A DROGA DO AMOR. ❤

Capítulo 14

CAPÍTULO 14
ÀS VEZES O FIM, É RECOMEÇO.

HUGO:

Abro os olhos, e enquanto o sol toca meu rosto, eu percebo a cama vazia, e isso me aterroriza. O pouco vento que entra no quarto balança a cortina branca, e no vai e vem, eu consigo ver a Mabel, sentada em uma das espreguiçadeiras, eu suspiro totalmente derrotado, de alguma maneira, eu sei o que isso significa. Me sento na cama e observo o começo do dia que eu sei que será ruim, nunca pensei que dormiria ao som de choro e soluço, me lembro de estar congelado, eu não sabia o que fazer, apenas abracei seu corpo na tentativa de amenizar sua dor, se eu pudesse daria a ela meu coração, mas seria um novo coração destruído, então não adiantaria muito.

Me visto e vou ao encontro dela, e assim que abro a porta, percebo seus olhos tristes, recém molhados. Eu não posso mais forçar, ela não está bem, eu a amo, mas não posso mais continuar achando que vamos resolver tudo, talvez ela não queira mais, talvez, a gente não resolva nada, dói imaginar que me manter longe seja o que ela precisa, mas eu prefiro mil vezes vê-la feliz.

Me aproximo devagar, e ela continua olhando para frente, segura uma xícara de café e sua mochila está pronta ao lado, seu fone no pescoço, está vestida como se estivesse pronta para ir embora, e agora não tenho certeza se ela me esperaria acordar. Me sento ao seu lado, suspiro e espero ela dizer alguma coisa, eu não sei mais o que dizer, mas ela continua olhando fixamente as flores amarelas caírem da árvore tão bonita e serem levadas pelo vento.

— Tudo bem? — Pergunto, e logo desvio o olhar.
Talvez eu não queira realmente saber a resposta, tenho certeza que não é algo que eu queira ouvir, e me sinto egoísta. Amo tanto ela, que não quero perdê-la, por nada, nem para ninguém. Ela finalmente me olha, vejo ela tentando segurar as lágrimas esboçando um sorriso.

— Hugo, eu te amo, eu quero que você saiba que eu te amo demais, mas eu não posso mais seguir em frente.
E nesse momento, meu mundo caiu completamente.

— Como assim? Do que está falando?
No auge do meu egoísmo, eu finjo que não compreendo, porque de fato, eu não quero.

— Quando eu cheguei na cidade, depois de todo o inferno que eu vivi, eu prometi para mim mesma, que nada parecido, ou 1% que fosse, nunca mais aconteceria. É como se um fantasma me assombrasse.

— Amor... — eu começo, mas ela me interrompe.

— Ontem você me lembrou de quem eu era, me lembrou dessa promessa, me lembrou, que você merece alguém que não esteja quebrada, você não merece o fardo de tentar me consertar, porque talvez eu nunca tenha conserto.

— Mabel, por favor, vamos ficar juntos — imploro.
O olhar dela é tão triste que me dói, e eu vejo claramente que essa não foi uma decisão fácil. E ela tomou essa decisão ontem, enquanto transávamos nos despedindo.

— Eu não posso me amar menos ou trair a mim mesma, porque isso abre uma porta na minha vida, onde eu aceito menos do que eu mereço, e eu não posso mais fazer isso — ela diz chorando e eu pacientemente chego mais perto, seguro sua mão e limpo suas lágrimas segurando as minhas.

— Eu respeito a sua decisão, de verdade, eu entendo, você tem medo, infelizmente você ainda tem medo de que tudo aquilo aconteça novamente, você tem medo até mesmo de estar amando um próximo agressor, é compreensível — digo e faço uma pausa. — mas eu quero que você saiba, que eu amo você, se eu fiz algo que te machucou, eu peço perdão, mesmo frustrado, mesmo desmoronando por dentro, eu sei que é difícil em relação ao que você passou, e como você se sente.

— Me desculpa, mas eu preciso de um tempo, isso também me dói muito, mas eu preciso de um tempo.

— Eu sei, tá tudo bem — digo — eu sou egoísta porque não querer perder você, eu sei que sou, mas eu te amo demais e só quero te ver bem.