Capítulo 10

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CAPÍTULO 10

NEM SEMPRE A NOSSA ÚNICA OPÇÃO É SER FORTE, PODEMOS SURTAR, CHORAR, SENTIR RAIVA, NÃO SOMOS A PORRA DE UM ROBÔ.

HUGO:

Estamos na estrada já há algum tempo, ouvimos nossa playlist preferida, conversamos sobre nossas vidas, e agora estamos em silêncio. Me animo assim que avisto um posto de gasolina, estou cansado e preciso de alguma coisa para me manter acordado, um café talvez? Quem diria? Eu tomando café, mas preciso me manter firme.
Descemos do carro e a sensação de esticar as pernas é boa depois de um tempo dirigindo. Sinto o cheiro de café assim que adentramos a lanchonete, Mabel pede dois cappuccinos grandes, e de repente, começa a chover forte e nós corremos de volta ao carro e ela começa um jogo de perguntas bem divertido para matarmos o sono.

— O que você pensa em fazer no futuro? — Ela pergunta.
— Amor, você sabe que sou péssimo nisso.
— Não consegue pensar em nada?
— Ficar com você, conta? — Ela ri.
— Além disso, amor.
Eu penso no que falei com meu pai recentemente.
— Bom, eu não sei, penso em abrir um negócio com o meu pai.
Ela sorri imediatamente.
— Isso é ótimo.
— E você? — Pergunto.
Ela desvia olhar e sorri, provavelmente pensando na imensidão de coisas que gostaria de fazer.
— Eu quero ter uma livraria um dia, quero ficar cada vez mais perto dos livros.
— Isso é muito bom, é a sua cara.
Nós rimos um para o outro.
— Posso fazer uma pergunta?
— Claro que pode.
— Seu primeiro amor foi traumático ou você guarda boas recordações?
De repente, ela gargalhou alto.
— Meu primeiro amor foi na verdade, uma comédia — ela ri, fazendo uma pausa — ele "topou" namorar comigo, mas nunca me beijava. Ele sempre elogiava as minhas roupas, assistia programas de moda comigo e depois de três meses, ele me chamou no banheiro da escola e me disse que era gay, que só namorava comigo para que os garotos do time de futebol mudassem de assunto no vestiário, por quê todos desconfiavam.
Eu rio.
— É sério?
— Sim, fomos amigos por um bom tempo ainda, eu o ajudei a fingir, até ele se assumir.
— Uau!
— Então... Você nunca se apaixonou mesmo?
Eu a encaro e ela ri.
— Você ainda não acredita em mim?
— Acredito, é que sei lá, se apaixonar é tão fácil, como você passou todo esse tempo ileso?
Eu rio.

— Eu não costumo me abrir com as pessoas, nem era como os garotos que estudavam comigo, que tudo que falavam era sobre garotas, mas eu já achei que tinha me apaixonado uma vez — faço uma pausa — a verdade, é que se eu for comparar tudo que já vivi com você, naquela época eu nem sabia o que era amor. Mas ela foi a primeira garota que eu beijei, que eu toquei, mas ela foi embora, nos falamos umas duas vezes pelo telefone e depois disso, nunca mais, eu não queria me apegar a uma pessoa que estava longe, então, eu me tornei aqueles caras.

— Que caras? — Ela parece curiosa.

— Eu sai com um monte de garotas — seu semblante cai — até eu perceber o quanto isso é uma coisa idiota sabe, não vale a pena, e nem faz de mim mais homem, só me torna igual a muitos.
Ela sorri, como se aprovasse a minha resposta.

— Bom, minha vez... qual o seu sonho? Tipo, o maior sonho.
Ela sorri e responde sem pensar muito.

— Morar de frente à praia, acordar de manhã bem cedo, abrir a porta e andar descalça com uma xícara de café até o mar, molhar os meus pés, e só depois, começar o dia.
— Uau! Um ótimo sonho.
— E o seu? Por favor, não me diga que não tem sonhos.
Eu sabia que ela faria essa pergunta e me prefiro ser sincero.
— Eu ainda não sei, eu não sou como você amor, que já nasceu cheia de sonhos, eu ainda não encontrei o meu.

— Me promete que vai encontrar, e que vai lutar por ele, e que vai me dizer, assim que souber — Eu rio, é claro que ela diria isso.
— Prometo — asseguro e beijo sua mão.
Ela sorri e aperta o casaco no seu corpo, está um pouco frio, acaricio suas pernas tão lindas ao meu lado e olho para o sorriso mais lindo que eu já vi na vida.

A DROGA DO AMOR. ❤Onde histórias criam vida. Descubra agora