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CHEF-D'OEUVRE
A luz do sol transpassava pela vidraça da janela, a vista do lado de fora era encantadora; grama verde, as montanhas ao norte, árvores para quase todos os lados, o céu alaranjado, quase que num breve adeus. Do lado de dentro, o chão amadeirado, coberto por tintas distintas e frutos de uma arte recém criada.
O computador estava ligado, do lado esquerdo do quarto pequenino. Você estava sentada sobre a cadeira macia, que rangia a cada vez que se mexia inquieta. Era a quarta vez que tentava inutilmente imitar alguma paisagem numa tela branca, e nem a música calma de fundo a ajudava.
Frustrada, voltou a sentar-se no chão. Prendendo os cabelos novamente com um palito asiático. Mordiscou a ponta amadeirada do pincel e fechou os olhos, ouvindo a canção e implorava para que a arte a possuísse naquele mesmo instante.
O som breve dos passos largos, foram-se ouvidos. Seu marido acabara de subir. E novamente um bufar frustrado saiu por entre seus lábios.
— Desculpe te atrapalhar, estava a procura do notebook.— Ele disse, num tom baixo.
— Hum.— Abriu os olhos e encarou o rosto alheio com melancolia.— Não estou conseguindo pintar nada.
O mais velho sorrio minimamente, agachando ao seu lado e abraçou o seu corpo.
— O que posso fazer por você, uh?! — Murmurou baixinho, inalando o cheiro fresco de seus cabelos limpos.
Novamente suspirou, e moveu os ombros sem saber o que responder. Ele se sentou ao seu lado, encarando o quadro a frente; embora a tinta fresca estivesse estivesse espalhada pelo chão, não havia nenhuma tela.
Por um momento seus olhos vagaram pelo corpo esbelto de seu marido, que observava o quartinho de maneira cautelosa, ele queria a ajudar de algum modo, só não sabia como. Você levou as dedilhas sobre o os braços nus do alheio, traçando uma linha imaginária sobre a sua pele, e subitamente subiu até o rosto dele.
Philippe se manteve quieto e observava agora, cada movimento seu. Fechou os olhos e deixou-a acariciar sua face serena e desenhada pela melhor divindade existente.
— De todas as artes existentes, creio que você seja a mais bela de todas.— Eles murmurou depois de novamente abrir os olhos.
— Mas quem estava admirando alguém aqui, era eu.— Você disse, escondendo um sorriso gigantesco.
— Não preciso de muito, para reconhecer a obra prima com quem me casei.— Ele murmurou novamente, aproximando ambos os rostos.
Dava para sentir as respirações calmas dos dois, os olhos lustrosos esbanjavam um amor imensurável que não se esvaia com o tempo. Um sentimento tão puro, sem vaidade ou mentiras. Poderiam viver a eternidade num momento como esse, e por Deus, como desejavam serem eternos somente um para o outro.
Os lábios se tocaram numa suavidade única, enquanto sua mão vagava pelo rosto alheio. As mãos do outrem em sua cintura a apertavam sem força, apenas para a manter ali, ao seu lado. O momento poderia ter sido mais prazeroso, se não fosse interrompido pelo choro que se acoou pelos corredores do segundo andar. Fazendo-os se separarem naquele instante, e esboçando um sorriso gigantesco, ambos se entreolharam.
— Parece que a minha outra obra-prima, despertou de sua soneca.— Ele disse, pronto para se levantar novamente.
— Ela tem o sono curto, e desta vez, você a alimenta.— Você disse entre risos, dando leves tapinhas no ombro de seu marido.
Antes de se levantar, o homem a beijou novamente nos lábios e preguiçosamente se levantou, desaparecendo depois de alguns passos para fora do quarto.
— Já estou indo, minha pequenina! — Exclamou, e você se riu.
Fechou os olhos fortemente e mordeu os lábios, antes de voltar a atenção ao quadro, e desta vez, já tinha ideia do que iria desenhar.
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Primeiramente, peço imensas desculpas por estar curtinho e objetivo. Mas como não havia nenhum tema em específico, somente segui o fluxo da canção que estava ouvindo. Então saiu isso, mas até que achei gostosinho escrever algo assim. Gostaria de explorar mais, mas aí fugiria do conceito.
Enfim, espero do fundo do coração que tenha gostado. Estou trabalhando nos demais pedidos, tenham paciência comigo, ainda estou evoluindo nisto.
