Capítulo 6

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Os ovos crus que a Sra. Deinert despejava para fora das cascas até caírem dentro da taça com leite eram feitos com tanta urgência que a mulher quase deixou cair um pedaço da casca junto. Precisava se recuperar do tanto que bebera na noite anterior com uma vitamina extra-forte. A cabeça da velha doía de tal forma que deixava seu humor pior do que em qualquer outro dia, e Hina tocando em seu piano logo de manhã cedo apenas ajudava para que as dores em seu crânio se intensificassem.

— Hina, por favor — Ela pediu, a voz um tanto rouca.

As irmãs Deinert estavam todas meio grogues e sonolentas, Joalin não pode evitar dar quase dois bocejos seguidos enquanto passava a manteiga no pão.

Enquanto o Sr. Deinert se concentrava em ler o jornal matinal em sua cadeira na ponta da mesa, o Sr. Collins descia as escadas um tanto acuado, parecia mais esquisito que o normal.

Ao parar ao lado da mesa, logo atrás da cadeira da Sra. Deinert, ele pigarreou, chamando a atenção de todos. Ninguém lhe dera ouvidos, então resolveu chegar mais perto.

— Sra. Deinert, gostaria de saber se não se incomodaria se eu pedisse um momento a sós com a Srta. Sina ainda esta manhã.

Sina largou a faca por cima do prato, encarando o homem assustada. Any quase engasgou com o chá que tomava.

— Tudo bem. Certamente — A mulher respondeu de forma gentil. Era como se seu mau humor tivesse sido absorvido instantaneamente. Sina trocou um olhar arregalado com Any, que estava ao seu lado. Sabia que estava perdida. — Si ficará muito feliz. Todos para fora.

E então a Sra. Deinert se levantou, puxando cada uma das filhas pelo braço para fazerem o mesmo. Sina entrou em um desespero evidente, negando incrédula com a cabeça.

— O Sr. Collins gostaria de ter um encontro privado com sua irmã — A velha instigava enquanto empurrava as meninas.

— Esperem, eu imploro! O Sr. Collins não pode dizer nada que não possam ouvir! — Sina suplicou, agarrando em um dos braços da mãe.

— Não seja boba, Si. Gostaria que ficasse onde está. Todos os outros para a sala de estar. Sr. Deinert?

— Mas... — Ele olhou hesitante para a mulher.

— Agora.

A única na mesa além do homem ainda era Any. Sina segurou na mão da irmã, que a olhava com pena.

— Me ajude, Any. Any, me ajude — sussurrou para a mais velha. — Por favor, não.

Mas antes que a morena pudesse dizer qualquer coisa, a Sra. Deinert já havia a puxado para fora.

Sina olhou para a ponta da mesa, buscando por seu único socorro que restara. O Sr. Deinert estava arrastando sua cadeira para frente já de pé, olhando a filha como se tivesse recebido a notícia de que ela estava morrendo.

— Papai, fique. — Sussurrou. Era sua última esperança.

Mas com um olhar triste e relutante, o homem acabou lhe dando as costas, e seguiu para fora da sala de jantar.

E então tudo ficou em silêncio. Ela não ousava encarar o Sr. Collins nem tão pouco mexer um músculo sequer.

Estava com os olhos fixos e cabeça baixa para o prato em cima da mesa, quando notou o homem colocar uma pequena flor ao lado do objeto. Ela engoliu em seco, e ele cortou o silêncio de repente.

— Cara Srta. Sina, estou certo de que minhas intenções foram claras demais para serem ignoradas. Assim que entrei nesta casa, a escolhi como minha companhia para minha vida futura.

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