QUANDO OUVI O SOM DA MÚSICA, soube que aquele não era um lugar para alguém como eu. O "inferninho" ao qual Ramon se referia ficava no centro da cidade, um local onde pessoas circulavam seminuas, com fantasias eróticas e nenhum pudor na hora de revelarem suas partes íntimas.
Casais transavam no meio de todos, próximos às escadas. No corredor para a pista de dança, havia uma fila de homens se beijando e, no meio da festa, um palco era destinado a todo tipo de artistas eróticos.
No centro da boate havia um travesti com seios fartos, que exibia uma peruca vermelha belíssima — brilhando tanto quanto a sua maquiagem púrpura. Ela levantava o microfone para uma canção que combinava com o ambiente e a sua voz rouca.
Fiquei ali, olhando para a artista e ficando hipnotizado por tudo aquilo
— Pode ficar por aqui e se divertir. Vou encontrar uns amigos no quarto escuro. – Avisou Ramon, ajeitando a jaqueta de couro e observando os arredores.
— Espera, vai me deixar sozinho?
— Você é bem grandinho. Não dá para viver uma noite de prazer e luxúria grudado no melhor amigo.
— Não é luxúria o que eu quero. Isso seria pecado.
— Foda-se. – Ele deu de ombros. – Vá viver, meu anjo. Só tenha cuidado com os outros demônios que encontrar por aqui.
Ele piscou para mim, afastou-se e me deixou sozinho no meio da pista de dança. Que belo guia!
Ignorei as pessoas que dançavam ao meu redor, segui até o bar e tirei do bolso algumas notas que encontrei na casa onde acordei. Pedi um drink, alguma bebida que nunca tinha experimentado antes e o sabor do álcool desceu rasgando pela minha garganta.
— Não é seu tipo de bebida?
Uma garota punk, de cabelo rosa, lentes de contato brancas e roupa preta me encarou com curiosidade.
Ela parecia, de certa forma, entediada. Mesmo assim me observa, como se eu fosse digno de atenção.
— É, parece que faz décadas que não tomo algo assim.
— Devia começar com a caipirosca. A daqui é doce e eles economizam na vodca. Resumindo, é basicamente suco de limão.
— Não é mais fácil tomar uma limonada ao invés de pagar 15 reais nisso?
— Sim, mas qual seria a graça? As pessoas querem comprar a experiência, não a bebida em si.
— Por isso você está tomando essa coisa nojenta com suco de tomate?
Ela olhou pro copo vermelho em cima da bancada. Era um bloody mary, a bebida favorita da minha mãe quando eu estava vivo.
— Tem razão, isso é horrível. – Ela riu, jogando o drink no chão e devolvendo o corpo para a bancada. – BARMAN, quero um suco de limão!
VOCÊ ESTÁ LENDO
As travessuras de Vinícius (Romance Gay)
Fiksi Umum+18 | Erótico | É Halloween e, nesta única época do ano, Vinícius vê uma oportunidade para andar novamente entre os vivos e aproveitar seu único dia aqui embaixo para viver como nunca imaginou: indo a festas, transando loucamente, conhecendo seres m...