Capítulo XII

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 Eu arfo e olho para a figura a minha frente.

—Solte-me, está louco? – Sussurro alto, me desvencilhando dos braços do intruso.

—Tudo bem. – A pessoa diz.

—Augusto, dê o fora daqui. – Digo para ele. – Não seja intruso.

—Não era eu que estava a escutar duas pessoas consumarem. – O garoto diz, com malícia na boca e no olhar.

 Estreito os olhos e cerro os dentes, indignada. Ele tem razão. Não sei por que de repente eu quis espionar.

 Observo o rosto quadrado de Augusto iluminado pelo candelabro, ele me fita e segura minha cintura.

—Onde está Laura? – Pergunto, sentindo a respiração do garoto no meu rosto.

—Não falemos dela.

 Augusto levanta meu queixo para meu olhar encontrar com o dele. Os seus lábios estavam molhados e avermelhados, como se ele tivesse acabado de comer beterraba. Não posso cair em tentação.

 Já o beijei algumas vezes. Escondido, é claro. Ele não era o menino local mais lindo, mas com certeza o beijo dele é um dos melhores que já experimentei, por isso é tão difícil rejeitá-lo e não cair em seus braços.

 Mas Laura já havia me confessado que sente algo por ele e embora eu não concorde com a maioria das coisas que saem da boca dela, continua sendo minha prima e ela sempre tenta esquecer nossas diferenças.

—Não posso. – Me forço para sair do calor de seus braços.

—Por quê?

—Porque – Respiro, para poder soltar a frustração de meus pulmões. – eu já estou praticamente comprometida e você nem deveria estar aqui.

—Ahn, espera, você? Comprometida? – Ele me olha com curiosidade e decepção.

 Uma porta se abre e Augusto me puxa rapidamente para seu peito para que ninguém me visse. Escuto a pisada de um salto se distanciando. Dou uma espiada e vejo uma mulher com vestido preto. Joanne.

 Com quem ela estava?

—Precisamos ir. – Augusto diz.

—Sem olhar antes quem era a outra pessoa? – O encaro, mesmo nossos rostos estarem muito perto.

 Passos pesados surgem do outro lado do corredor, olho para a silhueta e apuro a visão para identifica-la. Não o conheço, mas ele tem uma expressão dura e desgostosa, como se estivesse comido algo estragado. Usava roupas vermelhas e uma bota preta pesada.

 Não daria tempo de saber quem era a pessoa misteriosa com quem Joanne andava se deflorando.

 Seguro a mãos de Augusto e me esgueiro para o lado oposto do corredor de forma ágil. Percebi no meio do caminho que o corpo masculino que eu puxava era pesado e lento.

 Quando estávamos em uma distancia segura, diminuo a velocidade, até parar e olhar o garoto com as mãos nos joelhos e rindo.

—Essa foi boa. – Ele fala entre risadas.

—Poupe-me de seus comentários gracejadores. – Disse e continuei a andar.

—Espere. – Augusto me acompanha. – Vamos dar uma volta.

 Penso em Laura e na cara de decepção que ela faria se me visse andando sozinha com ele.

—Não. Minha avó já deve estar sentindo a minha falta e, com certeza, não vai querer me ver com você ao meu lado.

 Sorrio e o deixo para trás sem o dar mais nenhuma explicação, seguindo para a sala.

 Ando lentamente até um assento vazio e me acomodo.

—Celine, participe da nossa conversa. – Madalena falou alto para todas escutarem e sorriu para mim.

 As moças e mulheres sorriram rapidamente em forma de cumprimento e voltaram ao assunto antecessor. Laura se enfia entre mim e Maria e cochicha no meu ouvido:

—Onde estava? Procurei-a por toda parte.

—Estava usando o banheiro. – Minto e Laura ri com a mão na boca.

—Você acha que Augusto gosta de mim? – Ela pergunta. – Ele não tirou os olhos de você, o que não me surpreende, já que você é uma das moças mais lindas que já vi.

 Eu coro, a olho com um sorriso franco e com as sobrancelhas juntas.

—Oras, você não se vê no espelho? – Tento parecer simpática, mas continuo. – Acho que é muito cedo para saber se ele sente ou não algo por você.

 Sinto-me mal por mentir. Mas de qualquer forma, não sei dos sentimentos de Augusto em relação à Laura.

—Bem, espero que ele pelo menos me ache bonita.

—A pessoa que você estiver gostando só vale a pena se ela te enxergar como a mulher mais linda de todas. – Digo. – Deveria conversar com sua mãe a respeito dele, quem sabe ela não facilita alguns encontros?

 Sorrio e ela também.

—Obrigada pelas dicas. – Ela segura uma mão minha.

 Aceno e sorrio para Laura. Vagarosamente analiso as mulheres que estavam na sala, até parar em Joanne. Ela não estava mais com o cabelo impecável, pois agora tinha uns fios soltos. A roupa estava levemente amassada e o batom gasto.

 Parece que ela se divertiu, e ainda consegue manter a pose, rindo e acenando com a cabeça. Quando a máscara dela iria cair? Anseio por isso.

 Ergo a cabeça e avisto Nicholas encostado de lado na abertura grande de um dos corredores – que dava para fora de casa –, as mãos estão nos bolsos e exibia um sorriso bobo. Ele acena para o corredor com a cabeça, sinalizando para eu o acompanhar.

—Vou dar uma volta, Laura. – Digo e me levanto, dando a entender que não quero ser acompanhada.

 De alguma forma eu estava me sentindo sufocada por todos. Até por Nicholas.

 Todos estão querendo a minha atenção e isso está me tirando do sério, já tenho meus próprios problemas para resolver e homens não podiam ser inclusos.

 Mesmo assim, acompanhei o meu primo.


Continua...

A Dama FerozOnde histórias criam vida. Descubra agora