Fuga No Meio da Noite

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               Assim que ficou sozinho, Dipper se levantou e recolocou a roupa. Seu corpo estava dolorido e sua cabeça parecia querer explodir. E, sem contar o medo que o inundava. Ele estava em estado de choque com o que acontecera. Sentia-se sujo, usado, violado... ele havia chegado ao último nível da degradação humana, e ainda tinha mais. Stan prometera que voltaria logo... e Dipper temia o que ele faria a seguir.

            Sem parar para pensar, ele vestiu a primeira roupa que encontrou e foi até a porta. Felizmente, estava aberta. Stan havia se esquecido de trancar, na pressa de afastar Ford dali. Dipper trancou a porta e foi até uma janela. Ele saiu por ela e a fechou novamente. Com cuidado para não fazer barulho, ele se afastou da cabana e correu para a floresta sem se importar com o escuro e com a tempestade que estava se aproximando... 

            Tudo que ele queria era fugir dali...

            Ele começou a correr sem saber ao certo para onde. Em sua fuga, ele tropeçou em troncos e raízes de árvores, caindo diversas vezes... Sua fuga parou quando tropeçou pela milésima vez. Sem forças para continuar, ele começou a chorar. Ele sabia que a floresta podia ser perigosa, principalmente à noite. Mas não era tão perigosa quanto ficar na cabana, nesse momento. Com tivô Stan embriagado e tivô Ford passando mal, Dipper sabia que era uma questão de tempo para o pior acontecer. E se não fosse hoje, seria outro dia...

           Um relâmpago iluminou a clareira e Dipper percebeu que havia tropeçado na estátua de Bill Cipher. Fazia tempo que ele não tinha mais vindo ali. Desde que Stan o castigara por se atrasar para fazer o jantar. Ele abraçou a estátua, chorando enquanto a chuva caía torrencialmente. Ele nem se importava se a chuva estivesse fria.

            Nesse momento, Dipper não tinha mais nada a perder... se morresse agora, não tinha mais importância. Ele permaneceu ali, abraçando a estátua por um longo tempo. Seu corpo começou a tremer de frio por causa da chuva. Ele espirrou diversas vezes, também. A chuva estava cobrando o seu tributo...

            "Ah, Bill... como eu gostaria que estivesse aqui... Nem que fosse para me levar também... Eu faria qualquer coisa! Eu aceitaria qualquer acordo... eu nem mais me importo! Se você viesse agora e me propusesse um acordo, eu aceitaria!" – Dipper começou a falar delirando.

             A friagem estava lhe deixando febril e Dipper estava perdendo a noção da realidade. Num momento, ele estendeu a mão e tocou na mão da estátua. Um relâmpago iluminou a floresta e um trovão retumbou em seguida... Porém, Dipper não percebia mais nada. Ele desmaiara segurando a mão de Bill.

              Aos poucos, uma luz azulada saiu da estátua e a quebrou em diversos pedaços... Uma figura humana apareceu no lugar. Ele abriu seus olhos dourados e se inclinou para o garoto caído. Com cuidado, ele o levantou nos braços como uma princesa. Um sorriso apareceu em seu rosto enquanto ele se afastava do local, flutuando e carregando o corpo desmaiado de Dipper.

 Um sorriso apareceu em seu rosto enquanto ele se afastava do local, flutuando e carregando o corpo desmaiado de Dipper

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           Em algum lugar da floresta, um portal se abriu e se fechou em seguida. Era uma passagem para uma dobra interdimensional, um espaço entre duas realidades. No outro lado, havia uma mansão enorme, rodeada por um jardim bem cuidado. Flores amarelas e douradas enfeitavam os gramados e haviam arbustos podados em formato de triângulos.

             O homem de cabelos dourados se encaminhou para a porta principal. Antes que chegasse mais perto, a mesma se abriu e outro sujeito mais atarracado, vestindo um smoking preto veio ao seu encontro. Eles se cumprimentaram rapidamente e entraram na casa.

           "Bem vindo de volta, Mestre! Folgo em vê-lo novamente..." – disse o homem mais baixo, curvando-se em sinal de respeito. "Está tudo exatamente como deixou..."

             "É bom estar de volta, Sebastian! Eu sabia que você não me decepcionaria..." – respondeu o Mestre.

              "Desculpe-me perguntar, senhor... o que faz com esse humano?" – Sebastian perguntou hesitante, ao ver o que seu mestre carregava.

             "Preciso de ajuda... eu o encontrei na floresta! Não sei o que fazer com ele. Ele não está nada bem..." – respondeu o Mestre.

             "Permita-me..." – Sebastian aproximou-se e pôs a mão na testa do garoto desmaiado. "Ele está queimando de febre... precisa de remédios para combater a febre, além de um bom banho quente."

              "Você entende dessas coisas de humanos, Sebastian?"

              "Sim, mestre... durante vossa ausência, eu observei os humanos e aprendi muito sobre eles. Até estive em sua cidade, disfarçado, várias vezes." – Sebastian revelou. "Devo dizer que foi até divertido... aprendi o que comem, como se divertem, o que fazem, enfim, tudo!"

             "Então me ajude a cuidar dele. Eu nem sei por onde começar..."

             "Primeiro, temos que lhe dar um banho quente..." – começou Sebastian, dirigindo-se para o banheiro de um dos quartos e abrindo as torneiras de uma banheira de mármore. "Enquanto o senhor faz isso, eu vou até a cidade arranjar o que precisamos: remédios para a febre e a dor, algumas roupas limpas e também, comida."

              "Providencie tudo o que for preciso, Sebastian... e seja discreto!"

              "Pode deixar comigo, senhor! Eu não demoro..." – num instante, ele desapareceu.

              Enquanto esperava a banheira encher, ele deitou o garoto desmaiado sobre a cama. Pegou duas toalhas felpudas e deixou no banheiro. Com cuidado removeu as roupas dele, percebendo as manchas avermelhadas em suas nádegas. Seus pulsos também pareciam esfolados e havia resquícios de uma substancia branca gosmenta em seu pescoço. Uma olhada melhor e confirmou o que suspeitava...

                Ele ficou furioso ao perceber o que era essa gosma no pescoço do garoto. Teve vontade de sair imediatamente para matar alguém... mas, mudou de idéia. Primeiro, precisava cuidar dele, depois cuidaria do responsável pelos machucados no corpo do garoto.

             Com cuidado, ele o colocou na banheira e o lavou. Esfregou seu corpo com uma esponja macia e o enxugou com uma das toalhas. A outra usou para embrulhar o corpo dele. Assim que saiu do banheiro, o mordomo havia voltado.

              "Aqui está, senhor... trouxe remédios e algumas peças de roupa. Vou fazer um chá para ele beber com o remédio. Ajudará a aquecer e o hidratará, também!"

            "Ele está com alguns machucados de agressão... está com os pulsos esfolados e alguns hematomas pelo corpo. E os joelhos estão arranhados."

            "Vou trazer o chá e o estojo de primeiros socorros..." – disse Sebastian saindo.

             Ele vestiu o garoto com as roupas deixadas sobre a cama: um conjunto de moletom leve, camiseta azul e cueca boxer, além de um par de meias. Depois o deitou na cama e o cobriu com um cobertor felpudo. Assim que o mordomo trouxe o chá, ele o ajudou a beber, junto com o analgésico e o antitérmico. O mordomo cuidou dos pulsos machucados do garoto. Depois, eles o deixaram em paz.




          Ps. Não possuo a imagem acima... Peguei emprestada do Pinterest e desconheço o seu criador.

A Culpa de Um InocenteOnde histórias criam vida. Descubra agora