Capítulo Vinte e Nove: Verdade ou Consequência?

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O tempo estava cada vez mais fechado, relâmpagos iluminavam o horizonte, e o barulho alto dos trovões assustava os pássaros nas árvores altas do bosque.

--- Se continuar chovendo assim, as estradas para Alter ficarão terríveis.

Octávia disse para Levi, que cortava a carne da corça caçada pela loira mais cedo, enquanto ela as salgava, em cima de uma mesa improvisada longe das tendas.

--- Vamos demorar ainda mais para chegar a Temeron. --- Continuou a bruxa.

--- Como se já não estivéssemos atrasados o suficiente. --- O ex cavaleiro cortou o último pedaço da carne e o colocou numa tigela --- Acho que não vamos precisar comprar um arco para todos.

--- Como assim? --- A loira franziu as sobrancelhas.

--- Eu não melhorei com o arco, e é mais arriscado tentar interceptar a frota da rainha antes de chegarem ao castelo, e então matar os vigias das torres do muro para entrar e matar o príncipe, do que entrar lá e esperar a rainha.

--- Berg é a Capital dos muros, de um jeito ou de outro teríamos que dar um jeito nos vigias do muro dois. --- Octávia limpou o sal das mãos num avental --- Os cavaleiros e guardas serão um desafio, de todo jeito.

--- Não se gêmeas cuidarem deles enquanto entramos. --- Levi lembrou, deixando a faca de lado --- Sabe que elas são nossa carta surpresa.

--- Realmente, elas podem segurá-los, ao menos contamos com isso em ambas as estratégias.

Levi saltou longe quando um falcão pousou sobre a mesa bamba, mas era o falcão de Apolo, com um bilhete preso a perna. Octávia pegou um pedaço de carne ainda não salgado e deu ao animal.

--- A viagem de Gless até aqui é longa, vai descansar. --- A loira disse ao animal, após pegar o bilhete, o pássaro voou --- Parece que o príncipe mandou uma resposta para as irmãs.

--- Vou chamar Alasca, sabe onde ela está? --- Levi perguntou, limpando as mãos e os braços com um pano.

--- Treinamos mais cedo depois da colina que fica para oeste, ela e Ice ficaram lá. --- A loira respondeu, apontando para a direção da clareira.

Levi saiu depressa, e antes que chegasse, Apolo, que estava alimentando os cavalos, chegou.

O sol na estava se pondo, e a pouca luz que dele restava, formava uma aquarela de dourado, rosé e carmim no horizonte, enquanto na outra ponta dele, nuvens de chuva ameaçavam um pé d'água.

--- Seu falcão voltou com notícias. --- Octávia balançou o bilhete para o loiro.

--- Achei que ele chegaria amanhã, é do príncipe de Gless? --- O loiro se aproximou, os cabelos jogados para trás.

--- Sim, mas não entendo nada do que está escrito aqui, parece um poema, Alasca disse que codificaria a carta assim, mas não achei ele fosse entender.

--- Surpresas, o mundo está cheio delas. --- Apolo debochou --- Meus informantes ficaram de sondar as ruas da capital e o reino, para checar se o chanceler tem apoiadores.

--- Acha que o príncipe vai matá-lo? --- Ela andou até um dos troncos que formavam um círculo onde acendiam a fogueira, e se sentou.

--- Talvez...não sei dizer, não o conheço. --- Ele sentou ao lado dela.

Alasca apareceu vinda do caminho estreito na direção oposta ao canal, onde ficava a colina, Ice e Levi vinham atrás, pois a bruxa não andava mais tão depressa, era a primeira vez que saia da tenda em dias.

--- O quê ele respondeu? --- A bruxa tomou o bilhete das mãos da loira.

--- Não sei, não entendo o que está escrito. --- Octávia observou a outra desdobrar o papel --- Só você para traduzir.

As Palavras De Ninguém [Concluído]Onde histórias criam vida. Descubra agora