(6) • life.

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ALERTA DE GATILHO!!
Esse capítulo aborda assuntos delicados e pode ser perturbador. Para quem tem sensibilidade com esse tipo de coisa, aconselho não ler ou pular as partes complicadas para aguentar.

<3

Kirishima PoV's

Dói.

Dói, e eu estou constantemente sentindo essa dor.

E é uma coisa inacabável. Parece que não tem fim e eu nunca vou superar isso tudo. Vou passar a vida inteira após os dezoito diferente das outras pessoas que tem cabelo colorido, com meus cabelos escuros. Isso se eu chegar aos dezoito...

É irritante eu não conseguir confiar em mais ninguém, desde que minha mãe morreu. Desde que eu tinha oito anos. É frustrante eu passar para o Katsuki uma vibe de quem não quer ter uma amizade. Eu quero, e eu acho bonita a forma em que o outro se preocupa comigo, mas... por que?

Como eu poderia saber se ele está falando a verdade? E se ele quiser fazer como meu pai e seus amigos fizeram?

Eu tenho medo.

Sou só um garoto de quase dezoito anos, indefeso e chorão. Não sou forte, e nem sei porque continuo aqui sabendo que poderia simplesmente jogar tudo fora e desistir.

O que me intriga é saber que eu não consigo. Eu não consigo simplesmente morrer. É como se tivesse algo que me fizesse continuar aqui, mas eu não sei o que exatamente é. Desde a minha primeira tentativa, quando tinha treze anos, que algo me impede de o fazer. Meu coração sempre aperta e algo me segura, me mantém. Eu gostaria de saber o que me salva, já que eu só tenho meu pai e ele é a pessoa com quem eu menos quero estar em todos os momentos.

E em pensar que ninguém nunca vai gostar de mim verdadeiramente... isso também dói. Até agora, eu fui usado, e em cada momento eu só desejei a morte.

Eu nunca vou ser aquela cor. A cor bonita, a cor que atrai. A cor forte e reluzente. Nunca vou ser a cor que ele gosta. Nunca vou ser a cor do amor.

Vou ser sempre o preto monótono e invisível, retratando toda a dor que sofri nos últimos nove anos.

O preto que surgiu quando eu tinha oito anos e a mamãe morreu.

O preto que continuou aparecendo quando meu pai chegou bêbado em casa dias depois, com cheiro de cigarro e álcool, me contando como fodeu duas mulheres enquanto eu chorava pela perda da minha mãe.

O preto que apareceu depois de eu ter sido abusado, estuprado e espancado pelo meu pai nesse mesmo dia, e pelo resto desses anos. Por esses longos nove anos.

Já que eu não posso morrer, espero conseguir um jeito de suportar isso tudo.

C O L O R S • kiribakuOnde histórias criam vida. Descubra agora