Capítulo 2

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CAPÍTULO 2

O AMOR SEMPRE VAI ACHAR UM JEITO DE NOS SURPREENDER, MESMO QUE A GENTE DIGA QUE NUNCA MAIS VAI ACREDITAR NELE.

MABEL:

Dirigindo pela cidade, me pergunto o que estou fazendo? Depois de tudo que passei, eu deveria fechar a porta do meu coração e correr o mais rápido que posso para longe de qualquer problema, mas eu mais pareço um ímã de todos os problemas possíveis, principalmente problemas para o meu coração recém curado, mas não curado totalmente. Paro o carro na frente de casa e vejo meu pai olhando pela janela, faz tanto tempo que ele não me vê saindo de casa, ainda mais dizendo que vou ver um "amigo" entendo a sua preocupação, posso vê-la em seus olhos todos os dias, quando saio de casa.
— Oi, cheguei — digo.
Meus pais estão na sala vendo Tv, os dois me olham esperando respostas que eu sei quais são, ando até a cozinha e a minha mãe me segue.
— Está com fome? — Pergunta.
— Não, comi macarrão com queijo com o Hugo.
Não quero mentir, e percebo que talvez, ela queria que eu mentisse.

Olho para ela mexendo o açúcar na sua xícara de café, a expressão no seu rosto é preocupada, tenho medo de falar do Hugo, sei que acabei de conhecê-lo, sei de tudo que eles tem medo, mas não posso deixar de viver a minha vida. Quando olhei para ele sentando nas escadas da faculdade, eu não sei, mas eu quis conhecê-lo, não posso e nem quero, deixar que o que aconteceu comigo me impeça de conhecer um cara legal, de me apaixonar, de amar, eu não quero me tornar uma mulher fria que acredita que todos os homens são iguais e que todos vão partir meu coração, eu não posso acreditar nisso, se assim eu fizer, vou me afundar, e eu não quero, já me afundei uma vez e o fundo do poço é um lugar sombrio.

— Mãe, o Hugo é legal e somos só amigos, não precisa ter medo — digo.
— Bom, eu não tinha antes de, você sabe.
— Por favor, não me torture com isso — imploro.
— Me desculpe, você sabe que não é a minha intenção.
— Eu sei — murmuro.
Ficamos em silêncio por alguns segundos, eu sei que não é só isso que ela quer dizer.
— Pode falar, mãe — digo.
— Não é nada, não estou contra você ou contra sua vida, é bom ver você saindo de casa, dirigindo, indo à faculdade, é claro que é, mas você sabe, depois que uma coisa como aquela acontece, a gente tem medo.
— E você acha que eu não tenho? — Ela suspira em derrota. — Eu acabei de conhecê-lo, e não posso negar, ele é atraente e muito legal, mas não vou mentir para você, se algo acontecer entre nós, você vai saber.
Ela balança a cabeça positivamente.
— Não é isso filha, não quero vigiar você, só quero que você seja feliz e que — ela faz uma pausa — que fale comigo se houver algo errado.
Meu peito queima, me sinto culpada, engulo seco para não me afogar nas lembranças ainda doloridas.
— Eu prometo que farei isso, mãe.
— A conversa de meninas já acabou? — Meu pai pergunta, entrando na cozinha.
Sorrimos para ele.
— Sim, mas quero dizer algo que nunca disse para vocês.
Os dois me olham ansiosos, enquanto tento segurar as lágrimas.
— Quero pedir perdão, por ter guardado tudo para mim, por ter escondido tudo, me envergonho, mas foi por medo — faço uma pausa — e eu juro que isso nunca mais vai acontecer.
— Eu sei, só não esqueça que é nossa função se preocupar — minha mãe diz, e acaricia meu rosto.

Depois de um banho, a noite seguiu silenciosa, estou no meu quarto, ouvindo minha playlist preferida, enquanto leio "Areia movediça" sinto arrepios na espinha, mas o encaro.
De repente, Meu celular toca, é a Emilly, e eu não sei se quero atender. Éramos amigas antes de tudo acontecer. Eu disse éramos?
Eu me mudei, me afastei, e ultimamente nos falamos bem pouco, acho que não temos mais o que falar, então apenas deixo tocar, até que recebo uma mensagem dela.

" Oi, como estão as coisas?"
Leio e me sinto culpada, então respondo.
" Oi, tudo bem, por enquanto eu sou só a novata, e gosto disso. E você, como está? "
" Preciso te falar uma coisa"
Engulo seco.
" Pode falar"
" Desculpa, mas preciso dizer, o Will ainda fala de você, diz que te ama, apesar de tudo que você fez, e que deseja seu bem."

Meu sangue ferve, estou pensando em como responder sem ter que demonstrar o quanto o meu total desinteresse, apesar dela saber muito bem, que não existe o "apesar de tudo que você fez".

" Que merda eu fiz com ele?"
" Ele disse que você era ciumenta demais, que era louca."

Me levanto e ando pelo quarto, as sensações que ele ainda me traz me esmagam, eu o odeio, tenho certeza disso. Espera um pouco, por que Emilly falaria com ele?

" Você tem falado com ele?"

" Às vezes, conversamos um pouco."

Meu Deus, ela só pode está louca, completamente louca.

" Não pode estar falando sério."

Minha vontade é de gritar com ela, sinto minhas bochechas quentes e meu coração acelerar.

" Mabel, as coisas mudam, ele também pode, afinal, é bom saber o lado dele, de tudo. "

" O lado dele é tudo que sabem, você acha que se soubessem meu lado, eu precisaria ir embora? Não seja idiota"

" Nos falamos depois"
"Não, não nos falaremos mais."

Isso só pode ser brincadeira, quer dizer, ela não brincaria com uma coisa dessas, brincaria? Me jogo na cama e respiro fundo para me acalmar. Foda-se, eu estou indo bem, não vou me abalar por isso, o que tiver que acontecer, não posso impedir, quem não aprende pelo exemplo que vê, aprende pelo exemplo que sente.
Estou cansada, troco a playlist, só quero dormir e esquecer de tudo. Odeio voltar para esse lugar na minha vida, odeio sentir que mesmo de longe, ele ainda tenha poder sobre mim, mesmo que seja para me fazer sentir raiva. Há meses tomei a decisão de seguir em frente, e de nunca mais aceitar menos do que eu realmente mereço, e entendi que eu sou boa e que mereço ser amada. Entendi que eu importo, que meus sonhos importam e que a minha vida é importante para muita gente. Entendi que mereço ser feliz.

A DROGA DO AMOR. ❤Onde histórias criam vida. Descubra agora