Capítulo 25

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E o tempo do verão é bem pequeno.

— Soneto XVIII

Cesca parou de digitar, se ajeitou na cadeira e olhou para a tela.

Um tremor percorreu sua coluna, continuando na base, fazendo-a

se remexer na cadeira.

Fim.

Tinha conseguido. Tudo bem, era só o primeiro rascunho, e,

mais que qualquer um, ela sabia que precisaria de muito trabalho,

mesmo com a edição de Sam. Mas ver aquelas palavras escritas na

tela era quase impossível de acreditar. Ela achava que nunca mais

as escreveria de novo.

Cesca piscou algumas vezes, com os olhos marejados. Ela não

gostava de chorar — nunca gostou —, e fazer isso por causa de uma

peça parecia estúpido. Mas, ainda assim, as lágrimas se formaram,

ameaçando cair.

— Você está bem? — Sam perguntou, sem dúvida alertado pelo

silêncio provocado pela pausa na digitação. — Vamos dar uma

pausa?

Balançando a cabeça, Cesca engoliu o nó na garganta antes de

responder.

— Acho que estou bem. Eu só... — Ela parou, sentindo

necessidade de olhar de novo para a tela, tentando se convencer de

que realmente havia escrito aquelas palavras. — Terminei o

primeiro rascunho. — Sua risada parecia de alívio.

— Pensei que alguma coisa ruim tivesse acontecido. — Ele se

agachou ao lado dela, lendo as palavras em voz alta. — Fim. Isso é

fantástico.

— Obrigada.

— O casal principal ficou junto?

Cesca inclinou a cabeça para o lado.

— Você não quer ler?

— Sim, vou ler e descobrir. Mas, se você resolveu deixá-los

separados pelo impacto dramático, talvez eu precise reescrever para

você.

Ela sorriu.

— Ah, que romântico. Quem imaginaria que o ator durão de

Hollywood queria um final feliz?

— Tenho um interesse especial nisso — ele lembrou.

— Tem? — Ela o estava provocando, e seus olhos dançavam

quando seu olhar encontrou o dele.

— Sim. Nós trabalhamos juntos nesta história. E esse cara

merece fazer a mocinha feliz. Não partir o coração dela. — Ele a

encarou com cuidado. — Se ele fez isso, eu vou ter que socá-lo ou

algo assim.

— Muito gentil da sua parte — ela murmurou. — Ameaçar

espancar um personagem fictício. Eu deveria estar desmaiando.

Um Verão Na Itália - As Irmãs Shakespeare Vol 01Onde histórias criam vida. Descubra agora