Sagitta

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POV Draco Malfoy 

Andava compulsivamente pelo dormitório ainda vazio. Como pude ser tão impulsivo e imprudente desse jeito?! Eu nunca me preocupei com ela e agora escrevo cartas? 

Patético Draco!

Muito patético.

Tá certo que me senti meio mal com o fato de Granger sumir depois do nosso "momento" na biblioteca, mas ela não podia saber disso. Não que eu considerasse algo, mas foi estranho. Além disso, sem ela presente eu fui alvo de azarações. Ninguém respeitava Theo, Blás ou Pansy e eu não podia fazer nada já que estava sendo observado pelo Ministério. De qualquer maneira, eu precisava saber do paradeiro dela, afinal, eu tinha algo em mente e não conseguiria por em prática sem ela. 

Era isso. 

Um sorriso surgiu no canto de minha boca.

Eu não me preocupava com ela, ou com o fato de ela gostar de mim (ou não), só estava angustiado com a possibilidade dos meus interesses não serem defendidos.
Suspirei de alívio.
Um barulho no vidro tomou minha atenção e toda tranquilidade que tinha acabado de conseguir se esvaiu. Abri a janela, peguei a carta e o cheiro doce me paralisou por longos segundos e um questionamento veio em minha mente: será que ela perfumou o pergaminho antes de enviá-lo para mim?!
Normalmente eu não gostava de cheiros  adocicados, mas a mistura de baunilha com um leve toque de frutas vermelhas era um dos melhores cheiros que já senti em toda minha vida. A realidade chegou subitamente até mim, eu não devia estar pensando no quão bem cheirava Hermione Granger, eu devia estar lendo a droga da carta que permanecia em minhas mãos, perigosamente perto do meu rosto. Abri rapidamente.

Querida doninha albina, lamento por deixá-lo nas mãos de crianças maldosas e cruéis que mal aprenderam a lançar feitiços. Sinto muito por decepcioná-lo, mas você errou feio em todas as possibilidades..  e estar feia?! Isso é sério?! Não tenho nenhum crédito com você?! Bom, para sua tranquilidade estou viva e já me sinto plenamente capaz de retomar meu posto como sabe-tudo durante as aulas. Falarei com alguns alunos e com a Minerva sobre as azarações e espero que isso solucione seu problema. Creio que essa carta auxilie na recuperação de sua sanidade mental… tenha uma boa noite!

Atenciosamente, sua heroína:

Hermione Granger.

Minha boca esboçou um sorriso ao ler "sua heroína", mas me contive, eu preciso me manter profissional. Dei um biscoito para a velha coruja negra enquanto ela entrava pela janela. Peguei o tinteiro, minha pena e um pergaminho, pensando no que escrever em resposta e como convidá-la para um lugar mais reservado em Hogsmeade. A possibilidade de ela negar a esse convite mexiam com a minha cabeça.

Era Hermione Granger, uma das pessoas que mais desejei mal em toda minha vida. Mas mesmo assim, ela se mostrou compreensiva e disposta a me dar outra chance. Talvez por que ela visse em mim seu próprio reflexo. Eu não a conhecia bem, mas poderia facilmente dizer que ela está tão quebrada quanto eu.

Ela não ia negar.

Eu esperava que não. 

Minha querida Granger, fico feliz que esteja viva, caso contrário não sei quem mais eu poderia presentear com a minha doce companhia. E sim, você tem alguns créditos comigo, mas não pelos motivos certos ;). Fico grato pela sua ajuda, mas não sou um homem que aceita favores. Por isso, quero convidá-la para me encontrar amanhã no Três Vassouras, eu pago. Tenho um assunto que pode te interessar.

Atenciosamente, seu loiro preferido:

Draco Malfoy.

Fui sucinto e direto com as minhas palavras, não poderia fazer a proposta por carta, minhas habilidades de manipulação seriam distorcidas. Terminei de dobrar o envelope e o entreguei à coruja negra. Esperava por uma resposta antes dos meninos retornarem ao dormitório. Havia mentido que estava com mal estar para poder escrever tranquilamente.
Fechei a janela e abri um livro.

