Capítulo 29

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Adeus! Tenho um coração muito aflito para fazer uma partida tediosa.

— O mercador de Veneza

Cesca se remexeu na cama, verificando as horas a cada cinco

minutos, imaginando se Sam ainda planejava vê-la. Quando ele

disse que "conversaria com ela mais tarde", Cesca assumira que era

uma espécie de promessa. Especialmente depois do encontro no

jardim. Mas isso foi antes de Foster armar aquela tremenda

confusão. Agora eram quase três da manhã — apenas duas horas

antes de ela ir embora —, e Cesca estava se perguntando se tinha

entendido tudo errado.

Talvez aquilo tivesse sido uma despedida.

O pensamento fez suas mãos tremerem quando as estendeu

para colocar o relógio de volta na mesa de cabeceira. Não podia

significar isso, podia? Depois de tudo o que tinha acontecido, ele

não a deixaria ir embora sem dizer adeus. No jardim, ele dissera

que ela era dele enquanto a arrebatava com seus beijos. Aquilo

tinha sido real ou algo dito no calor do momento? Era possível que

suas palavras fossem alimentadas pelo ciúme mais do que pelo

desejo?

Sua mente se voltou para as noites que haviam passado

separados, depois que a família chegara. Embora Cesca tivesse

tomado a iniciativa da separação, Sam não lutou contra isso. Ele

podia gostar dela, mas não o suficiente para querer continuar.

Pensar nisso a fez querer chorar.

Cesca olhou para a mala ao lado da porta, esperando que

Sandro a carregasse até o carro pela manhã. Ela estava indo embora

exatamente como havia chegado: sozinha. Poderia viver com isso,

certo?

Meia hora se passou, mais lenta que uma tartaruga, e Cesca

continuou se remexendo até que os lençóis estivessem

completamente amassados aos pés da cama. Sua agitação estava

aumentando, pensando nele, se perguntando por que ainda não

tinha aparecido.

Isso trouxe lembranças antigas. Lembranças sombrias de

quando ela caíra tão profundamente depois que ele foi embora.

Era muito difícil tirar da cabeça.

Suspirando, ela se sentou, virando as pernas para apoiá-las no

chão. Era a falta do que fazer que a estava matando. Ficar à espera

de alguém que claramente não viria. Ela já estava esperando havia

bastante tempo — seis anos —, e não estava disposta a esperar

mais.

O lugar estava silencioso quando ela saiu do quarto, os pés

Um Verão Na Itália - As Irmãs Shakespeare Vol 01Onde histórias criam vida. Descubra agora