A DROGA DO AMOR. ❤

Capítulo 7

CAPÍTULO 7

QUANDO VOCÊ OLHA PARA UMA PESSOA NA RUA, VOCÊ ESTÁ OLHANDO PARA UM LUTADOR. QUANDO VOCÊ OLHA PARA A MULTIDÃO, VOCÊ ESTÁ OLHANDO PARA MILHARES DE LUTADORES. TODOS NÓS ESTAMOS LUTANDO PARA SER FELIZ.

MABEL:

Em uma noite, enquanto eu me arrumava para sair com o Will, me vi optando pelos vestidos longos, não porquê eu gostava, mas por medo. E eu odiava sentir medo. Prendi meu cabelo longo que há tempos queria cortar, mas ele era contra, é claro que seria. Suspirei cansada, estou cansada de tudo, não estou satisfeita com a minha aparência de passarinho preso em uma gaiola, é deprimente. Encarei-me de frente ao espelho sem nenhuma maquiagem, sem o meu batom vermelho, o meu preferido, sem dignidade. Por um momento eu não me reconheci, mas pensei em colocar apenas o batom na esperança de que ele não se importasse, afinal de contas, eu estaria apenas de batom.

Dirigi até o bar onde seria o aniversário de um dos nossos amigos em comum, claro que só em teoria, eu jamais teria amigos homens. Quando abri a porta, vi Will sentado bem à vontade ao lado de uma garota loira, ela era linda, mas parecia ironia ele se interessar por ela, com seus lindos seios firmes a mostra em um decote, e sua boca carnuda desenhada com um batom vermelho, uma mulher que com certeza ele chamaria de puta. Ela rio do que ele falou em seu ouvido e eu não sabia se sentia nojo, alívio ou medo por ela, porque eu sabia bem do que ele era capaz.

No momento em que ele me viu, seu semblante mudou, ele me encarou com um olhar de reprovação como se estivesse com nojo de mim, era o que ele sempre dizia. Senti um frio na barriga me atingir, mas andei até ele que se levantou e sorriu para mim, como sempre fazia na frente das pessoas, afinal, ele sempre foi muito gentil, atencioso, carinhoso, o cara que ajudava velhinhas a atravessar a rua, o cara que  fazia caridade todo ano, o cara que a família pagava a faculdade dos filhos dos empregados. Como alguém acreditaria em mim, se eles eram a típica família perfeita?
Ficava enjoada toda vez que ouvia minhas amigas dizendo que ele era perfeito e que eu tinha sorte. Ele sempre foi muito bonito, alto, magro, atlético, seus olhos são azuis, seu sorriso é incrivelmente bonito e ele é muito simpático, olhando por fora, ele é quase perfeito, o problema é que eu olhei por dentro, e as pessoas não acreditariam que não tem nada lá dentro. Ele é um monstro, autoritário, que acha que o dinheiro compra tudo e qualquer um, e que acredita que as mulheres são inferiores, um pensamento que seu pai também compartilhava.

Cumprimentei todos com um ligeiro sorriso, jamais me atreveria a chegar perto de um homem que não fosse ele. Mas me sentir em paz em pensar que ele não se importou com o batom, mas no momento que esqueci o que vivia, que comecei a me divertir com as minhas amigas, que tomei um drink como uma pessoa normal, como qualquer outra pessoa, Will não suportou, ele me segurou pelo braço na frente de todos e me levou até o banheiro de maneira hostil, pegou um papel higiênico e limpou o batom da minha boca com violência, depois segurou meu rosto bem perto do dele e me encarou antes de falar:

— Agora sim, está parecendo uma mulher de verdade — ele fez uma pausa, fechou o punho e o forçou contra meus lábios, enquanto eu chorava apavorada — eu já te disse, esse batom te deixa igualzinha a uma puta. Agora volte para lá e não me envergonhe mais.
Ele me empurrou contra a parede com força, enquanto eu tentava me controlar.

— Para de chorar porra, isso me irrita — ele gritou.

Lavei meu rosto e engoli as lágrimas, minha garganta doía, porque eu nunca quis tanto chorar na minha vida, engolir as lágrimas é tão doloroso quanto o motivo que nos faz chorar.
Ele segurou minha mão e nós caminhamos de volta a mesa, todos ficaram em silêncio, talvez chocados, ninguém disse nada e eu nunca sentir tanta vergonha na minha vida. Não consegui encarar as pessoas ao redor. Eu não conseguia falar, embora tudo em mim me mandava gritar com ele e o acusar de tudo, mas não tive coragem.