Capítulo 8

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Sina corria tanto que sentia que os pulmões pudessem explodir. Precisava ficar sozinha, precisava ir para longe e refletir sobre tudo.

A chuva caía como se não houvesse amanhã, e ela tentava prestar atenção para não pisar na barra do próprio vestido. Mas sua mente estava tendo que processar tudo muito rápido.

Finalmente parou, chegando embaixo de uma enorme estrutura erguida por grandes pilastras. A barra do vestido estava um desastre, o chapel havia sido retirado de sua cabeça e ela tentava recuperar o fôlego encostada na parede mais próxima.

Ouviu passos rápidos vindo ao seu encontro. Quando o viu, pulou de susto. Noah Urrea estava parado diante dela agora, pouco menos de meio metro afastado. Estava tão encharcado quanto ela, as roupas grudadas no corpo, o cabelo pingava e a respiração dele também estava ofegante.

Ela ia começar a dizer qualquer coisa, literalmente qualquer coisa para que ele sumisse dali, mas ele foi mais rápido.

— Srta. Sina.  Eu lutei em vão e não posso mais suportar. Estes últimos meses têm sido um tormento. Eu vim para Rosings com a única intenção de vê-la. Eu tinha que vê-la. Eu lutei contra o bom senso, a expectativa de minha família, a inferioridade de seu nascimento e minha classe social. Estou disposto a deixar tudo de lado e lhe pedir para pôr fim à minha agonia.

Sina estava confusa. Tão confusa que se esquecera que estava com raiva.

— Não entendo.

— Eu a amo. Ardentemente.

A boca de Sina não podia se abrir mais.

— Por favor, me dê a honra de aceitar minha mão.

Estava totalmente embasbacada. Não conseguia responder, e se sentia abalada por ver o Sr. Urrea carrancudo que conhecia agora em sua frente, suplicando por ela. Mas sentia sua cabeça latejar. Tantas informações jogadas ao mesmo tempo para cima de si, tantas revelações, aquele homem que ela não conseguia deixar de encontrar por acaso nos últimos meses chegando até ela e lhe dizendo insultos enquanto supostamente se "declarava" e aquele vestido molhado grudando-lhe no corpo. O vestido. A chuva. Ela se lembrou do porquê estava toda molhada, ali no meio do nada e de frente para ele. Percebeu com rapidez o quanto ele havia deixado claro o quanto a acha inferior.

De repente sua raiva voltou completamente, e ela conseguiu lhe responder sem muita cerimônia.

— Senhor, eu aprecio a agonia por que tem passado e sinto muito por ter lhe feito sofrer. Acredite, foi feito inconscientemente.

Ele a fitou, a boca entreaberta. Após alguns segundos, disse:

— Essa é sua resposta?

— Sim, senhor.

— Está zombando de mim?

— Não.

— Está me rejeitando? — Era mais uma acusação do que uma pergunta.

Sina perdeu a paciência.

— Sei que os sentimentos que, como disse, afetaram sua estima, o ajudarão a superar isto.

Ele piscou algumas vezes, parecendo processar o que ela acabara de dizer.

— Posso perguntar por que estou sendo repudiado com tão pouca delicadeza?

A voz era de tristeza, e se Sina não estivesse tão enfurecida, quase poderia sentir pena dele. Mas não era o caso. Ela deu um passo a frente.

— Também gostaria de indagar por quê, com tamanha intenção de me insultar, disse que gosta de mim contra o bom senso!

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