Capitulo 2

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 Fernanda não conseguia se lembrar do que aconteceu na noite anterior. Estava dormindo no carro, voltando para casa, quando, de repente, viu um clarão vindo em sua direção.

- Querida, como você está? Está sentindo dores? - Perguntou a mãe, preocupada.

- O que aconteceu? Onde eu estou mãe? Cadê o Marcos e a Ju? - Estava confusa.

- Acalme-se. Vocês estavam voltando de Cruzeiro, quando uma caminhonete colidiu com o carro em que vocês estavam. - Explicou, paciente.

 Estava com dores na cabeça; reparou também que tinha o braço esquerdo imobilizado, e não conseguia raciocinar muito bem. De repente, começou a pensar onde estavam a amiga e o namorado.

- Mãe, onde eles estão? Onde estão Ju e Marcos? - Preocupou-se.

 Antes que a mãe conseguisse responder, o médico entrou no quarto para ver como ela estava. Medicou a ferida e olhou o machucado na cabeça, que ela mesmo não havia reparado, mas que passou a doer. Poucos segundos após sair, Fernanda começou a sentir-se sonolenta, provavelmente pelos remédios, e adormeceu sem obter respostas da mãe, que a observava com pesar.

 Ficou cerca de 10 horas dormindo, e então acordou, com menos dores. Reparou na ausência de sua mãe, então esperou até que ela voltasse para saber onde estavam os dois. Estava sentindo algo ruim no peito, e tinha a impressão que se relacionava a eles. Quando a mãe retornou ao quarto, viu a filha fitando-a, e percebeu que ela estava aflita.

- Mãe, onde eles estão? - perguntou, com o desespero saindo com a fala.

- Juliana está no quarto ao lado do seu, ela machucou o pé, mas não quebrou, está apenas com o tornozelo torcido. Disseram que, por estar no banco traseiro, ela não se machucou tanto...

- Que bom, quer dizer... Mas e o Marcos? - Perguntou, vendo o olhar triste da mãe. - Mãe? O que aconteceu com ele? - quase gritou.

- Filha, fica um pouco calma... Olha só. Quando vocês bateram, por algum motivo, Marcos estava sem cinto, e, quando colidiram, o impacto foi tao grande que ele bateu a cabeça no volante. - naquele ponto, estavam as duas chorando. - Ele morreu na hora.

 Fernanda queria gritar. Não acreditava que havia perdido o amor de sua vida. Estava tão assustada que perdeu a fala, e ficou observando a mãe, em prantos. Ficou envolta em pensamentos, tentando digerir tudo, até que perdeu a consciência, e acordou apenas no dia seguinte, com a mãe chamando-a.

- Precisa comer, querida.

- Não quero, mãe.

- Filha, hoje é o enterro d...

- Mãe, para.

- Você precisa ir.

 Tentou recusar, mas a mãe a obrigou. Ela não deveria sair do hospital naquele dia, mas a mãe conseguiu com que ela tivesse alta, para poder ir ao enterro do namorado. Logo cedo foram para casa, onde a filha pode se arrumar. Vestiu o vestido que ele lhe dera de aniversário, rosa, simples. Na hora de ir, estava sentada no sofá da sala esperando a mãe.

 Durante o percurso todo, não trocaram uma palavra sequer. Na cerimonia, todos a observavam, atônita, ao lado do caixão, fechado. Não chorou, não conseguia. Encontrou Ju, que chorava em um canto, sem entender o que ocorreu. Quando o caixão estava descendo, apenas posicionou-se ao lado daquela que seria a sua sogra, dando-lhe um abraço. Não sentia nada. Apenas observava, em choque com tudo o que estava acontecendo. Era demais para absorver.

 Cerca de três horas depois de chegarem, foram embora, e a volta não foi menos silenciosa que a ida. Estacionaram, e então Fernanda foi para o seu quarto. Chorou. Como se uma parte sua estivesse naquele caixão com ele.

O que será depois de você?Onde histórias criam vida. Descubra agora