Capítulo 5º

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—Bom dia — fala Áurea, dando de cara com Mateus assim que ele abre a porta.

— Bom dia, Áurea — responde Mateus, enquanto a olha sorridente. — Tenha um bom dia, Edu, e pense bem sobre o que conversamos.

— Mateus — adverte Eduardo, fitando-o no olhos com uma fúria indisfarçável.

— Nossa! — Áurea olha para Mateus e depois para Eduardo. — Quer que eu volte mais tarde para que vocês possam terminar a "DR"?

— Mateus já está de saída — diz Eduardo, secamente.

Mateus aproveita a deixa e segura a porta, mas antes olha para Eduardo e o xinga sem emitir som algum. — Idiota! — Depois sorri e segue seu rumo.

— Bom dia para você também, Eduardo — resmunga Áurea, enquanto segue para o seu lugar.

— Ah, é, desculpe-me — responde Eduardo, desconcertado. — É que Mateus, às vezes, tira-me do sério, mas ele é gente boa.

— Tudo bem — responde ela, um pouco desanimada e em seguida muda de assunto. — O que você quer que eu faça hoje?

— Preciso que retire cópias das notificações judiciais desses processos. — Eduardo aponta para a pilha enorme de papel ao lado do arquivo. — E depois faça um resumo de cada um em planilhas de Excel. — Será que você consegue?

— Processos, cópias de notificações e resumos em planilhas — responde Áurea, sem olhar para ele um só instante. — Acho que posso dar conta.

— Ótimo! — Eduardo volta a examinar os seus e-mails.

Enquanto isso, ela começa a separar processo por processo para retirar as cópias pedidas. É um serviço maçante, mecânico e que requer concentração, o que ela agradece internamente. Não está com cabeça para nada, pois teve uma péssima noite de sono, meditando sobre quão ruim está o seu relacionamento com o Daniel. Ele não a faz mais feliz, se é que fez em algum dia e Áurea pune-se mentalmente, pois só se deu conta disso ontem.

Enquanto rolava na cama, ela tentou se lembrar de momentos felizes que passaram juntos, mas, nos únicos que lhe vieram à mente, eles estavam na presença de amigos, nunca a sós. Eles não têm gostos em comum, não há aquele tão mencionado frio na barriga relatado nos romances. É uma relação suportada pela comodidade. Daniel é um rapaz bonito e faz companhia a ela, mas até isso está tornando-se raro, pois ele está cada vez mais distante. Ela não age de modo diferente dele, também está cada vez mais desmotivada, no entanto acha que esse não é um bom momento para romper o namoro, não agora que sua melhor amiga Celeste está longe e seus outros amigos são os mesmos dele, pois se sente muito só.

Eduardo, ao notá-la silenciosa e compenetrada, não resiste em observá-la. Ela não percebe, pois está de costas para ele. Áurea veste jeans e camiseta vermelha, um visual simples, mas que o desconcentra. Ele se pega admirando as curvas dela. Sem dúvida ela é linda! Nem mesmo a maneira graciosa como ela junta os papéis passa despercebida aos olhos dele; tudo nela o fascina. Mas ele também percebe algo a mais naquele silêncio. Ela parece triste, distante... Ele não gosta de vê-la assim, daria qualquer coisa para saber o que a aflige só para poder fazer algo que lhe arranque a tristeza, mas contém a todo custo o desejo louco de abraçá-la e trata logo de expulsar esses pensamentos de sua mente.

A hora passa e, para Eduardo, fica cada vez mais difícil manter a atenção no trabalho, sabendo que Áurea sofre ao seu lado. Quando está prestes a se levantar e ir conversar com ela, ouve um choro contido. Não pensa duas vezes e corre ao seu encontro. — O que foi? — Ele segura a mão dela, a mesma que ela balança com dor.

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