Abrindo o Coração...

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                Dipper ainda dormia, quando Bill entrou no quarto, na manhã seguinte. Ele trazia uma bandeja com o desjejum. Após colocar a bandeja sobre a mesinha, Bill se aproximou e admirou o garoto dormindo. Ele ainda abraçava o urso de pelúcia. Parecia quase um bebezinho, só faltava estar chupando o dedo. A imagem era tão fofa que Bill tirou algumas fotos com seu celular.

            Quando guardou o telefone, Bill percebeu que Dipper estava ficando agitado. Ele estava tendo um sonho ruim... Dipper começou a se debater e a chorar, murmurando:

            "N-Não... p-pára... não... eu não... quero! P-Por favor, n-não... me machuque mais... eu faço o que você quiser!"

             Bill, ao ouvir essas palavras, compreendeu o que havia acontecido. Dipper estava sonhando com quem o havia machucado. Com cuidado, ele o sacudiu suavemente para acordá-lo.

             "Pinetree... acorde! Não é real, pequeno... é um pesadelo!" – Ele sentou-se sobre a cama e puxou Dipper para um abraço. Depois, acariciou os cabelos dele, sussurrando:

             "Está tudo bem... eu estou aqui! Ninguém vai te machucar, Pinetree... eu não vou deixar!"

            Dipper se debatia com o pesadelo em que Stan o espancava e abusava dele, quando sentiu que alguém o abraçava com força. A voz suave de Bill entrou em sua mente e o fez acordar. Nesse momento, ele o abraçou também, chorando desesperadamente. Sem falar nada, Bill deixou que Dipper chorasse à vontade enquanto acariciava seus cabelos. Logo, ele estava deitado no colo de Bill e sendo embalado como um bebê.

             "Shhhhh... Shhhhh... não tenha medo! Eu vou te proteger... Shhhhh!" – Sussurrava Bill com carinho. Aos poucos, o garoto assustado se acalmou e abriu os olhos.

               "Bill? Você... está aqui?"

               "Eu sempre estarei aqui, meu pequeno Pinetree... sempre!" – Bill sorriu docemente, dando-lhe um beijinho na testa.

              "D-desculpa..."

             "Ei, não precisa se desculpar... foi um pesadelo! Você não tem culpa de nada! Os únicos culpados são aqueles que fizeram mal para você... que te fizeram chorar! Você já sofreu demais, Pinetree... e sem merecer!" – Bill enxugou as lágrimas de Dipper com muita delicadeza.

              Dipper permaneceu calado, sentindo conforto nos braços de Bill. Fazia tempo que não recebia carinho... e ele estava sentindo falta disso. De novo, ele encontrara conforto e carinho nos braços de seu antigo inimigo... Chegava a ser quase irônico.

             "Quer falar sobre isso, Pinetree?" – murmurou Bill, quebrando o silêncio. "Pode falar, que eu vou lhe escutar. Eu estou aqui para te ajudar."

              "Nem sei por onde começar..." – Dipper respondeu com tristeza.

               "Comece do princípio... fale tudo o que estiver te sufocando. Você precisa desabafar, Pinetree! Só assim, você se libertará do que lhe atormenta. Só assim, você estará pronto para recomeçar... Eu não vou te censurar, se resolver praguejar ou amaldiçoar alguém. Apenas desabafe... vai se sentir melhor!" – Bill o incentivou.

              Aos poucos, Dipper começou a falar... Contou tudo, desde o fim do Estranhagedon. Contou o que acontecia na escola e em sua casa. Falou sobre os assédios e as agressões sofridas. Contou sobre a sua expulsão de casa por seu pai homofóbico; a exploração por parte de Stan; as humilhações causadas por Mabel e por fim, o que acontecera na noite em que desmaiara junto à estátua de Bill, quando implorou para morrer logo.

A Culpa de Um InocenteOnde histórias criam vida. Descubra agora