Mandado Ao Exílio

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                A poucos dias do fim das aulas, Dipper teve outra surpresa desagradável... Dessa vez, não foi com as amigas da Mabel, e nem com os valentões de plantão. E também não foi com alguns dos rapazes da escola, que costumavam provocar Dipper. O problema foi com o namorado da Mabel, aliás, ex-namorado... Sim, pois Mabel e Rick terminaram o namoro e Mabel culpou Dipper por isso.

             A discussão foi feia. Dipper ainda tentava entender a razão da fúria de Mabel, quando seus pais chegaram em casa e presenciaram tudo...

            "A culpa é sua, Dipper!" – vociferou Mabel.

           "Minha culpa? Por que eu tenho culpa se você e Rick terminaram?"

           "Você estragou a minha vida... sempre você!" – ela acusou. "Se você não fosse assim... todo recalcado e antissocial."

            "Eu só não gosto de sair para ir a festas, como você! Eu prefiro ficar na minha... com meus livros e meus jogos on-line." – Dipper se defendeu.

             "Não! Você é assim porque você é gay!" – Mabel cuspiu.

              Nesse momento, seus pais entraram na sala. Ambos olharam para seus filhos, com os olhos arregalados e o pai perguntou:

             "Que história é essa, Mabel? Como você pode dizer que seu irmão é gay?"

              "Eu não queria falar nada... mas é verdade! Todo mundo na escola comenta que o Dipper é gay!" – Mabel respondeu, abaixando a cabeça.

              "É mentira! Eu não sou gay!" – Dipper retrucou.

              "Ah, não é?! Você foge das garotas, aliás, não vi você paquerar nenhuma garota, desde que voltamos para casa depois daquele verão. E esqueceu que vi você com o meu namorado e ele estava sem camisa..." – Mabel respondeu, venenosa.

              "Aquilo foi um acidente... eu expliquei tudo e Rick confirmou."

              "Claro que ele iria confirmar... afinal, ele está apaixonado por você!" – Mabel contou, começando a chorar.

             "Dipper? Isso é verdade? Você seduziu o namorado da sua irmã?" – o pai se aproximou.

             "Não, pai... eu não fiz isso!" – Dipper negou. "Eu sou hétero... e depois, jamais se envolveria com alguém comprometido. Eu não sou um fura-olho."

           "Não acredita nele, pai... As minhas amigas me disseram que o Dipper não gosta de garotas. Elas ficaram chateadas quando ela as rejeitou." – Mabel falou, piorando ainda mais.

             "Aquelas suas amigas, Mabel, não passam de umas vagabundas que não respeitam os próprios namorados!"- Dipper deixou escapar, sem querer.

             "Olha como ele fala das minhas amigas, mãe!" – Mabel choramingou e se jogou nos braços da senhora Pines.

             "Já chega, mocinho..." – o senhor Pines esbofeteou Dipper com força que o derrubou no chão. "Vá para seu quarto e arrume suas coisas! Hoje mesmo você vai para Gravity Falls! Eu vou ligar para tio Stanley e avisar que você está partindo agora."

            "M-Mas... e a escola? Eu preciso..." – Dipper gaguejou, levando a mão ao rosto machucado.

            "Você já está aprovado... esses últimos três dias não farão nenhuma diferença. Vou falar com a diretoria e explicar tudo! Menos a parte sobre a sua sexualidade... seria uma vergonha! Um filho gay!"

           "Mãe..." – Dipper olhou para sua mãe, que ainda abraçava Mabel.

           "Obedeça ao seu pai, filho... eu lhe levarei até a rodoviária, assim que Mabel se acalmar." – disse a mãe, levando Mabel para o quarto.

             Dipper se levantou e, com lágrimas nos olhos, foi para seu quarto. Sem perder tempo, ele arrumou sua mala. Pegou também os seus livros e objetos de estimação. Carregou o que podia colocar na mala e o resto na sua mochila. Com a bagagem arrumada, olhou em volta para se despedir de seu quarto.

              Agora ele moraria em Gravity Falls. Seria ótimo voltar para lá... Rever seus tios-avôs, os amigos, a floresta – seria muito bom. E sem contar que poderia estudar lá. Enxugando as lágrimas, ele saiu e fechou a porta. Era hora de começar uma nova vida... e com novas aventuras e estranhezas. Tivô Ford ficaria feliz em ter ele ao seu lado em suas pesquisas.

             Esse pensamento a animou enquanto se acomodava na poltrona do ônibus que o levava para Gravity Falls.



             Quando Dipper chegou, Ford o aguardava. Ele ficou feliz em rever o sobrinho-neto. A Cabana do Mistério parecia igual, como ele se lembrava... e o quarto também! Tivô Stan continuava com a sua loja, uma autêntica armadilha para turistas. E Soos, ainda o auxiliava.

            Ele guardou as suas coisas e foi dar uma volta na floresta, para rever o lugar. Entre as coisas que viu, uma lhe chamou a atenção: era a estátua de Bill Cipher. O demônio triangular estava em uma posição estranha com a mão esticada, como se quisesse propor um último acordo. Dipper sentiu um arrepio passar por sua espinha quando se aproximou dela. Rapidamente, se virou e voltou para casa.

            Durante o jantar, Dipper contou que pretendia estudar em Gravity Falls. Stan o olhou com desconfiança, mas Ford achou a idéia ótima.

             "Claro que vou ajudar vocês, enquanto ficar por aqui..." – disse Dipper. "Só preciso mandar vir meus documentos escolares para me matricular na escola daqui... isso só será possível no ano que vem, quando as atividades recomeçarem."

             "É verdade, Dipper... eu vou ligar para lá, amanhã e pedir os papéis de transferência. Assim que chegarem, eu mesmo farei a sua matrícula." – disse Ford.

            "Obrigado, tivô Ford..." - Dipper sorriu. 

           Tudo estava se ajeitando da maneira que imaginara...










                    Ou não?

A Culpa de Um InocenteOnde histórias criam vida. Descubra agora