Capítulo Dezesseis: Escolhas.

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Apolo franziu as sobrancelhas.

--- Como assim alga vermelha do riacho?

As gêmeas trocaram olhares divertidos.

Alasca preparava novas ataduras, os cabelos no castanho que Octávia desconfiava não ser natural, estavam trançados, e Ice limpava o ferimento do loiro sob a luz da fogueira, os olhos brancos concentrados.

--- Devia agradecer aos céus por ter um riacho aqui perto. --- Ice observou o ferimento, a flecha o havia atingido perto do ligamento do ombro com o braço, e atravessado até a clavícula --- E pelo atirador não ter uma mira tão boa.

--- Isso ele não tinha mesmo. --- Apolo concordou, Octávia estava sentada ao lado dele --- Uma flecha de sangue... elas são raras, e o veneno é muito letal.

--- Estaríamos com flechas dessas atravessadas no peito se não fosse por você. --- Octávia disse, entregando uma porção de carne assada e pão ao loiro.

--- Bem, de nada então. --- Ele sorriu de leve, começando a comer, a noite já ia longe --- Como vocês disseram que se chamam mesmo?

--- Alasca. --- A gêmea de olhos azuis respondeu, entregando as ataduras para a irmã, atrás de Apolo.

--- Sou Ice.

O loiro as observou com atenção, eram bonitas, e jovens também, deviam ser ao menos três ou quatro anos mais novas que Octávia, e não deviam vagar sozinhas por aí.

--- Belos nomes, tenho a impressão de que já os ouvi... --- Apolo ponderou, Ice pressionou um alga no ferimento -- Aí! Sabe, eu ainda não estou totalmente recuperado.

--- Fala tanto que achei que estivesse. --- Ela começou a enfaixa-lo, trocando um olhar preocupado com a irmã antes de continuar --- Nossos nomes são comuns em Gless, já passaram por lá?

--- Só fui a Gless uma vez. --- Octávia respondeu, procurando Levi com os olhos, o ex cavaleiro ainda estava rondando o local --- Mas já fazem anos. Só me lembro que é muito frio.

--- É um reino cercado por geleiras, esperava o quê? --- Apolo levantou as sobrancelhas, Octávia a cutucou com o ombro.

Levi chegou quando Ice já havia tratado o ferimento de Apolo, e o mesmo já estava melhor após se alimentar.

--- Melhor você dormir. --- Octávia disse a Levi --- Eu assumo a ronda, já está de madrugada mesmo.

--- Você também não dormiu. --- Ele rebateu, cutucando o fogo crepitante com um galho --- Precisa descansar.

--- Eu fico na ronda, sem problemas. --- Ice se voluntáriou, ficando de pé --- Vocês podem dormir, se ele tiver febre eu resolvo.

--- Sabe empunhar uma espada? --- Levi perguntou, largando o graveto com o qual atiçava o fogo --- Não pode ficar de guarda se não souber se defender.

--- Eu me viro bem com armas. --- Ela levantou o queixo, os cabelos platinados reluziram a luz da fogueira --- A menos que tenha medo de me deixar com uma. --- Debochou.

--- Não é o caso. --- Levi segurou o cabo de sua espada, mas foi a de Apolo, encostada numa árvore que ele entregou a moça de olhos brancos --- Só tenha cuidado para não se cortar.

Apolo franziu as sobrancelhas para Levi, indignado.

Como ele tinha coragem de pegar a espada dele assim? Por mais indignado que estivesse, o loiro não rebateu, não estava em condições de fazê-lo.

Após refletir um pouco, Apolo chegou a conclusão de que Trovão, como cavalo que era, ainda era mais sensato que Levi.

Alasca se enrolou na própria capa de viagem, e logo adormeceu, Ice se afastou um pouco para observar a floresta, a escuridão da noite acordava alguns animais perigosos, então ela estava alerta.

As Palavras De Ninguém [Concluído]Onde histórias criam vida. Descubra agora