I

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Quando acordou pela manhã, Camila já estava com tudo preparado, café da manhã na mesa e a marmita que ele levava para o trabalho ajeitada. Nada que um bom corretivo como o de ontem não fizesse efeito.

As marcas vermelhas nos braços dela
agora estavam arroxeadas, sentiu uma enorme satisfação, dessa forma ela se lembraria da lição por um bom tempo. A noite como sempre não tinha sido das melhores, Camila era como uma estátua na cama, mas ninguém podia dizer que ele não cumpria suas obrigações como marido, a única coisa que estava faltando era um filho, mas até para isso sua esposa era uma imprestável.

Tomou o café em silencio, não sentia
nenhuma vontade de ouvir a voz irritante dela. Uma impaciência tomou conta dele por lembrar que ainda estavam na segunda feira, ansiava pelos domingos o único dia que realmente se sentia bem , suspirou forte antegozando o prazer que sentia nesses dias.

Acabou de tomar o café, pegou suas coisas e saiu para o trabalho. Não gostava do trabalho de despachante aduaneiro, mas o salário era ótimo e permitia que estivesse sempre no porto. Adorava aquele lugar, o cheiro de maresia, a correria, os prazeres ocultos que quase ninguém notava ou aproveitava. Foi dirigindo com esses pensamentos.

O dia tinha sido muito mais corrido que o normal, tudo que queria quando saiu do escritório era chegar em casa e descansar.

Chegou no horário de sempre, mas
encontrou a casa as escuras, foi até a cozinha e não achou Camila e muito menos o jantar feito, as louças do café da manhã se achavam amontoadas ainda na pia.

O que aquela imprestável havia aprontado dessa vez? Será que não tinha aprendido nada com ontem?

Foi encontrar Camila deitada no quarto dormindo. Acordou ela com um safanão.

— Acorda logo sua idiota!!! O que pensa que esta fazendo?

Ela acorda assustada, os olhos vermelhos de chorar, provavelmente pelo que aconteceu ontem.

— Eu estava com dor de cabeça, acabei pegando no sono. Me desculpa, marido.

— Desde quando dor de cabeça é motivo para você dormir o dia todo? Quanto mais eu te ensino, menos você aprende, ou faz de propósito para me irritar, porque é impossível alguém ser tão burra assim.

— Eu vou levantar e preparar o jantar.

— Esse jantar era para estar pronto assim que chego, se ao menos você cozinhasse bem, mas faz sempre aquelas porcarias de comida.

O que era aquilo que ele via nos olhos dela? Raiva? Não era possível, ali tinha que haver medo e não raiva.

— Por que você mesmo não prepara o seu jantar então? Já que cozinho tão mal assim.

Ele não era o tipo de homem que se
controlava perante a falta de respeito. Deu um tapa com toda força no rosto de Camila, que acabou caindo deitada na cama. Quando ela levantou a vista para ele, ainda podia a ver a raiva ali. Camila precisava de uma lição bem mais firme e ele já sabia o que fazer.

— Parece que o modo brando como te trato não tem feito muito bem, então foi você que pediu por isso.

Pegou Camila pelos braços e arrastou até a sala. Arrancou o casaco de lã que ela vestia e depois tentou arrancar a blusa de mangas longas, como não conseguiu, simplesmente rasgou, deixando ela somente com uma
camiseta de mangas curtas e saia, nem ao menos um sapato.

Abriu a porta da sala e fez ela sair para a varanda. O frio era intenso e um vento cortante soprava de forma incessante.

— Agora Camila, preste bem atenção, você vai passar a noite na rua, para aprender a me respeitar. Não quero você aqui na varanda, é na rua mesmo, e ai de você se pedir ajuda a algum vizinho, às 05:30hrs eu vou abrir a porta e quero que você esteja aqui para preparar o meu café.

— Por favor Shawn, esta muito. Não faça isso.

— Devia ter pensado nisso antes de me desafiar. Agora vai, não quero olhar para sua cara até de manhã.

Assim que ela saiu, ele trancou o portão e a porta, foi até a cozinha e fez um lanche e então deitou na cama quente para dormir. Como era bom dormir sem ela ali para incomodar.

A MULHER DO PASTOR ➵ CAMREN Onde histórias criam vida. Descubra agora