Você já conheceu alguém num autocarro de viagem, e imaginou sua vida inteira ao lado dessa pessoa?
Dara Mendes tem 21 anos, e esconde um grande segredo da irmã mais velha, sem saber como contar para ela, decide fugir de casa, com o objectivo de enco...
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Um ciclone... um ciclone é uma grande perturbação na atmosfera terrestre, ele traz consigo chuvas e trovoadas o que causa um grande estrago!
Por muito tempo fui como um ciclone na vida das pessoas. Destruí coisas demais, fui egoísta em todos os momentos, coloquei os meus interesses em primeiro lugar, não pensei nas consequências dos meus actos, estava na hora de colocar um fim nisso. E a única forma de fazê-lo era indo embora, me afastando de todos para não causar mais estragos.
Depois que a Niara saiu do meu quarto, voltei a escrever a carta. - estamos em pleno século XXI, já não se escrevem cartas hoje em dia, eu sei! Mas não seria a mesma coisa se simplesmente enviasse pelo WhatsApp.- era como se todo o peso que carregava diminuísse um pouco ao pô-lo no papel por meio daquelas palavras que eram tão difíceis de dizer em alta voz.
Terminei de escrevê-la e voltei a colocar por baixo do travesseiro. Enquanto o sono não dava o ar da sua graça, o teto me serviu de tela - admirava a pintura creme perfeitamente lisa no teto falso, e a lâmpada que iluminava grande parte do quarto - eu não me permitia pensar, preferia fazer qualquer outra coisa a deixar que meus pensamentos me condenassem.
Me revirei na cama várias vezes procurando a posição mais confortável, para assim conseguir pegar no sono. Não sei em que momentos meus pensamentos cessaram, mas acabei por dormir.
Acordei com o alarme do telefone da Niara tocando - tocava tão alto que com certeza Gamek inteira ouviria - me levantei preguiçosamente, enquanto olhava para o meu quarto.
Aquela seria a última vez que acordaria nele, que veria o guarda-roupa cheio de autocolantes velhos da Hannah Montana e com rabiscos feitos por mim na adolescência.
A cômoda do lado esquerdo da minha cama, repleta de livros que por muitos anos me fizeram viajar nas palavras do grande poeta maior* e de Pepetela*, sentiria falta de cada cantinho desse quarto.
Esfreguei os meus olhos e me ajeitei na cama, decorando mentalmente o plano. Eu sabia toda a rotina da Niara, era a mesma desde que viemos para Luanda:
