Capítulo Trinta: As Variáveis e Suas Mudanças.

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Octávia ergueu as mãos para o canal.

As águas cristalinas se agitaram, e então começaram a subir, lentamente, a medida que a jovem erguia os braços, elas ficavam mais altas, subindo como pilastras.

--- Respire, Octávia...respire. --- Ice orientou, sentada embaixo de uma árvore.

A loira respirou fundo, sentindo a magia selvagem e viva correr por suas veias, dentro de seu ser e por todo ele. A magia fazia parte dela, era ela.

As águas deixaram o canal para trás, ao menos uma boa parte dela, e Octávia se concentrou em trazê-la para beira do barranco onde estava.

As águas fizeram um arco por cima da cabeça da loira, imitando os movimentos dos braços dela. Mas, era difícil mantê-la assim por muito tempo, e quando a bruxa fraquejou, as águas tremeram.

Octávia cobriu a cabeça com as mãos, e esperou ser molhada, mas não foi, quando ela ergueu a cabeça viu que as águas estavam congeladas sobre sua cabeça.

--- Precisa respirar mais. --- Disse Ice, agora em pé com uma das mãos erguida --- Está se desconcentrando.

A bruxa andou até Octávia, então direcionou a água congelada para o canal, e deixou que ela caísse líquida e voltasse a fazer parte dele.

Ice manipulava o gelo como ninguém.

--- Você realmente não é habilidosa com a água. --- A bruxa de cabelos brancos comentou, parando ao lado da outra --- Seu forte é o fogo, Octávia, ele combina com você.

--- Nisso concordamos! --- A loira sorriu, deixando as mãos em chamas, verdes como esmeraldas --- Esse fogo será o responsável por queimar Yracedette.

--- Assim espero. --- Ice disse, enquanto as chamas se apagavam das mãos da loira --- Mas só poderá fazê-lo após estar dentro do castelo, e há dois muros fortemente guardados entre você e ele.

--- Passar do muro um não será tão difícil, o problema será o muro dois. Sabe, ele cerca o castelo, se passarmos dele estaremos dentro da parte mais bem guardada de Berg!

--- Há um grande se nesse caso. --- Ironizou a bruxa --- Vamos voltar para o acampamento, saímos amanhã bem cedo e há muito que arrumar.

--- Está bem, está bem.

As duas começaram o caminho de volta. Era fim de tarde, chovera a noite e a manhã inteira, o bosque estava húmido, as trilhas lamacentas, mas o sol dava as caras outra vez, e Ice se sentia muito disposta.

--- Acha que seu irmão conseguiu resolver o problema do chanceler? --- Octávia perguntou.

Ice ponderou, as duas passaram por uma macieira, carregada de belas maçãs vermelhas, a loira ficou nas pontas dos pés e pegou duas maçãs.

--- Acredito que sim, Eisb é muito esperto, se os informantes de Apolo conseguirem falar com ele...ah obrigada. --- Ela pegou a maçã oferecida pela loira --- Se conseguiram falar com ele, certamente já deveria ter provas e assim Gless está a salvo outra vez.

--- Acha que sem o chanceler, o rei pode receber vocês de volta? --- A bruxa perguntou, mordendo a fruta.

--- Eu... --- Ice encarou a maçã em silêncio --- Não quero pensar nisso ainda, tenho outros problemas e outras prioridades.

Octávia sorriu enquanto a outra comia a maçã, então comentou:

--- Se sairmos vivos dessa loucura, e não formos presos, vou com vocês a Gless, e se o rei mandar queimar vocês, eu incendio o castelo dele.

As Palavras De Ninguém [Concluído]Onde histórias criam vida. Descubra agora