1.0

131 15 132
                                    

ALERTA: Este capítulo contém citações de LGBT+fobia, agressão de menor e de automatilação. Caso seja sensível à este tipo de conteúdo pule os trechos sublinhados

 Caso seja sensível à este tipo de conteúdo pule os trechos sublinhados

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

Capítulo 1.0
Bebidas escarlates repletas de mentiras

"Sempre bebíamos quando os problemas eram grandes demais para suportar de forma sóbria. Porém naquele dia quebrei o nosso voto jamais proferido."

A.B 

Dois anos e cinco meses antes do incidente:


      Já passava da meia-noite.

        No céu agora escuro e repleto de estrelas ainda podia-se avistar os filetes de fumaça cor de rosa vindos das cinco enormes chaminés da Fábrica Viscosa.

       Os bramidos dos pássaros quase tão negros quanto a própria escuridão agora eram substituídos pelo canto exótico das corujas alvas. E enquanto o dia findava-se, o asfalto inconstante da peculiar Rua Grudenta endurecia conforme o ar frio da noite soprava, como um presságio da enorme chuva que estava por vir - e mesmo sabendo que assim que amanhecesse ele voltaria a grudar intensamente nos pés dos habitantes, os sapatos dos noturnos jovens daquela cidade suspiravam aliviados, tendo conhecimento de que não iriam voltar ao seu lar repletos de escombros de pedra e piche, mas sim encharcados da água que verteria do céu.

Mas, como um assassino de um filme clichê dos anos 80 sorrindo ao ver uma possível vítima em estado vulnerável, Amara Bellerose comemorava internamente que o clima pela primeira vez estava colaborando para seu plano friamente calculado de arranjar um álibi sólido para si, ao passo que observava o homem deitado em seu assoalho espumar, em meio à uma severa overdose.

      Ela havia vestido uma de suas melhores roupas. Colocado os seus melhores brincos e caprichado em sua maquiagem.

      Apesar de saber que naquela noite talvez acabasse indo para a cadeia, ela queria estar bonita, queria se sentir bonita. E simplesmente ignorar o sentimento de culpa que pavimentava seu coração 'pessoas como ele, merecem estar mortas', ela rememorou para si ao passo que limpava de suas mãos uma sujeira inexistente 'pessoas como ele merecem arder no fogo do inferno', sorriu para a imagem que se desenrolava diante de seus olhos. Então seu celular vibrou, a tirando de seus pensamentos.

Ela agarrou o aparelho de abrupto.

Na tela estava as mensagens de seus amigos aceitando o convite da morena para beber.

'Vejo vocês lá', ela respondeu, guardando o celular dentro do bolso de sua calça.

"N-não faça i-isto", ele implorou mais uma vez engasgando com a espuma que saia de sua boca.

A MORTE DE UMA MULHER LIVRO 1 || EM ANDAMENTOOnde histórias criam vida. Descubra agora