Morando Com o Inimigo

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            Logo, Dipper percebeu que Bill não era tão mau assim... Ele era excêntrico. Tinha umas manias meio estranhas. Ele ficava sempre perto de Dipper, quando estava lendo na biblioteca. À vezes, perguntava sobre algo que não entendia sobre o comportamento humano. Um detalhe curioso no comportamento de Bill era o fato de, todos os dias, sair bem cedo e não dizer aonde ia ou o que ia fazer. Dipper preferiu não perguntar. Se Bill quisesse, ele mesmo contaria.

            Um dia, Bill levou Dipper até uma cidade vizinha. Foram fazer umas compras. Primeiro, foram uma loja de roupas. Bill mandou que Dipper escolhesse algumas calças jeans, bermudas e camisetas. Compraram também um casaco grosso, duas blusas de moletom e dois pijamas de mangas curtas. A compra foi completada com mais uns pares de meias e cuecas boxers.

             Depois foram até uma loja de calçados e compraram dois pares de tênis All Star, um par de chinelos e um par de pantufas. Sebastian os acompanhou e assim que terminava de comprar o necessário em cada lugar, ele mandava as compras para casa discretamente, usando o teletransporte.

            No final, Bill quis experimentar um sorvete e quase congelou o estômago. Ele comeu demais, de novo... Dipper tinha que explicar que, por mais que fosse gostoso, não devia exagerar para não adoecer. Nesse ponto, Bill parecia uma criança.

            Naquela noite, eles ficaram na sala, até tarde, assistindo filmes e comendo pipocas... Dipper acabou por adormecer ali mesmo. Bill, então o levou para o quarto e o colocou na cama. Dipper resmungou algo e continuou dormindo. Antes de sair, Bill deu-lhe um beijinho na testa e sussurrou:

            "Obrigado, Pinetree... por tudo!"

           No dia seguinte, Dipper se surpreendeu ao acordar na própria cama. Após lavar o rosto, ele foi até a cozinha e encontrou Sebastian preparando o café da manhã.

           "Bom dia, jovem Dipper... eu já ia levar o seu desjejum!"

           "Bom dia, Sebastian!" – respondeu Dipper. "Não é necessário. Eu agradeço. Na verdade, prefiro comer na cozinha, mesmo..."

            "Como desejar..." – disse Sebastian, colocando uma jarra com suco sobre a mesa.

           "Bill ainda está dormindo, Sebastian?"

           "Oh, não... Mestre Bill saiu bem cedo! Ele ia sair de estômago vazio... mas eu o convenci a comer algo. Falei que saco vazio não pára em pé, como dizem por aí..."

           "Espero que ele não esteja procurando encrenca..." – comentou Dipper, servindo-se de café.

           "Ah, jovem Dipper... O Mestre não está procurando encrenca... ele está resolvendo uns problemas que ficaram pendentes por causa do Estranhagedon." – Sebastian revelou. "Se tudo correr bem, ele não precisará mais ficar indo todo dia para lá..."

           "Lá? Lá aonde?" – Dipper ficou curioso.

            "Acho que falei demais... desculpe, não posso falar sobre isso. Mestre Cipher vai explicar quando puder." - Sebastian respondeu envergonhado por ter falado demais.

            "Eu é que peço desculpas, Sebastian... não quis ser indiscreto!" – Dipper se desculpou. "Espero que Bill não brigue com você por isso..."

          "Não se preocupe, jovem Dipper. Eu sirvo ao Mestre Bill há milênios... e ele confia muito em mim!"

           Após o café, Dipper quis ajudar lavando a louça. Mas Sebastian disse que não precisava. Ele estalou os dedos e num instante a cozinha ficou limpa.

          "Tudo bem, Sebastian... mas eu quero fazer algo também! Que tal me deixar fazer o almoço, hoje? Assim você poderá experimentar o meu tempero e talvez aprender um prato novo."

           "Se deseja fazer isso, eu concordo! Mas eu faço a sobremesa... queria experimentar uma receita de um manjar de coco com calda de abacaxi."

          "Combinado, então!" – Dipper sorriu, feliz com a oportunidade de retribuir ao cuidado do mordomo.

