xix. um mundo ideal.

8.9K 986 1.2K
                                    

Diria que estava com borboletas no estômago, mas eu as considero como algo romântico - e o que eu sentia estava longe de ser algo bom como o amor. De qualquer modo, estou sentindo algo mais como abelhas zumbindo dentro de mim, ou seja, não é algo muito confortável de se sentir. Tudo isso porque logo estarei voltando para casa e terei que encarar todos os meus problemas novamente.

Encarava o celular com a última mensagem que Keigo havia me enviado, ele estava sorrindo enquanto fazia um "v" com os dedos, no fundo estava o seu novo estagiário, Tokoyami seria seu nome, creio eu.

Ele estava radiante naquela foto, enquanto o garoto com cabeça de pássaro parecia distraído no momento que a foto fora tirada. No entanto, os dois eram uma graça, mal podia esperar para conhecê-lo de perto.

Mas eu ainda não me sinto preparada para ter a minha vida de volta, queria continuar naquele sonho que era viver com a tia Olly e o tio Yoshi. Mas eventualmente eu teria que acordar logo, sonhos não são eternos, mas bem que poderiam ser.

De qualquer modo, eu me encontrava arrumando algumas roupas na mochila que eu trouxe comigo na viagem. Hoje é meu penúltimo dia por aqui e eu estava sensível e triste; queria passar o resto da noite trancada no quarto e deitada na cama afogando as mágoas que me consumiam naquele momento. Todos estavam adormecidos, portanto não tinha a quem recorrer. E no mais, não quero encher a cabeça de Keigo com meus problemas, ele deve estar muito ocupado agora com o novo estagiário dele.

Meus joelhos já estavam doloridos de tanto que eu estava enrolando pra guardar as coisas, faltavam poucas, mas eu estava mais concentrada na conversa que tive com a minha avó. Eu acabei criando um pingo de esperança, mesmo que em meio à tantas inseguranças, estava otimista até certo ponto crendo que no final poderia dar tudo certo.

Eu tinha que começar a pensar numa conversa que eu poderia vir a ter com a mamãe, eu só não saberia como puxar este assunto em específico e nem se eu estava preparada pra receber um sermão dela e do papai. Eu diria que há dois lados da moeda:

Um: eles poderiam ficar muito bravos e me castigar de alguma maneira - infelizmente acho que esta é a mais provável.

Dois: eles iriam aceitar, porém não antes de me brigarem muito e, com certeza, darem advertências e restrições.

Como eu disse, isso me causou abelhas no estômago. Eu estava com muito medo do que poderia acontecer agora. E outra, eu com certeza veria ele com menos frequência.

Agora eu estava na frente do espelho assistindo a minha velha expressão melancólica se formar no meu rosto, não importa o quanto eu me esforçasse pra fazer ela sumir, o mínimo sorriso parecia forçado. Suspirei fundo e deixei o banheiro, eram onze da noite e eu estava sem sono e sem alguém pra conversar. Era eu e eu, como sempre foi.

Antes de me deitar na cama, ouço batidas na janela da varanda e meu coração acelera instantaneamente. Viro meu rosto na direção do barulho e lá estava ele, batendo suas asas num ritmo leve atrás da sacada.

- Keigo. - Sussurrei acelerando os passos e abri a porta da mesma, revelando o seu rosto angelical ao mesmo tempo que ele parecia estar carregando o maior dos pecados.

- Quer ir dar uma volta? - Ele foi direto ao ponto enquanto esticava sua mão.

Não respondi na hora por ter sido pega desprevenida pela sua ousadia.

Silêncio. Era tudo o que me restava naquele momento, embora o seu pedido fosse tentador meus pés estavam grudados no chão e eu não conseguia me mexer para agarrar sua mão e muito menos para evacuar e me trancar no meu quarto de novo. Estava estagnada ali e eu não sabia exatamente o porquê.

✔| 𝐀 𝐖𝐡𝐨𝐥𝐞 𝐍𝐞𝐰 𝐖𝐨𝐫𝐥𝐝 ‹𝟹 hawks.Onde histórias criam vida. Descubra agora