13. Um breve adeus

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— VOCÊ TEM MESMO OLHOS LINDOS

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VOCÊ TEM MESMO OLHOS LINDOS. – disse Ramon, enquanto estávamos sentados na calçada da casa, esperando o relógio bater meia-noite para que o portal se abrisse e deixássemos aquele mundo de uma vez. – Percebi isso nos portões, quando te vi observar o horizonte à procura de alguém que te tirasse daquele tédio todo.

— Me elogiar não vai mudar o fato de eu quase ter morrido degolado por sua culpa.

— Mas te salvei agora a pouco, isso deve ter me garantido alguns pontos. – Ele se defendeu. – E foi tudo bem divertido, no fim das contas.

Ramon sorriu, aquele doce e singelo sorriso canalha que fazia com que meu coração palpitasse e lembrasse de todos os momentos que passamos juntos e todas as conversas que tivemos.

— Tá, confesso que tenho um pouco de culpa pelo que aconteceu, mas sou um demônio. Esperava o quê? – ele segurou a minha mão, entrelaçando nossos dedos. – E agora que estamos namorando...

Senti um arrepio na espinha quando ouvi aquilo.

— Namorando?

— É, não ouviu quando falei pro Bruxo?

Não consegui segurar a risada.

— Não estava nos meus planos namorar um demônio. Isso nunca aconteceu na história!

— Se quiser, pode ir ao inferno comigo. A gente se divertiria bastante lá embaixo.

— Duvido muito – falei, sem cair na lábia dele. – Vamos combinar assim: você continua tentando me puxar pro seu mundo e eu não desisto de tentar te trazer pro meu.

— Um namoro a distância, então. – Ele falou, aninhando o corpo ao meu. – O que acha de, no próximo ano, passarmos o Halloween em um lugar mais romântico?

— Um encontro?

— Claro, anjinho. Ainda tenho muito o que te mostrar. A vida no céu é boa, mas aqui embaixo pode ser melhor ainda; se me deixar te guiar.

Ele colocou o braço em volta do meu pescoço e se aproximou para me beijar.

Lembrei da minha conversa com a fada, sobre os sentimentos confusos que eu tinha em relação a ele. Provavelmente Ramon estava brincando comigo com aquela história de namoro, jogando com os meus sentimentos para me arrastar pro inferno um dia.

Mesmo assim, algo dentro de mim queria que aquilo tudo fosse real.

Deixei que ele me beijasse.

— É sério, quero namorar com você, sim. – falei, nos minutos finais que tínhamos ali. – Tem que prometer que vai tentar ser uma pessoa melhor. Não importa as coisas que fez no passado, para mim você é apenas o Ramon. Alguém que sempre me ouviu e me entende.

— Você já me faz uma pessoa melhor, anjinho. – Ele disse, tranquilamente. – Não prometo ir pro céu com você, mas... nos momentos em que estivemos juntos... vou tentar não fazer mais burradas. Tá bom assim?

— Por agora, é o suficiente.

Beijei seus lábios novamente e, como num passe de mágica, nossas almas deixaram aqueles corpos.

Continuamos juntos e quase nos esquecemos que tínhamos poucos minutos antes dos portais para o outro lado se fechassem.

Sinceramente, não pareceu uma má ideia continuar ali, mesmo que como uma simples alma. Ainda sentia a proximidade do Renan e meus sentimentos por ele não passaram — assim como o êxtase que sentia com a sua proximidade.

Mesmo sem um corpo ou a química que tornava tudo mais palpável, ainda sentia algo forte por ele.

— Nos vemos daqui um ano. – Ele disse, piscando para mim enquanto o chão se abria e um poço de lava vinda direto do inferno o convidava para voltar ao centro da Terra. – Tente se divertir lá em cima! Vale muito à pena...

Na mesma hora, um véu prateado se rompeu e a minha passagem pro céu surgiu. Nos separar seria difícil, mas, não importava quanto tempo passasse, estava disposto a me esforçar para que aquela estranha relação desse certo.

As travessuras de Vinícius (Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora