Desespero era, sem dúvida, a palavra que melhor descrevia a Assassina do Manto naquele momento.
--- Apolo, por favor...eu não consigo sem você! --- Octávia chorou, com a cabeça do loiro apoiada no colo --- Não me deixa, amigo, por favor não me deixa.
Mas Apolo não a respondeu, a mente do loiro vagava por anos passados, tempos antigos, de quando ele não tinha que se preocupar em manter a cabeça no pescoço.
Foi numa manhã nublada, depois de uma noite de tempestade, que seu pai chegou com uma surpresa.
Apolo, o menino, não passava dos sete anos, e brincava no quintal de casa. A cabeleira loira e rebelde, um brilho feliz nos olhos azuis, e um sorriso infantil nos lábios.
--- Papai! --- Ele largou os brinquedos para correr até o pai.
Homem alto, robusto, cabelos escuros, olhos azuis como os do filho, um sorriso sincero nos lábios, tinha a barba rala, e covinhas.
Apolo se deteve ao ver a mãozinha que segurava a de seu pai, o menino franziu as sobrancelhas e tentou espiar a menina que se escondia atrás das pernas altas do pai.
--- Quem é essa? --- Ele perguntou, ficando na ponta dos pés e esticando os pescoço.
--- Achei-a na floresta, parece que se perdeu. --- O homem se ajoelhou --- Escute, pequena, esse é Apolo meu filho, lembra que lhe falei dele?
A garotinha apontou a cabeça, cabelos loiros e longos caindo sobre os ombros, olhos verdes curiosos, um vestido branco simplis até os tornozelos.
Apolo deu um dos seus maiores sorrisos a ela, enquanto se aproximava.
--- Está tudo bem, não somos maus. --- O garotinho estendeu a mão para ela --- Qual seu nome?
--- Octávia. --- Ela respondeu, tímida ao segurar a mão dele, num aperto rápido.
--- Eu mal consegui tirar um olá dela o caminho todo! --- O homem sorriu, ficando de pé e se afastando --- Sou Anísio, vou chamar minha esposa, ela vai gostar de você. Apolo fique aqui com ela.
--- Tudo bem. --- O menino acompanhou o pai com os olhos até ele entrar na casa modesta atrás deles, de madeira, pintada de branco --- Por que estava na floresta? Você tem mãe?
A menina negou, cutucando a terra com a ponta do pé, sujando de lama os sapatos gostos. Apolo tombou a cabeça de lado.
--- E pai? Você tem? --- Insistiu.
--- Tinha. --- Ela encarou o loiro, apertando os lábios --- Ele que me deixou lá.
Apolo franziu as sobrancelhas outra vez.
Por que o pai dela a deixaria na floresta? Ela era tão pequena, e tão magra, não aguentaria muito tempo na floresta. Ela era uma pessoa e também uma criança, e as crianças devem morar em casas com os pais.
--- Sabe por que ele te deixou lá? --- A menina negou, era pelo menos dois ou três anos mais nova que Apolo --- Sabe, você pode morar aqui, eu posso dormir na sala e você fica com meu quarto. Meu cachorro dorme na sala.
--- Mas você não é cachorro, não pode dormir na sala. --- Ela franziu as sobrancelhas claras.
--- Ah, eu me viro! --- Ele sorriu, e ela deu um sorrisinho tímido --- Você devia sorrir mais. Mamãe diz que sorrisos deixam as pessoas mais bonitas. Papai está sempre sorrindo!
Uma mulher alta e loira saiu a porta da casa, um avental por cima do vestido verde, um lenço florido nos cabelos dourados e um xale nos braços.
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As Palavras De Ninguém [Concluído]
AdventureCada um dos Doze Grandes Reinos de Jeter possuía uma longa lista de cavaleiros, homens e mulheres de honra e coragem que lutavam, matavam e morriam por seus reis. Jeter, um lugar onde a magia era proibida, fora expulsa de lá no século passado, e aqu...