Capítulo 5

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CAPÍTULO 5

QUANDO NOS TORNAMOS AS PESSOAS QUE MAIS JULGAMOS TOLAS, É PORQUE FINALMENTE NOS APAIXONAMOS E NOS TORNAMOS IGUAIS.

MABEL:

Abro os olhos de repente, estou suando frio porque tive um pesadelo, e faz um tempo antes do último. Eu vi o Will, estávamos abraçados perto da mansão dele, ele sorriu, me deu um anel de diamante e disse que me amava e que iria me amar para sempre. E eu sei que isso parece bom ou um conto de fadas, mas é pesadelo. Provavelmente é o meu cérebro tentando me lembrar o que aconteceu da última vez que um homem disse que me amava.
Ignoro, não quero pensar no Will, ele não merece, mas vez ou outra meu subconsciente apita, como se dissesse ei, não esquece. É claro que eu acredito no Hugo, e eu também o amo, mas as marcas do passado, por mais que sejam invisíveis, elas existem, estão aqui, e ainda posso senti-las.

Ainda me arrepio quando lembro da voz do Hugo no meu ouvido. Desde o primeiro dia que percebi a intensidade do seu olhar, que não paro de pensar nele. Adoro a maneira que ele morde a boca sem perceber enquanto me ouve, ou, a maneira que ele sorri sem mostrar os dentes, e melhor ainda, quando ele faz os dois ao mesmo tempo, eu definitivamente sou louca por ele, não importa se eu me machuquei no passado, eu não vivo mais lá, eu vivo o hoje, o momento, eu me entrego a tudo, eu me entrego a ele, eu quero ser feliz, eu quero ser dele.

Se tem uma coisa que eu aprendi observando as pessoas e seus relacionamentos, é que eu sou a maior fã do amor. Só amor une as pessoas e as transformam na versão mais clichê de amar outro alguém. Todo mundo quer amor, e muitas vezes passamos a vida procurando, mesmo estando há cinco anos com alguém. Dói admitir, mas é verdade. Hoje eu entendo o porquê.

As pessoas querem que o amor diga que tudo que nos machuca profundamente é normal, querem que o amor esteja nas pessoas absurdamente lindas, como se o amor estivesse na beleza das pessoas, quando, na verdade, o amor é a própria beleza.

As pessoas não lutam mais por amor, elas insistem em aceitar migalhas, usam o tempo ao lado das pessoas, como desculpas para permanecerem em relacionamentos vazios e sem amor. Se o tempo que ficamos ao lado de alguém fosse realmente respeitado, as pessoas finalmente entenderiam que o amor é constância, e se você não se despõe a manter um relacionamento da mesma maneira que fez para conquista-lo, não espere que ele vá durar, tampouco, que ele seja bom.

Ouço batidas na porta, e sei que é o meu pai, ele sempre bate três vezes e espera que eu diga algo ou que abra a porta.

— Entra — digo.
Ela abre a porta, mas não entra, e me vê sentada na cama.
— Tudo bem? Não desceu para tomar café.
— Vou descer, só estava pensando.
Minto, como se não tivesse acabado de acordar aterrorizada com meu novo pesadelo.
— É alguma coisa que eu possa ajudar?
Há uma certa aflição na sua voz.
— Não — disparo.
Seu semblante cai, ele parece pensativo, dar mais alguns passos para dentro do quarto e suspira, enquanto encara o chão.
— Me desculpe, eu não queria ter dito aquilo, na verdade, eu me arrependo profundamente do que disse, não foi justo.
— Tá tudo bem, eu sei.
— Não é porque você sabe que eu não queria te machucar, que eu deva fazer isso. Existe um grande limite entre o que é aceitável, para o que é tolerável. Aceite as desculpas, mas nunca tolere que ultrapasse seus limites, nunca. Porque uma vez que esses limites são ultrapassados, não tem mais volta.

De repente, me sinto esbofeteada, estou totalmente surpresa com a tamanha verdade de suas palavras.
— Isso é verdade. Um excelente conselho, pai.
Balanço a cabeça positivamente, enquanto ele se aproxima e se senta na ponta da cama.
— E eu queria ter dito isso antes.
Nós apenas nos encaramos, porque sabemos o que isso quer dizer, e o quanto isso dói para nós dois.

A DROGA DO AMOR. ❤Onde histórias criam vida. Descubra agora