Respeitável público, aconcheguem-se em seus assentos que o espetáculo já vai começar!
Sob a lona do Taurus Circus, um circo tradicional da pequena cidade de Windenburg, na Inglaterra, Olivia nasceu.
Foi sob a lona que Olivia passeou pelos ares, ab...
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Mais duas semanas se passaram, e nos últimos quatorze dias Olivia evitou assistir as apresentações, por mais que sentisse falta. Sabia que assim que Megan a visse, a puxaria até o palco para participar do número de Oscar. Ela também não o viu mais – a não ser fumando na janela de seu trailer. Precisava devolver seu isqueiro e agradecê-lo, mas além da dor que ainda sentia no tornozelo, andava tão entediada que mal saía de sua cama, sentia que a qualquer momento se fundiria ao colchão.
Naquela tarde de quinta-feira, estava mais uma vez abraçada ao seu travesseiro quando ouviu baterem em sua porta. No que Adam abriu, ouviu a voz de Hector. A presença dele nunca era seguida de uma boa notícia. Seu irmão foi até o quarto e a chamou, parecia que o assunto era com ela. Olivia se levantou, pegou suas muletas e seguiu até a sala para conversar com o homem sentado ao sofá que secava o suor da testa com um lenço. Encostou na parede e o encarou.
– Boa tarde, Hector. Ao que devo o prazer da sua visita? – Olivia tentou não soar irônica, mas era difícil.
– Preciso que você volte para o circo – falou sem rodeios.
– Você sabe que ela ainda não pode! – Adam aumentou o tom de voz.
– Eu estou falando com a sua irmã, Adam. Se puder nos dar licença... – o homem apontou para a porta.
– Você está tentando me expulsar da minha própria casa?!
– Não é nada que seu pai já não tenha feito – Hector o respondeu sem nem ao menos olhá-lo.
– O Adam está certo – Olivia interrompeu antes que seu irmão respondesse – Eu ainda não posso voltar. Mal consigo colocar o pé no chão!
– Mas você não pode ficar morando aqui sem ser útil – deu de ombros.
– Ninguém aqui mora de graça. A gente paga aluguel – Adam voltou a falar.
– Mas Hector, por mais que eu queira, eu não posso voltar para o trapézio! – ignorou o irmão, por mais que concordasse.
– E quem está falando de trapézio? – Hector ergueu as sobrancelhas – Eu não sou louco de te colocar de volta lá agora. Estou falando das vendas, da bilheteria, da barraca, da limpeza...
Seria mentira se Olivia dissesse que estava feliz com isso. Durante toda a sua vida esteve no picadeiro, não ao redor dele. Por mais que ajudasse nas vendas antes dos espetáculos e fizesse parte da escala de limpeza, nunca ficou apenas nisso. Sempre fez tudo de boa vontade, mas porque sabia que valeria a pena, porque se apresentaria. Mas agora era só aquilo. Sem bônus.
– Eu não sei se é uma boa id...
– Eu acho que você não me entendeu, Olivia – Hector a interrompeu e se levantou do sofá – Eu não vim pedir para você voltar para o circo. Eu vim te informar que eu preciso de você lá. Você começa essa noite.