o interior do carro para conferir se estava tudo do mesmo jeito que eu deixei.

Ah como eu senti saudade desse carro. Joguei minha mala no banco de trás e espero o idiota do meu irmão terminar de ajeitar a camisa que eu amassei e entrar no carro. Vejo ele abaixar na altura da janela e me olhar com um sorriso debochado.

- Está mais calmo, irmãozinho tolo?

- Cala essa boca e entra logo no carro Itachi.

- Credo Sasuke, você é muito apegado a esse carro. Você sabe que quando você morrer esse carro vai ficar pegando ferrugem na casa da mamãe né?!

Ignoro completamente o seu comentário. Eu não consigo nem imaginar meu carro em um estado tão deplorável como esse.

- Você ainda não me respondeu. O que você está fazendo aqui Itachi?

- O mesmo que você, suponho. Papai me ligou e disse que tinha um assunto urgente para tratar comigo e que eu teria que vir pra Konoha.

- Ele me ligou há dois dias e disse o mesmo. Quando você chegou?

- Cheguei ontem à noite, como já era tarde eu acabei não encontrando o papai. Levantei cedo hoje e somente nossa mãe me esperava para o café então eu fui até a construtora, mas também não o encontrei lá.

- Que estranho! O papai vive na construtora e, em todos esses anos, eu nunca o vi faltar nenhum dia do trabalho.

- Exatamente Sasuke. E ninguém na empresa soube me dizer onde nosso pai está, a secretária dele só me disse que ele não aparecia na construtora há uma semana. Então, quando eu estava saindo da construtora, eu recebi uma ligação da nossa mãe pedindo para eu vir te buscar e encon...

- Encontrá-la no hospital para a acompanharmos a uma consulta de rotina.

- Como sabe disso?

- Ontem à noite ela me ligou perguntando que horas eu chegaria e aí ela me falou a mesma coisa. Também falei com ela agora a pouco, eu disse que já havia chegado à cidade e que a encontraria no hospital, mas ela não disse nada sobre um imbecil, dirigindo o meu carro, vir me buscar.

- Tsc.

Vejo Itachi bufar e revirar os olhos, mas eu o ignoro, afinal eu sempre fui bom nisso. Sempre ignorava meu pai quando ele resolvia tirar a minha paciência.

O resto do caminho foi silencioso, o que é ótimo já que eu não queria conversar por estar muito cansado e sem paciência para as gracinhas de Itachi.

Chegamos ao hospital e encontramos com nossa mãe nos aguardando na recepção.

- Que bom que vocês chegaram bem e vivos, o que é mais importante. Me arrependi de ter pedido ao Itachi para te buscar assim que desliguei o telefone.

- É bom te ver de novo mãe. Como a senhora está?

Pergunto enquanto ela me envolve em seus braços em um abraço cheio de carinho e saudades.

- Estou bem querido! E como foi a viagem?

- Tranquila, porém cansativa. Nada que um banho e um bom cochilo não resolva. E a senhora, já terminou sua consulta?

- Ah... Bom.... Era sobre isso que eu queria falar com vocês dois. Eu não chamei vocês aqui para me acompanharem em uma consulta de rotina. Chamei vocês aqui porque quero que vocês vejam uma pessoa.

Sua expressão era cansada e seu olhar preocupado carregava um pedido silencioso para que não fizéssemos perguntas. Ela caminha até um dos quartos daquele imenso hospital, paramos em frente ao 102 e antes de abrir a porta ela suspira e se vira para nós.

- Ele não pode se exaltar então não o interrompam, deixem que ele fale tudo o que precisa, afinal essa pode, ou não, ser a última conversa que vocês terão com ele. Peço que me perdoem, eu não contei antes para vocês pois eu não tinha permissão. Ele disse que precisava de um tempo para pensar e se decidir, e você Sasuke estava passando por um momento delicado da sua vida e é algo que quero conversar com você depois.

Um arrepio subiu pela minha espinha. Eu e Itachi nos olhamos confusos estranhando o pedido de nossa mãe, mas quando porta abriu eu fiquei paralisado, sem acreditar no que eu via.

- Que bom que chegaram. Entrem, temos muitos assuntos a tratar.

Uma Dançarina Para AmarOnde histórias criam vida. Descubra agora