3. Fora do eixo

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QUANDO OUVI O SOM DA MÚSICA, soube que aquele não era um lugar para alguém como eu

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QUANDO OUVI O SOM DA MÚSICA, soube que aquele não era um lugar para alguém como eu. O "inferninho" ao qual Ramon se referia ficava no centro da cidade, um local onde pessoas circulavam seminuas, com fantasias eróticas e nenhum pudor na hora de revelarem suas partes íntimas.

Casais transavam no meio de todos, próximos às escadas. No corredor para a pista de dança, havia uma fila de homens se beijando e, no meio da festa, um palco era destinado a todo tipo de artistas eróticos.

No centro da boate havia um travesti com seios fartos, que exibia uma peruca vermelha belíssima — brilhando tanto quanto a sua maquiagem púrpura. Ela levantava o microfone para uma canção que combinava com o ambiente e a sua voz rouca. 

Fiquei ali, olhando para a artista e ficando hipnotizado por tudo aquilo

— Pode ficar por aqui e se divertir. Vou encontrar uns amigos no quarto escuro. – Avisou Ramon, ajeitando a jaqueta de couro e observando os arredores.

— Espera, vai me deixar sozinho?

— Você é bem grandinho. Não dá para viver uma noite de prazer e luxúria grudado no melhor amigo.

— Não é luxúria o que eu quero. Isso seria pecado.

— Foda-se. – Ele deu de ombros. – Vá viver, meu anjo. Só tenha cuidado com os outros demônios que encontrar por aqui.

Ele piscou para mim, afastou-se e me deixou sozinho no meio da pista de dança. Que belo guia! 

Ignorei as pessoas que dançavam ao meu redor, segui até o bar e tirei do bolso algumas notas que encontrei na casa onde acordei. Pedi um drink, alguma bebida que nunca tinha experimentado antes e o sabor do álcool desceu rasgando pela minha garganta.

— Não é seu tipo de bebida?

Uma garota punk, de cabelo rosa, lentes de contato brancas e roupa preta me encarou com curiosidade.

Ela parecia, de certa forma, entediada. Mesmo assim me observa, como se eu fosse digno de atenção.

— É, parece que faz décadas que não tomo algo assim.

— Devia começar com a caipirosca. A daqui é doce e eles economizam na vodca. Resumindo, é basicamente suco de limão.

— Não é mais fácil tomar uma limonada ao invés de pagar 15 reais nisso?

— Sim, mas qual seria a graça? As pessoas querem comprar a experiência, não a bebida em si.

— Por isso você está tomando essa coisa nojenta com suco de tomate?

Ela olhou pro copo vermelho em cima da bancada. Era um bloody mary, a bebida favorita da minha mãe quando eu estava vivo.

— Tem razão, isso é horrível. – Ela riu, jogando o drink no chão e devolvendo o corpo para a bancada. – BARMAN, quero um suco de limão!

As travessuras de Vinícius (Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora