Respirei fundo, tentando ignorar a dor na minha costela quando eu o fazia. Larissa estava na minha frente, me fazendo repetir pela décima segunda vez que tudo estava bem e que eu não tinha sofrido nenhum tipo de lesão extremamente grave. Emmanuele estava simplesmente me olhando, os olhos dela arregalados e preocupados. Eu revirei os olhos para as duas enquanto contava que eu simplesmente tinha sido tratada com prioridade e um cuidado muito maior porque era filha de alguém importante. Meu irmão estava num canto, conversando com um doutor.
- Boas notícias. – sorriu ele – Assim que nossos pais chegarem aqui e assinarem alguns papéis, você terá alta.
- Nossos pais? – perguntei surpresa.
- Bem, eles precisam da assinatura de um responsável. Somos gêmeos, lembra? Não conto. – ele sentou ao meu lado na cama e me deu um peteleco na testa.
Eu lhe sorri e as meninas começaram a falar alto, empolgadas. Percebi que Mathias se moveu um pouco em sua cadeira, o suficiente para ficar me encarando. Eu o encarei de volta, um tanto sem graça. As palavras de sua mãe vieram à minha mente: “Às vezes, uma mesma pessoa merece um olhar mais de perto sobre suas emoções”. Bem, era verdade que ele estava ali, todo o tempo, me olhando e me dando forças. Ele me trouxe comida, água, suco e ficou ali, simplesmente. Eu vi o doutor falar com ele algumas vezes, como se pedisse que ele se retirasse. Com um olhar assassino, ele simplesmente ficava.
Eu não consigo entender o que isso significa, afinal de contas. Ele estava ali, sim, do meu lado, o tempo todo. Mas ele tinha ficado comigo enquanto tinha uma noiva. Noiva a qual ele chutara, mesmo que ela fosse linda e... Estranhamente perfeita. Ele teve uma briga absurda com um garoto por minha causa. Pensando bem, todas as evidências apontavam que ele gostava de mim, porém... Eu simplesmente me recuso a acreditar nisso. Eu quero provas. Eu quero que ele se declare, me peça em namoro, qualquer coisa. Preciso disso. Depois de todas as questões que ficaram mal-resolvidas, eu mereço isso. É isso aí, fiz uma escolha. E baterei o pé sobre ela.
Eu tinha acabado de sorrir quando a porta do quarto se abriu. Por ela, passaram duas pessoas: um homem de terno, com a expressão séria. E uma mulher com um vestido azul de algodão, parecendo extremamente preocupada. Droga. Meus pais chegaram. Meu pai imediatamente expulsou todos do quarto, menos meu irmão. Ele estava tão possesso com os dois meninos (Mathias e Felipe) que os dois não ousaram se opor aos seus desejos. Porém, antes de sair, Mathias parou na porta e me lançou um último olhar preocupado. A minha visão do seu rosto foi bloqueada quando minha mãe praticamente pulou em cima de mim, apalpando meus braços e meu rosto para saber se tudo estava bem.
- Você quebrou algo? – perguntou ela.
- Dizem que eu fraturei a costela. – falei com descaso.
Ela levou as mãos à boca, um tanto desesperada. Meu pai passou um braço pelos seus ombros enquanto ela chorava e ria. Não pude deixar de comparar seu desespero louco ao de Mathias: era tão parecido que assustava. Talvez ele só esteja se sentindo culpado, embora isso não seja lá tão grave. Meu irmão abraçou minha mãe e passou alguns minutos a acalmando. Finalmente, meu pai pigarreou e me olhou. Ele cerrou os olhos enquanto eu pensava “Ai minha sorte”.
- Por que você estava se metendo na briga deles? – perguntou ele.
- Um deles machucou uma amiga. Eu fui ajudar. – falei.
- No entanto, foi você que saiu pior. A menina Gardner saiu daqui com alguns arranhões e devastada emocionalmente. Mas você – ele cruzou os braços – está aqui, deitada numa cama de hospital, com uma fratura na costela.
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Perfeição É Para Os Fracos
RomanceAmanda é filha de uma família rica e estuda numa ótima instituição de ensino. Por estar farta de ser comparada ao seu irmão gêmeo, ela assume uma personalidade fria, calculista e bruta, quando na verdade é uma garota doce e preocupada com seus amigo...