𝙙𝙞𝙙 𝙖𝙣𝙮𝙤𝙣𝙚 𝙨𝙖𝙮 𝙨𝙖𝙡𝙨𝙖?

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NAILEA's point of view.
Manhattan, New York City, NY.

CASTANHO MEL no castanho escuro

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CASTANHO MEL no castanho escuro.

Agora que estávamos tão próximos, pude ter uma melhor visão de seus olhos, descobrindo serem os mesmos de um tom castanho duvidoso, diferente dos meus – bem escuros e comuns –  já que fugiam daquele padrão monocromaticamente marrom. Na verdade, eu podia jurar que, no centro de suas íris, a cor escura se fundia com uma mais clara, algo como pontos dourados.

A distância entre nossos corpos se resumia a meros centímetros. Para se ter uma ideia, eu nem mesmo sabia onde minha respiração acabava e a dele começava. Sua mão direita se repousava em meu quadril enquanto a minha esquerda ia em seu ombro e as restantes se entrelaçavam a frente de nós.

Ignorei todas as múltiplas sensações que brotavam do ímpeto de meu ser. Não me deixaria intimidar por um mero par de olhinhos dourados e mãos fortes. Obriguei-me a afastar a pequena vozinha no fundo de minha cabeça, que estranhamente pertencia a abuelita, e tentava repassar em velocidade recorde tudo aquilo que eu já aprenderá sobre salsa durante toda minha vida e decidi por seguir somente meus instintos, subitamente me desvencilhando da pegada firme do homem e agarrando a parte da fenda em meu vestido. Comecei a bater os pés de encontro ao chão olhando-o desafiadora em um convite silencioso para que se atrevesse a me acompanhar, o que para minha surpresa ele não tardou em fazer.

Começamos a rodear um ao outro, ele batendo palmas e pés enquanto eu me mantinha no barulho dos saltos contra o piso. Qualquer um que observasse de fora poderia dizer que estávamos nos preparando para um duelo, somente adiando o inevitável, além da pergunta de um milhão de dólares que não queria calar: quem daria o bote primeiro?

Ele me estendeu a mão, eu não tardei em agarrá-la e fui puxada em sua direção em um giro, batendo de encontro com seu peito logo quando a música alcançou o refrão. A partir daí, entrou um ritmo mais animado, que permitia com que nos soltássemos mais, mas nunca esquecendo toda a competição que aquela simples dança implicava.

Eu tinha que admitir, o cara dançava bem e considerando pelo balançar de meus quadris freneticamente ritmados, eu também não ficava para trás. Nem se podia perceber que, na verdade, não praticava a tempos.

Mueve tus caderas, muchacha morena
Bailame ese ritmo con sabor a plena
Deja ahí una pesetita pa' esa vellonera
Para que te olvides de todas tus penas...

A letra, dita com tanto fervor e afinação por parte do cantor porto-riquenho, não podia representar melhor o momento que nós encontrávamos, fazendo-me esboçar um sorriso ladino. A ação não passou despercebida por meu par, que logo tratou de retribuir, mesmo sem fazer ideia do que estava sendo dito pela música ou do fato de este ser o responsável por meu sorriso, o que só o fez aumentar, agora em divertimento.

𝐈 𝐃𝐎(𝐧𝐨𝐭) || 𝐯𝐢𝐧𝐧𝐢𝐞 𝐡𝐚𝐜𝐤𝐞𝐫Onde histórias criam vida. Descubra agora