(7) • smile.

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Bakugou PoV's

Dias atrás, no feriado, mandei uma mensagem para Kirishima o convidando para tomar alguma coisa no sábado. Por incrível que pareça, o mesmo aceitou. Mesmo que seu pai ficasse em casa, disse que tinha ido passar o dia numa biblioteca para estudar. Foi difícil seu pai ceder, mesmo assim, mas deu um jeito.

E o sábado finalmente chegou. Meu cabelo estava em um tom amarelo suave, o que era meio incomum nos últimos dias. Vesti um moletom grande azul escuro e uma calça preta, nada tão chamativo; era de tarde, não queria sair por aí brilhando igual purpurina.

Calcei os tênis e suspirei pesadamente, pegando as minhas coisas e descendo para a sala.

— Mãe, eu vou sair com o Eijiro, tá bom? – olhei para a mesma.

— Eijiro? O vizinho? – assenti e ela deu um sorriso perverso. — Hm, certo... vai com cuidado e não volta tarde, te amo.

— Te amo.

Fui até a casa do lado, sem nem muito esforço, e toquei a campainha. Esse era um dos bons motivos de ser vizinho de Kirishima: não precisava andar demais pra ver ele.

— Oi. – o menino abriu a porta e tomou minha atenção rapidamente. Seus cabelinhos negros estavam para baixo, e vestia uma blusa de gola alta preta e calças da mesma cor, e coturno nos pés. Sorri levemente.

— Ah, oi! Vamos? – perguntei, e o mesmo assentiu rapidamente, saindo de casa e fechando a porta.

— Onde nós vamos, exatamente? – questionou, enquanto andávamos.

— Eu estava pensando em uma cafeteria próxima, mas podemos mudar os planos se preferir. – deu de ombros, chutando pedrinhas no caminho.

— Nah, eu gosto de ir em cafeterias. E café é muito bom. – olhei para o mesmo e foi a primeira vez que o vi dar um pequeno sorriso. Meu coração chegou a doer naquela hora, apenas com um sorriso minúsculo. Suspirei fortemente e assenti, olhando para a frente.

— Uhm, é... sim, enfim, nada. – me desconcentrei, querendo morrer por ter passado aquela vergonha. Fiquei tão desconfigurado que sequer consegui falar. — É aqui, Eijiro.

O outro me olhou e entramos juntos no estabelecimento, e fomos em direção à uma mesa no fundo.

O ambiente era completamente agradável e confortável, e eu adorava lugares assim. Bem quentinho e aconchegante, com luzes penduradas na parede e cheirinho de café.

Pegamos os cardápios e eu o observava de vez ou outra enquanto o mesmo se concentrava para escolher uma das opções. Encarei o cardápio por uns minutos e suspirei, deixando o mesmo sobre a mesa.

— O que vai querer? – perguntei, vendo o mesmo abaixar minimamente o cardápio que escondia seu rosto.

— Latte Macchiato. – falou, um pouco envergonhado. Assenti e sorri levemente, fazendo o pedido de dois daquele.

Logo, recebemos na mesa nossos cafés, em copinhos chiques e estéticos.

Enquanto Eijiro tomava seu café, eu percebia detalhes em seu rosto. Ele estava concentrado saboreando seu macchiato, enquanto eu fazia o mesmo, mas focando em seu rosto.

Estava tão perdido em seus olhos que nem percebi de primeira quando o mesmo olhou para mim.

— Está tudo bem? – perguntou o outro, enquanto eu acordava pro mundo e assentia repetidamente com a cabeça.

— Sim, sim, eu tô bem, eu só tava pensando em... – olhei ao redor e vi uma garotinha com um boneco do Buzz nas mãos. — Toy story...

Kirishima deu uma leve risada. Oh, céus, hoje eu morro! Seus dentinhos são preciosos.

— Kirishima, você é muito bonito. – falei, sem perceber, em voz alta. As bochechas do outro tornaram-se rapidamente avermelhadas, e eu pude notar sua insegurança quando o outro abraçou o próprio corpo. — D-digo! Droga, me desculpa... é que acabou escapando. Mas não significa que você não seja! Você é.

— Eu não sei como você acha isso, mas obrigado. – assentiu, calando-se logo depois.

— Você já tem dezoito anos? Acho que nunca cheguei a perguntar... – o olhei, bebendo um pouco do café.

— Não. Mas não falta muito. – falou rapidamente, brincando com o canudinho de seu copo.

— Não...? Perdão por ser invasivo, mas, por que seu cabelo continua com uma única cor se você ainda não atingiu os dezoito? – juntei minhas mãos, preparado para me afundar e prestar atenção em cada palavrinha do outro.

— Tudo bem... é que, eu não consigo ficar feliz. Muitas coisas aconteceram na minha vida, sabe? Isso tudo acumulado... não consigo sentir nada. É como se todos os meus sentimentos tivessem sido apagados. Eu sou só um corpo, sobrevivendo. – enquanto o mesmo falava, meu coração ia doendo mais e mais.

— Eijiro... eu não sei por nada do que você passou e, dizer que entendo pode parecer hipocrisia já que a dor de uma pessoa é incompreensível para a outra, mas... eu estou aqui. – o mesmo me olhou, confuso com o que eu dizia. — Eu nem te conheço há muito tempo, mas desde o começo eu senti algo diferente em você. Posso parecer maluco, mas foi algo como uma conexão. Enfim, esqueça isso, sim? – dei risada, suspirando. — Vamos. Eu pago e podemos passear no parque depois.

O mesmo apenas me olhava, e depois assentiu cuidadosamente. Paguei por nosso café e o trajeto foi silencioso até o parque, onde ficamos por um tempo trocando ideias sobre teorias da conspiração, para fugir do assunto anterior.

Ah, como eu queria fazer com que ele se sentisse incrível de novo...

C O L O R S • kiribakuOnde histórias criam vida. Descubra agora