POV Hermione Granger

Haviam se passado alguns minutos e eu me repreendia mentalmente por ter respondido tão informalmente. Era Draco Malfoy, afinal, não era meu amigo, mal era alguém que gostava de mim. Mas ainda assim, havia se preocupado o suficiente para escrever. Além disso, as coisas estavam diferentes essa semana. Lembrei de como ele se mostrou uma dupla perfeita na aula de feitiços, de como ele me ajudou a fugir de Harry sem insistir para que eu explicasse meus motivos… e lembrei da maneira que ele me encarou na biblioteca, com as pupilas dilatadas, como alguma demonstração de afeto. Talvez estivéssemos mesmo construindo uma amizade. Respirei fundo e andei por todo dormitório, esperando que sua resposta (se é que ele enviara alguma) chegasse logo.

Ainda encarava o vidro da janela quando os olhos azuis da velha coruja restauraram a minha paz. Meu olhar foi em direção ao bico, onde ela, para meu alívio, carregava uma carta. Abri rapidamente e tomei o pergaminho em minhas mãos, lendo-o de uma só vez. Eu não estava enganada, Draco Malfoy estava realmente mudando e não pude deixar de sorrir ao imaginar quais seriam os "motivos". Mas não mentiria para mim mesma a ponto de ignorar a última parte de sua carta: "Tenho um assunto que pode te interessar".

O que poderia ser?! 

Será que era algo relacionado à Harry?!

Será que ele havia descoberto tudo?!

Minha respiração ficou pesada e larguei o papel sobre a mesa.
Será que era um encontro?!
Meus pensamentos foram interrompidos por uma Gina totalmente paralisada com o pergaminho que Malfoy tinha acabado de enviar nas mãos.
- Eu… eu não devia ter lido, eu só… fiquei pensando - ela soltou a carta na cama - pelo seu estado, achei que fosse algo sobre seus pais.
- Ginny, tudo bem… isso não é nada demais. Só estava pensando no que responder - dei um sorriso fraco.
- Hermione, eu não gosto disso… ele - ela apontou para o papel aberto - o que ele quer com você? 
- Ele só queria saber como eu estava - respondi e ela franziu o cenho - ele comentou que não tinha me visto na aula e só quis saber se eu estava bem.
- Eu não confio nele Mione... e não foi exatamente o que pareceu.
- Malfoy está tentando Gina - encarei seus olhos castanhos - é difícil acreditar, mas por qual outro motivo ele se preocuparia comigo? - peguei o papel e o tinteiro.
- Você não está bem - ela sentou ao meu lado - olha para mim, ele tem algo em mente Mione… ele nunca faz nada sem ganhar algo em troca - ela pegou minhas mãos - você o conhece caramba!
- Ginny, eu entendo a sua preocupação… mas eu não estou me iludindo com Malfoy. Só que sim, eu acredito que ele esteja tentando melhorar e eu quero dar uma oportunidade para isso.
Ela me soltou e levantou da cama andando de um lado para o outro.
- Você sabe o que faz, mas por favor, tome cuidado - ela pegou um pacotinho do bolso do uniforme - eu peguei para você, por favor coma! - disse antes de sair do dormitório.
- Obrigada! - disse mais para mim que para ela.
Peguei o sanduíche e o desembalei, enquanto refletia sobre o que Gina tinha falado. Lógico que não era um encontro e eu era uma idiota por pensar que pudesse ser. Eu imaginei que ele tivesse algo em mente, mas será que ele seria capaz de me prejudicar?! Mordi um pedaço do pão e notei que a coruja ainda me encarava, esperando por uma resposta. Mas eu não sabia o que escrever.

O que eu diria?!

Eu deveria ir encontrá-lo?!

Como seria sair com Draco Malfoy em um "não encontro"?!

Respirei fundo novamente e fiquei um pouco tonta, não devia ter ficado tanto tempo sem comer. Peguei a pena.

Draco Malfoy...

Mais brilhante que as estrelasOnde histórias criam vida. Descubra agora