𝙘𝙖𝙛𝙛𝙚𝙞𝙣𝙚 𝙝𝙞𝙩𝙨 𝙙𝙞𝙛𝙛𝙚𝙧𝙚𝙣𝙩

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NAILEA's point of view.
Manhattan, New York City, NY.

"OBRIGADA" – agradeci ao que a esguia garçonete de cabelos com mexas rosa pousava meu macchiato de caramelo sob a mesa

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"OBRIGADA" – agradeci ao que a esguia garçonete de cabelos com mexas rosa pousava meu macchiato de caramelo sob a mesa. Ela sorriu rapidamente para mim, parecendo pronta para voltar ao balcão, mas ao se deparar com meu acompanhante pude perceber que não pôde evitar ao demorar seu olhar sobre ele mais um pouco. Quis evitar revirar os olhos, afinal Vincent era sim um homem muito atraente, não era culpa dela que sua própria babaquice me impedisse de enxergar – em partes – então resolvi tomar um gole de minha bebida. Assim que a cafeína entrou de súbito em meu organismo, já pude senti-la fazendo algum efeito. Nada como saciar a sede de uma coffeeholic após uma péssima manhã de segunda, além de dar aquela aquecida. O outono chegava com tudo em Nova York.

Olhei em volta, a fila de pessoas postas a espera de pedir era bastante extensa, mas parecia mover rápido. Resolvi que pediria o café de Miranda na saída, assim provavelmente a fila teria diminuído e seu latte ainda poderia chegar ao escritório quentinho.

"Deixa eu ver se entendi..." – Vincent começou após roubar um pouco do monte de chantilly que repousava acima de meu café com a ponta de seu dedo. Entortei o nariz, lhe dirigindo uma careta, que ele pouco pareceu ligar. Não me deixou pagar nada para ele e ainda rouba meu chantilly? Ele deveria saber que era irritante, não era possível! "Você vive de modo ilegal nos Estados Unidos desde os 4 anos de idade, mas não fazia ideia sobre isso" – ele dizia de modo abafado, com o dedo sujo de doce ainda na boca. "E agora que está prestes a ganhar uma promoção no trabalho dos seus sonhos, corre o risco de ser deportada, sendo o único e mais rápido modo de se evitar isso se casando com um nativo. No caso, eu " – ele não precisava ter dito esta última parte de forma tão galante, mas disse, para a minha infelicidade.

"Praticamente isso" – respondi meio que no automático ainda focando em seu dedo. De sobrancelhas arqueadas, observava-o extremamente aborrecida, quase enojada. Como eu queria que ele tirasse aquilo da boca.

Em um estalo audível, ele finalmente o fez. "Como tem tanta certeza de que sou um nativo?"

Arqueei ainda mais as sobrancelhas, agora por motivos diferentes. "Ah faça-me o favor" – respondi-o incrédula. "Você é a personificação do homem branco americano!"

"Eu poderia ser canadense" – disse descontraidamente, afundando-se mais ao assento. Eu o olhava coberta em tédio, com minha maior expressão de cansaço.

"Você é canadense?" – arrastei a frase. As pontadas nas têmporas começavam a voltar e senti a imensa necessidade de pressioná-las com a mão novamente. Virei mais um gole de café na tentativa de fazê-las parar.

"Não" – deu de ombros. "Disse que poderia ser" – Argh!

"Então por que estamos discutindo isso?!" – e bati com o copo médio de plástico na mesa, me exaltando. O pessoal da fila me olhava questionador e os baristas me julgavam. Já Vincent, encarava-me de sobrancelhas arqueadas como que me perguntando se eu havia algum pingo de classe. Bem, não havia sido eu quem passara 5 minutos inteiros falando com o dedo lambuzado dentro da boca! Mesmo assim, recolhi um punhado de guardanapos e comecei a limpar o pouco do café que voara em direção a mesa. "Olha, me desculpe" – recomecei em tom normal, até um pouco mais baixo visto os olhares alheios ainda encima de mim. "É só que isso é tão estressante! Eu sei que minha situação não é das melhores e entenderia completamente se você não quisesse compactuar com tudo isso, mas ao invés disso eu estou aqui, apelando para o seu lado empático que eu tenho certeza de que está por aí em algum lugar, lá no fundo, bem no fundo..."

𝐈 𝐃𝐎(𝐧𝐨𝐭) || 𝐯𝐢𝐧𝐧𝐢𝐞 𝐡𝐚𝐜𝐤𝐞𝐫Onde histórias criam vida. Descubra agora