Confinada

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  - Eu realmente acho que prefiro nem saber o motivo da briga. - falei, suspirando.

 Eu, Felipe e Mathias tínhamos sido educadamente convidados para um salão privado do evento. Ou seja, considerados selvagens demais para permanecer com as outras pessoas.  A causa disso? Eu tentei separar a briga deles e levei um belo soco no estômago de Mathias, o que me fez arranhá-lo com minhas longas unhas. Resultado: um Mathias que, além de roxo, inchado e dolorido, estava arranhado, um Felipe roxo, inchado e dolorido e uma eu dolorida. Não importa se sofro menos que eles, eles que inventaram a briga!

  - Não é difícil adivinhar. - disse o meu pai, simplesmente.

 É claro que é difícil! Eu estou aqui, quebrando a cabeça para entender o que leva duas pessoas criadas em berço de ouro a cometer uma estupidez como essa. Ele dizer que não era difícil é como me dar um tapa na cara. Olhei para ele, indignada, enquanto quebrava ainda mais a cabeça para entender os dois seres consumidos por testosterona que estavam cada um do meu lado.

  - Não se pode dizer que tenham mau gosto. - sorriu minha mãe.

  - Como assim? - perguntei.

 Estava me sentindo a pessoa mais burra do mundo. Ah, então é assim que os burros se sentem? É realmente frustrante. Eu também ficaria frustrada em não ser eu.

  - Você não entendeu, realmente? - perguntou Mathias, erguendo uma sobrancelha levemente manchada de sangue.

  - Não. - falei, irritada - E não gosto de não entender.

  - Não sou eu que vou explicar. Peça ao seu namorado. - ele me lançou um sorriso estranho.

  - O Felipe não é meu namorado! - falei, exasperada - E aposto que ele não vai me contar. - lancei um olhar irritado para Felipe, que simplesmente encarava meu pai.

 Maldito! Filho de uma égua manca que peida bastante! O quê? Eu sou criativa com meus insultos.

  - Parece que isso é algo que deve ser resolvido entre os três. - disse minha mãe, segurando o braço de meu pai e o puxando para a saída - Então, nós vamos voltar à festa. Até lá, se considerem "de castigo".

 Minha mãe me sorriu e piscou para Mathias antes de sair e fechar a porta. Ótimo. Duas horas em um espaço quente, sem nada além de cadeiras, e na companhia de dois garotos que, por algum motivo desconhecido por essa que vos fala, querem matar um ao outro. E o melhor de tudo: que estão se encarando e ignorando completamente minha ilustre presença na sala!

  - Vocês realmente não vão me explicar por que isso tudo? - perguntei.

  - Pergunte ao seu namorado. - disse Mathias, desviando o olhar de Felipe para me lançar um irritado.

  - Eu não tenho namorado... Banana! - praticamente gritei, ficando de pé.

 Rosnei e comecei a andar de um lado para o outro. Que ódio que me dá não saber das coisas.

  - Ei.. - me chamou Mathias.

  - Cala a boca! - gritei, me virando.

 Em dois largos passos, estava na frente dele. Ergui um dedo, furiosa, e comecei a disparar tudo o que estava na minha mente.

  - Não tem o direito de me negar nada! Desde que entrou na minha vida, você me traz um problema atrás do outro! Me derrubando na sala, me dando trabalho nos deveres em dupla, me irritando o tempo todo e agora isso! Você só pensa em você? - fiz uma pausa curta para recuperar o ar - Amanhã eu vou estar em todas as colunas sociais, com a bela imagem de que você pegou nos meus peitos. Tudo bem que tentou ajudar, eu entendo, mas pelo menos não tivesse brigado com o Felipe!

Perfeição É Para Os FracosOnde histórias criam vida. Descubra agora