Levi e Octávia acharam Apolo sentado num barranco gramado, as margens do canal.
Estava balançando os pés descalços na água cristalina, um mapa gasto e amarelado de Berg de um lado, junto com as botas, e do outro a espada e uma pilha de pedras.
--- Pergunte se já tenho um plano outra vez, Levi, e lhe arranco um dente. --- Foi a saudação de Apolo, ao ouvir os passos do ex cavaleiro.
--- Acho que um olho seria mais aceitável. --- Octávia tirou as botas e se sentou do lado em que estavam o mapa e as botas, ela sorriu mergulhando os pés na água corrente do canal --- Ele só tem dois.
--- Vou arrancar a língua, só tem uma. --- Apolo debochou, fechando os olhos e sentindo os pequenos raios de sol que escapavam entre as nuvens, lhe acariciarando no rosto --- E assim ele fica sem falar também.
--- Ele escuta, sabia? --- Foi a vez de Levi se sentar --- E sem minha língua não posso lhe contar o que me ocorreu a pouco.
--- E isso me importa? --- Apolo franziu as sobrancelhas.
--- Tivemos uma ideia. --- Octávia explicou, movendo as pernas na água --- Levi cuidou da segurança do castelo de Wells por um tempo, ele pode lhe descrever e você desenhar, então, teríamos um mapa interno do castelo.
--- Essa ideia me surpreendeu. --- Apolo abriu os olhos --- Vamos trabalhar nisso a tarde, com o mapa podemos marcar os acessos que temos que bloquear, e qual o melhor caminho para entrar e sair.
--- Bem, ainda temos vinte e oito dias para planejar. --- Octávia sorriu.
--- Na verdade... --- Levi se levantou --- São algumas horas de Temeron até Berg, e daqui até Temeron um dia e meio, então como vamos ficar lá um tempo, e se contarmos os atrasos e imprevistos, devemos ter em média vinte e dois dias para planejar. Ou vinte.
Octávia e Apolo viraram a cabeça para encarar o ex cavaleiro, em sincronia.
--- Eu arranco os olhos e você a língua. --- A loira disse a Apolo.
--- Vou tirar uma orelha também. --- Apolo sorriu, Levi agarrou suas botas e saiu depressa --- Um dedo, talvez?! --- Gritou.
--- Fica longe de mim! Seu psicopata! --- Levi gritou de volta. Octávia riu.
--- Ele não é tão ruim. --- A loira comentou, fazendo círculos na água --- Parece que salvá-lo naquele beco em Tíbia não foi de todo uma má ideia.
--- Ainda estou reconsiderando isso. --- Apolo respondeu --- As encrencas dele acabaram se tornando as nossas, e agora estamos tentando salvar Jeter. Nós dois tentando salvar Jeter, soa tão estranho, não é? --- Ele sorriu.
--- Não tão estranho quanto a magia de Ice ter o cheiro de brisas de inverno, e a minha de fumaça perfumada. --- A loira fez uma careta.
Apolo engasgou com uma risada.
--- Fumaça perfumada? Faz bem o seu estilo, eu gostei. --- Ele levou um empurrão de ombro --- Falo sério, não é tão ruim. Você pode matar os cavaleiros só com esse cheiro.
Octávia jogou Apolo no canal, com um único movimento.
--- Sua...! --- O loiro emergiu tossindo.
Octávia sorriu vitoriosa, enquanto Apolo tentava voltar ao barranco onde estavam sentados. Por um momento, ele pensou em jogá-la na água, mas não o fez, Octávia não sabia nadar.
--- As vezes me pergunto como ainda não matei você. --- O loiro pois as mãos na cintura, encarando a bruxa que se levantava.
--- Você não vive sem mim, querido. --- Octávia afastou o cabelo loiro e molhado do rosto bonito de Apolo, com um sorriso convencido --- Vai me suportar até que minha jornada chegue ao fim, e tenha que me enterrar.
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As Palavras De Ninguém [Concluído]
AdventureCada um dos Doze Grandes Reinos de Jeter possuía uma longa lista de cavaleiros, homens e mulheres de honra e coragem que lutavam, matavam e morriam por seus reis. Jeter, um lugar onde a magia era proibida, fora expulsa de lá no século passado, e aqu...