xx. último dia (marcante)

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Eu ainda estava paralisada encarando toda aquela situação na qual eu involuntariamente me envolvi.

Que droga, Keigo!

Minha cabeça se dividia em amaldiçoar ele com todos os nomes que me vinham na mente e em ficar totalmente indefesa em relação à noite anterior.

Pode não parecer, mas eu gostei da sensação de estar com ele e ficar rendida nas suas mãos, eu definitivamente repetiria essa dose, no entanto, eu acho que preferia que fosse em um local seguro onde a minha cabeça é livre de qualquer ansiedade -- ou inseguranças - que possam me atrapalhar. Assim, eu poderia aproveitar melhor o momento com zero medo de sermos pegos.

Mas eu deveria pensar num possível segundo round depois. Naquele momento a única coisa que eu queria fazer era esganar ele até ele implorar pelo meu perdão. Não que eu estivesse chateada de verdade, era apenas uma situação chata numa hora totalmente errada.

Como eu iria explicar aquilo pra todo mundo? Ninguém é burro o suficiente de acreditar que são ferradas de bichos. Céus, eu só queria enfiar minha cara nessa pia, ligar a torneira e deixar que a água leve todas as minhas paranoias. Mas parando pra pensar, dessa vez eu acho que elas são muito necessárias.

As marcas estavam concentradas na curva do pescoço, deduzi que uma camisa de gola longa poderia esconder fácil até elas sumirem naturalmente; mas é claro que eu daria um jeito pra elas irem embora o mais rápido possível. Eu devo pesquisar algumas coisas na internet ou... Fazer o quê eu acho que daria certo? Quer dizer, fazer uma compressa com água gelada sempre dá certo, não é?

Fiz uma nota mental de fazer isso mais tarde.

Eu não sei até que ponto a tia Olly e o Yoshi são liberais; seria muito fácil contar à eles que alguém esteve comigo noite passada, difícil seria prever as suas reações e se elas seriam boas ou não, afinal é a casa deles.

Mas eu pensei comigo mesma que eu não devo explicações pra ninguém. Me encarei no espelho com um olhar determinado e corri até a minha mochila na esperança de encontrar alguma camisa de gola longa.

Nada. Nada...

Revirei a bolsa inteira acabando por bagunçar ainda mais. Ótimo, eu teria dois trabalhos: Arrumar a bolsa de novo e dar um jeito de fazer esses malditos chupões sumirem. Que merda, Keigo.

Em poucos minutos eu seria convidada pela Olívia a descer para ajudá-la a fazer o café ou a tomar o café. Ok, respira fundo... Passei a mão no cabelo de forma nervosa e tentei manter a minha respiração em um ritmo natural. Eu preciso dar um jeito nisso, urgente.

- [nome],[nome]! - As batidas na porta eram copiosas e brutais, no entanto pela voz chutei ser a pequena Kaori. - A mamãe 'tá chamando pra comer... - Ela abriu a porta lentamente espiando com metade do rosto.

- Diga à ela que eu já vou, ok? - Num ato de desespero tapei o pescoço com a mão. Mesmo que eu não precisasse me preocupar visto que Kaori não entenderia a situação na qual eu estou presa.

A pequenina assentiu com a cabeça e fechou a porta do quarto lentamente.

Eu teria que me virar com o quê eu tenho... Pensei observando uma toalha de rosto em cima da estante do quarto. A enrolei lentamente no pescoço e verifiquei uma, duas, três vezes antes de sair do quarto pra ter certeza de que não iria aparecer. No entanto, seria meio estranho eu estar com uma toalha enrolada no pescoço do nada.

Ok, é só por alguns minutos...

Desci as escadas torcendo pra que ninguém comentasse sobre o elefante na sala.

- Bom dia, [nome]. Pra quê essa no seu pescoço? - Merda. Olly estava com um semblante cansado, mas estava se esforçando pra parecer alegre.

- Ia tomar um banho antes de descer. - Falei coçando a bochecha sem um motivo aparente. - Bom dia também. - Sorri.

✔| 𝐀 𝐖𝐡𝐨𝐥𝐞 𝐍𝐞𝐰 𝐖𝐨𝐫𝐥𝐝 ‹𝟹 hawks.Onde histórias criam vida. Descubra agora