Olá genteeee, mais uma história que estou escrevendo faz um tempo. Já tem 10 capítulos prontinhos para vocês, espero que gostem!! Se preparem porque lá vem bombaaa.
Não se esqueçam de ✨votar✨ para me ajudar <3
Eu não consigo entender esse fascínio da minha avó em querer agradar a todos. Simplesmente não me desce. E por esse instinto, ela está numa correria desde pela manhã.
O motivo disso? O filhinho dela e a família dele iriam voltar para Malhada dos Bois e morar aqui. Entediante.
Toda hora ela me chama para ajudá-la em alguma coisa, óbvio que eu não rejeito, não iria deixa-la fazendo tudo sozinha.
Afinal, o meu avô Sebastião, é quem deveria ajudá-la. Mas ele está num barzinho do povoado, se entupindo de cachaça. Como sempre. Enquanto isso, a escrava da família está se desgastando pelos arredores, cortando a lenha que não deveria ser cortada por ela. Isso mesmo, escrava. Eu sou redondamente contra esse sistema do ano desse século XIX.
Só de pensar que a coitada da Benedita está com as pernas cortadas e o rosto cansado, me dá tremor e nojo. O mínimo que eu poderia fazer por ela, era não deixar que meus avós a batessem ou explorasse dela. E eu estou fazendo isso.
—Celine! – Ouço uma voz feminina e esganiçada me chamar.
Eu estava sentada, recostada numa árvore qualquer do terreno da nossa fazenda, analisando uma casa ao lado que brevemente iria ser preenchida por uma família.
Meu tio, sua esposa e seus filhos iriam chegar a qualquer momento e vó Madalena estava fazendo de tudo para agradá-los. Compreensível, já que ele é o seu único filho.
Fazia anos que não os via e sei que eles mudaram muito, assim como eu.
Quem garante que eles não iriam ser um empecilho no meu caminho? Que iriam por todos a flor da pele? Ou talvez eles fossem salvar essa família, que está cada vez mais funda.
Profundidade a qual foi se aumentando desde que meus pais morreram há sete anos, quando eu tinha apenas dez anos. Foi um trauma terrível para o meu avô, que não foi o mesmo desde então. Minha avó ainda chora quase todas as noites pela morte da filha. E eu? Bem, eu já me acostumei, passei por tanta coisa desde que fiquei órfã, que aprendi na prática como é a vida.
—Celine, não está me escutando? – Madalena chega mais perto com um balde.
Noto uma mulher alta e magra surgir num vestido longo amarelo pastel e um avental branco, sem contar com o rosto fino e cabelo grisalho preso a um coque.
—Pegue um balde de água no poço, por favor! Leve-o para mim na cozinha.
Ela estende o objeto e me entrega. Essa água devia ser para mais um de seus caprichos. Torta de maçã, suco, chá, bolo de fubá e piso bem lavado.
—E, por favor, na volta troque de roupa, está parecendo um rapaz com essas calças e esse cabelo preso.
Eu reviro os olhos pelo comentário dela, mas resolvo ignorar.
A mulher mais velha se afasta em passos apressados. Quanta animação.
Tudo bem que eu estou com o cabelo um pouco bagunçado e eu uso calça nas pernas, mas não queria dizer que eu fosse um homem. Mas mulheres não podem usar calça, minha avó já estava me acobertando muito de não me obrigar a usar vestidos sempre.
Maldito século que eu fui nascer. Espero que um dia, usar calça ser uma coisa tão normal quanto qualquer outra peça.
Levanto de onde estava e passo as mãos nas nádegas, para limpar a areia que poderia estar ali. Pego o balde e caminho em direção ao poço.
Depois de pegar a água, andei para a cozinha e coloquei o balde no chão. Olho para a minha avó e cruzo os braços.
—Ah, Cel. – Ela começa, com um tom dramático. – Esqueci-me de pedir a você para buscar seu avô...
O tom misericordioso dela, implorava por aquilo. Ela queria que ele estivesse aqui quando o filho deles chegasse. Lágrimas surgem no olho da mais velha e eu não pude evitar de me pronunciar rapidamente.
—Vou ajeitar a carroça. – Eu olho para os lados e saio da cozinha.
Ouço a minha avó sussurrar algumas palavras para si mesma.
Eu tive de aceitar, não podia decepcioná-la. Ainda mais.
Chego até um pasto e chamo pelo cavalo que usávamos para carroça. Ele não é tão bonito quanto o outro. O que eu uso normalmente.
Habilmente pego o pangaré e o coloco na frente da carroça, para puxá-la. Quando tudo está pronto, parto para a estrada. A porteira estava aberta, então foi mais fácil de passar por ela.
E aqui estou eu. Sozinha. No meio da estrada. De novo.
Mas eu estou acostumada a fazer isso. Buscar o meu avô no bar. Eu sou a babá dele e por mais que o amasse muito, isso me desgasta. Mas eu faço isso por eles, porque já quase desisti de mim.
Fico alguns minutos sem passar em ao menos uma casa, depois começa a aparecer alguns casebres e terrenos de fazendeiros. Não demoro muito para chegar a um bar de parede desgastada, era ruim, mas o único que tinha por perto.
Saio da carroça e amarro o cavalo a um tronco cortado, fincado no chão. Tinha casinhas perto do bar, o que fazia dos meus movimentos, públicos. E o que eu menos quero é chamar atenção.
Entro no bar e sinto olhares masculinos pousarem em mim. Ando até o balcão, onde Sebastião estava sentado, e lanço um olhar fuzilador para o velho.
—Vamos? A diversão acabou. – Afasto o copo do homem a minha frente.
—Volte para casa, Celine. – Sebastião resmunga. – Me deixe aqui com os cabras.
Eu o vejo rir e sair respingos de saliva da sua boca. Sinto que ele falou sério na parte de voltar pra casa.
—Vamos! – Eu seguro no braço dele e ele rapidamente se desvencilha.
Ouço vaias tomar conta dos meus ouvidos e risadas pevertidas.
—Garota mal criada. – Grita um bêbado. – Respeite os mais velhos.
—Deixa que a gente dá um trato, seu Sebastião. – Mais risadas surgem.
Eu arqueio as sobrancelhas. Confesso que fiquei com um pouco de medo. Mas não iria deixar isso transparecer. Se fosse preciso, derrubaria cada um deles. Tenho nojo desses homens.
—Vamos logo, Celine! – Dessa vez Sebastião que fala.
As mãos fortes dele envolvem meu braço e me puxa para fora.
Parece que ele não está tão bêbado quanto parece.
Subimos na carroça e fomos embora. Eu guio o mais rápido que pude. Eu não iria deixar aqueles crápulas fazerem algo comigo. Mas era melhor prevenir do que ver acontecer.
Depois de alguns minutos na carroça, chegamos a casa. Enquanto eu soltava o cavalo, observava meu avô andando desgovernadamente até a varanda e entrar pela porta da frente.
Entro na casa também e vejo uma movimentação estranha.
—Vó? – Levo a minha mão à boca. – O que aconteceu?
Eu encontro Benedita abanando Madalena, que estava jogada na poltrona e a cor dela levemente amarelada.
Gostaram? Espero que simmm, porque os próximos são ainda melhores.
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A Dama Feroz
RomanceSete anos após a morte de seus pais, a vida de Celine corria conforme a sua (estranha) normalidade. Mas após a chegada de seu tio e sua família, ela percebe que todos parecem guardar segredos. Tudo sai do seu controle e tudo que Celine mais quer é a...