DEZ

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"Vem, Lois!", Frank ouviu a voz de Gerard lá fora, no quintal e apressou seu passso para atravessar a porta de vidro. Olhou para suas mãos e viu as duas canecas pretas com café. Sorriu. Gerard acariciava a barriga da cachorra, que havia se jogado no chão para ele - enquanto segurava um cigarro com a outra mão. "Que menina mais linda", ele falava com Lois usando aquele tom de quem fala com animais.

Frank assistia à cena com o coração explodindo de amor, com alívio de que tudo finalmente tinha dado tão certo. Que ele e Gerard agora tinham uma rotina e faziam parte da vida um do outro. Sem querer atrapalhar a interação entre os dois, aproximou-se com calma, fechando os olhos para evitar a claridade do sol da manhã. O cabelo de Gerard estava bagunçado e caía sobre seu rosto porque ele se inclinava para acariciar Lois.

"Oi, amor", disse Gerard quando viu que Frank se aproximava. "Dormiu bem?", Frank lhe entregou uma das canecas e deu um beijo nos seus lábios. Rotina.

"Melhor impossível. E você, Gee?". Ele perguntou, achando um pouco estranho que usava o apelido - inédito até então - com o namorado. "Na verdade, tô lembrando agora que tive um sonho bizarro", disse divertido.

"Ah, é? Com o que você sonhou?", Gerard apoiou a caneca no chão para pegar o brinquedo de Lois e atirá-lo para longe. A cachorra saiu em disparada. Deu espaço para que Frank se sentasse ao seu lado na espreguiçadeira à beira da piscina.

"Foi estranho... Tudo muito desconexo. Primeiro, a gente tava na sala da Miranda e tava discutindo", Frank disse com um tom despreocupado. Gerard enlaçou sua cintura e afundou o rosto na curva de seu pescoço, respirando fundo e fazendo-o se arrepiar com a leve sensação de cócegas.

"Que estranho", Gerard murmurou contra a sua pele.

"Muito!", retrucou Frank, fechando os olhos quando começou a sentir que Gerard abria seus lábios e começava a espalhar beijos por seu pescoço. Aquilo levava Frank à loucura. "Hmmm... Mas o mais estranho é que você estava com o Ville", riu baixo, deixando-se levar pela sensação deliciosa.

"Ville?", perguntou a voz, que não era mais de Gerard. Frank, assustado, abriu os olhos e se afastou um pouco para ver. Era Brian. "Quem é Ville, amor?". Brian lançava seu olhar doce, um sorriso divertido nos lábios.

"Brian? Mas-" ele perguntou, assustado, tentando se desvencilhar dos braços de Brian. Tudo errado ali. Não era Brian quem protagonizava aquela cena, era Gerard.

O despertador tocou.

Merda, era um sonho.

Frank esticou o braço sobre a mesa de cabeceira para desligar o despertador do celular que furava seus tímpanos e cobriu o rosto com a cabeça. Seus sonhos com Gerard eram sempre assim, o que poderia ter sido. Nos sonhos, a vida tinha seguido o seu curso e o relacionamento dos dois não poderia estar melhor. Era uma piada de mal gosto que sua mente lhe pregava.

Era óbvio que ia sonhar com Gerard aquela noite porque ele ia se reunir com ele para discutir o tratamento do paciente que eles tinham em comum. Ele sabia que o melhor a fazer pelos dois e seu finado relacionamento era mandar Astrid em seu lugar. Ela era competente o suficiente - as vezes, ele achava que era até melhor que ele, apesar de jamais admitir -, dava-se bem com Gerard e não tinha o passado que eles tinham. Mas ele precisava ver Gerard, ficar perto dele, poder olhar para sua boca se mexendo enquanto ele falasse, ouvir sua voz. Nos últimos tempos, ficar perto de Gerard era cada vez mais raro.

Foi então que vestiu sua melhor camisa (que ficaria escondida pelo jaleco, mas ele pouco se importava com aquilo), suas botas favoritas, arrumou o cabelo no topete que fazia todo mundo virar o pescoço para olhá-lo e foi trabalhar.

Gays Anatomy [FRERARD]Onde histórias criam vida. Descubra agora