           Quando Bill voltou, mais tarde, ouviu risadas na cozinha. Ao se aproximar, ouviu Sebastian contando uma história sobre um conhecido seu, que era um desastre na cozinha.

           "E então, a panela explodiu... e o almoço foi parar no telhado!" – contava ele, rindo.

             "Ah, ah, ah, ah... e o que ele estava cozinhando? Ensopado de dinamite?" – Dipper estava com lágrimas nos olhos de tanto rir.

             "Na verdade, eu estou exagerando... o almoço não parou no telhado, porque não sobrou telhado para isso! Ah, ha, ah, ah, ah, ah..." – Sebastian gargalhou, com gosto.

             Dipper largou a faca e começou a se contorcer de tanto rir... sua risada, cheia de inocência, parecia música para os ouvidos de Bill. Ele se afastou devagar e sorriu de satisfação. Seu pequeno Pinetree estava sorrindo novamente. Agora não iria demorar muito... Logo, ele aceitaria o acordo e então, Bill teria o garoto para si, eternamente.

            Bill sabia que não faltava muito... Talvez um passeio em algum lugar divertido fosse ajudar. Um parque de diversões seria uma boa idéia. Há quanto tempo, Pinetree não ia a um lugar assim?



             Mabel estava furiosa... fazia mais de uma semana de Dipper havia desaparecido e durante esse tempo, ela teve que fazer diversas tarefas. Sem o irmão para cuidar da Cabana, sobrou para ela fazer isso. Felizmente, ela não precisava cozinhar. Uma das razões era que ela era uma negação na cozinha. Então a namorada de Soos, Melody, cuidava da cozinha. Tivô Stan teve que contratar ela para fazer isso... Era isso ou ele teria que fazer a comida ele mesmo. E reclamava por causa dessa despesa extra.

             Ela havia avisado às amigas e conhecidas, mas por enquanto, não havia nenhuma novidade. Dipper havia sumido sem deixar pistas. Tivô Ford dissera que havia a possibilidade dele ter sido morto ou raptado por Bill Cipher. Bem, se o demônio não matou Dipper, Mabel faria isso... e ela faria com suas próprias mãos!

            Ford passava os dias praticamente no laboratório, só saindo para comer e, à vezes, dormir. Quando não dormia no laboratório, mesmo. Ele também foi diversas vezes para a floresta, a fim de verificar algumas leituras. Mas são conseguiu descobrir mais nada. Se Bill Cipher estava de volta, devia estar bem escondido. Ford suspeitava de uma brecha no espaço-tempo, porém não conseguia localizar com precisão essa anomalia.

             Sua última tentativa foi tentar fazer uma triangulação, tendo como base a clareira da estátua e a Cabana do Mistério. Havia diversos pontos energéticos, porém era impossível verificar todos eles. Ele precisava de uma nova referencia. E só seria possível, se alguém visse o demônio ou Dipper, pelo menos. Isso, se Dipper ainda estivesse vivo...

              Quando comentou sobre sua suspeita, Mabel lembrou-se de algo: ela recebera fotos de uma conhecida nas redes sociais. Em várias das fotos, a garota aparecia em frente a lojas de um centro comercial, em outra cidade. Quando Mabel transferiu os arquivos para seu Notebook, uma foto lhe chamou a atenção. Ela visualizou melhor e percebeu duas pessoas ao fundo da imagem. Eram dois rapazes: um era alto e tinha cabelos dourados e o outro, mais baixo, tinha cabelos castanhos.

              Mabel tinha quase certeza que o rapaz moreno era seu irmão desaparecido... a imagem não era muito boa. Ela mostrou para Ford, que levou o aparelho para o laboratório e analisou com cuidado. Ford confirmou as suspeitas de Mabel: Dipper estivera naquele local, dias atrás. Uma boa noticia - pelo menos sabiam que estava vivo. E, provavelmente, o outro era o demônio em uma forma humana.

             Agora, tinham uma boa pista... e a confirmação do que suspeitava. Bill Cipher estava de volta e Dipper estava em suas mãos. Ford anexou essa informação à lista de pesquisa. Mais um ponto para averiguar. 

A Culpa de Um InocenteOnde histórias criam vida. Descubra agora