5. Ainda no carro

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DESPERTEI COM UM BEIJO

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DESPERTEI COM UM BEIJO. Ramon agiu rápido, desceu meu banco e veio por cima de mim, tirando a camisa e revelando as cicatrizes dos tiros que mataram nossos hospedeiros. As marcas haviam quase desaparecido e agora eu podia ver melhor o corpo dele, com o abdômen bem definido e os braços pouco musculosos, porém ainda assim fortes.

Ele tinha uma tatuagem de morcego na cintura. Aquilo chamou minha atenção e, enquanto Ramon me acariciava, comecei a lembrar que já havia visto uma tatuagem igual àquela. 

Ela dava um belo contraste com o seu tom de pele, era como se alguém tivesse pensado em todos os detalhes na hora de colocar a tatuagem naquele local. E, com isso, fiz um rápido passeio pelas minhas lembranças até chegar ao meu irmão, Timóteo. 

O rosto era diferente, mas o corpo...

— Tá tudo bem? – perguntou Ramon, desabotoando a minha calça enquanto eu tentava me concentrar em não pensar no Timóteo para conseguir uma ereção.

Era difícil.

Meu irmão sempre foi o modelo de homem perfeito. Ele conseguia se inserir em qualquer lugar, namorar qualquer garota e conquistar toda meta de vida que definia para si.

Sempre senti inveja, apesar disso ser pecado.

Pensar nele fez com que eu perdesse a vontade de transar.

— Desculpe, ainda tô com sono e um bafo do cão.

— Não me importo com isso. – Ramon tentou me beijar de novo, mas virei o rosto.

— Depois, tá? E preciso de um banho e escovar os dentes.

Ramon saiu do meu colo, revirou os olhos e ligou a chave do carro, deixando o estacionamento sem esconder a cara de descontentamento.

Também não estava muito feliz, mas as lembranças da minha vida passada começavam a aparecer e seus efeitos pareciam vir rápidos. 

Meu companheiro demônio ficou em silêncio durante parte do trajeto. Ainda era noite, o sol demoraria pouco mais de uma hora para nascer, mas aquele breve sono foi o suficiente para que recuperássemos nossas energias.

— Depois que formos embora, o que acontece com esses corpos? – perguntei, curioso.

— As almas que habitavam neles foram embora, então devem apodrecer debaixo da terra.

— Morte, então.

— Sim...

Ele tirou o rosto da estrada e me observou rapidamente.

— Não fique triste. Eles não sofreram. E, pelo que vi antes de entrarmos, pareciam pessoas boas. Pode encontrá-los de novo no céu qualquer dia desses.

— Não é isso. É só que...

Ramon tinha se aberto comigo mais cedo, então me vi na obrigação de expor as minhas inseguranças também.

— Tive um irmão antes de morrer, o nome dele era Timóteo. Não tivemos muito contato quando ele chegou ao céu porque o idiota decidiu reencarnar.

— Credo. As pessoas ainda fazem isso?

— Ele é um aventureiro. Gosta desse tipo de coisa, mas... A questão é que, quando te vi sem camisa... Parecia muito com o corpo dele, sabe.

— Tá com medo de ter transado com o seu próprio irmão?

— Não! – arregalei os olhos. – Quer dizer, sim. Talvez um pouco.

— Relaxa, esse cara não era o seu irmão. Mesmo que fosse, não quer dizer nada. Corpos são somente capas, o que importa são as almas que passam por eles.

— Nem tudo é preto no branco como você gosta de desenhar, Ramon.

— É você quem pensa demais. Acredite em mim, este aqui não é o seu irmão.

— Como tem certeza disso?

— Eu só sei. Confie em mim, okay?

Era difícil acreditar em um demônio, mas a maioria deles não mentiam. Não quando a verdade era capaz de causar muito mais aflição e desespero.

— Está bem, eu confio.

— Ótimo.

Ele parou o carro no encostamento da estrada. Havia poucas casas ao nosso redor e a maior parte do ambiente era composto por árvores e mais estradas.

Pelo horário, parecia perigoso estarmos ali. 

Ramon sequer se importou em ativar o pisca-alerta, apenas tirou o cinto de segurança, afastou o zíper da calça e colocou o pênis para fora.

— Então vem e me chupa.

— É sério isso? – revirei os olhos. – Você é mesmo um idiota, sabia?

— Vamos lá, sei que você quer.

Ele me lançou aquele sorriso sacana, enquanto afastava o banco para que ficássemos mais à vontade.

Meu objetivo ali na Terra era me divertir, me libertar das prisões que coloquei em mim mesmo. Por isso resolvi ceder um pouco — levei a boca até onde ele queria e deixei que a minha cabeça começasse um movimento de vai e vem enquanto Ramon gemia e fechava os olhos, aproveitando o momento.

Chupá-lo foi bom, tentar enfiar tudo na boca enquanto ele gemia foi melhor ainda. Ramon passava a mão pelo meu cabelo, resolveu controlar os movimentos e afundou seu membro na minha garganta. 

Continuei com a tarefa de satisfazê-lo ao máximo, até o corpo dele estremecer, sua respiração ficar mais rápida e um jato quente de porra atingir minha boca. 

Fui pego de surpresa, mas engoli mesmo assim. Lambi os lábios e olhei para a feição relaxada e satisfeita dele.

Ramon era mesmo um sujeito safado e ridiculamente gostoso.

— Não me olha desse jeito. – falei, voltando pro meu banco. – Foi só desta vez.

— É o que você diz...

Ele veio me beijar, com seu jeito confiante de sempre.

Aquele garoto conseguia despertar instintos que nem eu sabia que tinha. Ele estava me ajudando a conhecer o mundo e a mim mesmo — então, quando Ramon veio me beijar, senti algo diferente. Queria aquilo mais do que continuar aquela noite de prazeres mundanos.

Havia algo entre nós. Algum laço que eu ainda não conseguia enxergar...

Infelizmente fomos interrompidos por um tic tic do bastão de um policial batendo contra o vidro do carro.

Meu coração foi à boca, enquanto Ramon apenas riu e ajeitou a calça antes de abrir o vidro do carro e olhar para o oficial de um jeito confiante.

— Oi, policial – ele piscou. – Tá afim de participar da nossa festinha?

Escondi meu rosto, envergonhado,enquanto via o policial tirar as algemas do cinto.

As travessuras de Vinícius (Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora