ㅤㅤㅤ ATO TRÊS.

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Eu estava ciente de que uma hora ele iria embora, mas não esperava que fosse tão de repente assim. Mas o que você queria fazer? Prender ele no seu quarto e nunca mais deixar ele sair? É como ele me disse, ele é um herói, tem outras coisas mais importantes pra fazer do que ficar se preocupando, e passando o tempo, com uma garota que nem eu. Me sentei na cama com os pés encostando no edredom que eu havia colocado ontem à noite, lembrando das vinte e quatro horas que passamos juntos.

Suspirei fundo.

Passaram-se alguns dias desde que ele foi embora. Eu era uma tonta que esperava que ele voltasse de alguma forma, mas não foi bem assim que aconteceu, como já era de se esperar. No momento eu estava estudando na minha mesa, marcando parágrafos importantes que eu mesma transcrevia do livro para o meu caderno enquanto os anotava mentalmente. Mas minha mente divagava e meus pensamentos sempre eram sobre ele. Larguei o marcador na mesa, encostei-me na cadeira e tombei a cabeça para trás, olhando para o teto e suspirando fundo.

Eu não posso pensar muito nele. Por que e estou tão fissurada? Eu já sabia desde o início que nunca daria certo, talvez nem mesmo uma amizade poderia surgir de tudo isso. E não estou sendo pessimista nem nada, é apenas a realidade. É como Koji disse no dia que ele me pegou vendo uma foto do mesmo na internet, somos de realidades distintas. Sem contar nos olhares de reprovação que eu receberia dos meus pais e dos demais familiares. Mas por que eu deveria me importar com o que eles pensam?

Porque talvez eles poderiam te deserdar e fazer você se afundar.

Levei ambas mãos ao meu rosto e apertei meus olhos que estavam doloridos o suficiente para eu continuar fazendo alguma coisa.

O tempo passou voando, quando menos percebi olhei para o calendário que já entregavam as últimas semanas de maio. Engoli à seco, em poucos dias estaria indo para o primeiro dia da minha faculdade e eu mal podia esperar para chegar em casa e chorar baixinho nos travesseiros da minha cama. Sim, eu mal fui e já estava pensando em chegar em casa.

Nas últimas semanas eu desisti de esperar por ele. Eu confesso que fiquei escorada na varanda esperando por algum sinal, observava os pássaros voarem e acabava confundindo suas silhuetas. Meu coração palpitava porque com o pingo de esperança que me restava, eu esperei por ele.

Como pode se apaixonar tão rápido assim?

Espera, apaixonada? Eu?

Eu não sei nem o que é gostar de alguém de verdade, visto que eu tive contato com poucas pessoas durante a minha vida. Não sei exatamente a sensação de sentir borboletas clichês no estômago, aquelas que ouvimos falar quando estamos lendo algum livro de romance, não sei o que é ficar nervosa perto de alguém a ponto de gaguejar... Na verdade, eu sequer havia dado o meu primeiro beijo. As pessoas geralmente perdem seus beijos em jogos de verdade ou desafio, mas como eu poderia o fazer se eu sequer tinha amigos pra me convidarem pra essas rodinhas?

Não sinto falta dessas coisas porque não é possível sentir falta do que nunca tivemos, mas eu ainda me sinto fora dos eixos... É uma sensação estranha e estúpida, se formos pensar bem.

Koji e eu estávamos na sala de estar assistindo aos noticiários da manhã. Eu com um pote de iogurte na mão e ele com seu cereal costumeiro. Era sábado, hoje estávamos livres de qualquer coisa relacionada aos estudos, papai nos deu essa folga e acabamos por aproveitá-la juntos em frente à uma Tv, como irmãos comuns fazem.

Quase cuspo o iogurte quando ─ surfando pelos canais ─ meus olhos caem sobre o herói número dois, que estava sendo a estrela do noticiário daquela manhã. Estranhamente, meu irmão continuou assistindo e eu senti meu estômago arder, não sei se era devido a acidez do iogurte, mas eu me mantive concentrada no programa, lê-se em Hawks.

✔| 𝐀 𝐖𝐡𝐨𝐥𝐞 𝐍𝐞𝐰 𝐖𝐨𝐫𝐥𝐝 ‹𝟹 hawks.Onde histórias criam vida. Descubra agora