9. Festa

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— POMBAS! – falei, indignado, assim que atravessamos o portal

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POMBAS! – falei, indignado, assim que atravessamos o portal.

Dessa vez não senti a vertigem de antes, como na primeira viagem pelo portal. Nada de enjoo, apenas uma sensação incômoda na têmpora que logo foi embora junto com a sensação de que todo o mundo estava girando ao meu redor.

O Bruxo segurava meu braço e não deixou que eu esbarrasse nas pessoas à frente quando chegamos ao baile.

— Quem fala "pombas" hoje em dia? Isso é gíria de velho até onde eu sei...

— Eu sou velho – lembrei. – E com certeza um senhor da minha idade não devia estar andando por aí com asas cheias de purpurina!

Ele riu alto. Não sabia como havia me convencido a ir até ali fantasiado de anjo, mas, com exceção das asas, até que a fantasia era legal. A roupa branca chamava atenção em excesso, mas os braços à mostra e a calça com um cinto da mesma cor se encaixavam bem naquele meu corpo.

Quanto vi as pessoas à minha frente percebi que a maioria usava roupas bem mais monstruosas. Incluindo um homem com a pele cheia de escamas que estava com uma roupa do Harry Potter. Uau...

O mais impressionante foi ver que eu não era o único com asas ali. Havia mulheres com longas e belíssimas asas coloridas e 100% verdadeiras bem no meio do salão. Algumas tinham antenas no topo da cabeça e outras sobrevoavam o salão com naturalidade.

O lugar era uma espécie de galpão escuro, com diversas luzes pelo teto e uma banda ao vivo, composta por garotos com corpos translúcidos — podíamos ver a parede atrás deles.

— Não encare, alguns seres mágicos são sensíveis. – disse o Bruxo, colocando o braço em volta da minha cintura e me fazendo andar.

— Ah, desculpe. É que... Uau, esse lugar é fantástico!

— Imaginei que fosse gostar. Locais como esse são uma raridade, geralmente os feiticeiros não gostam de se reunir com criaturas mágicas, nosso governo não aceita bem a "mistura de raças".

— Gente que pensa assim raramente chega ao paraíso.

— Eles sabem disso, só não se importam. – O Bruxo puxou a bebida de uma bandeja e me entregou. – Cuidado com as garras dos garçons, geralmente elas têm veneno.

— Quê???

— E evite falar que você é um espírito de luz, tá bem?

— Por quê?

— Provavelmente vai começar um debate sobre como o céu é segregacionista e racista por ter menos monstros e seres das trevas que o inferno.

— Seres das trevas no céu? Isso é alguma piada?

Assim que falei isso uma fera de centenas de olhos e pele cinzenta virou-se na minha direção, semicerrando cada um dos seus olhos amarelos.

— Desculpe, ele não entende muito de política. – explicou o Bruxo, me puxando em seguida para longe da criatura. – É sério, o povo é meio militante por aqui, então tente não puxar briga com ninguém. Qualquer coisa, você tem o meu número. É só ligar.

As travessuras de Vinícius (Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora