Dias actuais
O autocarro parou em terras benguelenses por volta das 11 horas — os cálculos do Kennan bateram certo — descemos, e tiramos nossas bagagens de dentro do porão.Arrastamos as nossas malas para o parque interprovincial da Macon no Lobito. Vários outros carros estavam estacionados por lá, e outros passageiros desciam também.
Assim que chegamos à recepção, avistamos as filas para a compra dos bilhetes.
E do mesmo jeito que foi no parque de Luanda, no do Lobito era igual.
A troca era feita por meio de um espaço circular em um vidro que separava a recepcionista, dos compradores de bilhete.
Suspirei e disse mentalmente: "Aqui vamos nós outra vez..."
Lobito é uma cidade, e um município da província de Benguela. O autocarro parou no parque provincial daqui, pelo município possuir uma rota que nos permite ir direito para o Lubango.
Ao contrário do parque da Macon em Luanda, o do Lobito era pequeno, mas extremamente organizado.
As cadeiras na sala de espera estavam devidamente arrumadas, haviam poucos passageiros por lá, porque o pequeno parque tinha a capacidade de albergar apenas 5 ou 6 autocarros.Estar envolvida àquele ambiente de viagem novamente, levou-me ao princípio do dia de ontem: eu era uma rapariga assustada que tinha acabado de fugir de casa, e que viajaria sozinha pela primeira vez. E agora parecia que foi há algum tempo, por eu ter mudado tanto no processo.
Depois de um tempo à espera, Kennan foi atendido na fila dos bilhetes — decidimos que ele os compraria, e que eu ficaria a controlar as nossas bagagens na sala de espera. - Que até era bem confortável. — Pelo menos as cadeiras de ferro não eram geladas!
Estava com os braços cruzados na altura do peito e mexia os pés impacientemente pela demora de Kennan. Ouvia os "zum-zum-zuns" de alguns passageiros dizendo que: o Parque do Lobito ficava localizado na Belavista perto das montanhas, ou seja, distante de todo e qualquer lugar próximo para almoçar. O que significava que o nosso plano de sair por uns instantes iria por água abaixo.
— Oi! — Kennan falou ao se sentar do meu lado.
— Por que demorou tanto? — perguntei.
— A recepcionista gostou dos meus olhos cor de mel, ficamos na conversa, e acabamos por perder a noção do tempo. — disse zombeteiro.
Aquilo podia ter sido engraçado, se eu não tivesse entediada e com fome. Revirei os olhos, e insisti com o olhar para que ele dissesse a verdade.
— Ok! — Pôs as mãos para o ar, em rendição — Perguntava à recepcionista os melhores sítios para se almoçar, uma vez que ela vive cá no Lobito.
— E como sabe que ela vive cá?
— Bom... Ela deu mais informações sobre si mesma como: o filho gatuno que tem, e até sobre o marido que faleceu!
— Como conseguiu toda essa informação? — falei entre risos.
— Acho que as pessoas sentem confiança em contar as coisas para mim! — deu de ombros.
— Tá!... e sobre os lugares, o que ela falou?
— Ah sim! — estalou os dedos, e se encurvou, apoiando os cotovelos nos joelhos, e gesticulando com as mãos como se me ilustrasse seu plano no vazio — Tem um lugar, a um táxi de distância daqui, é um restaurante bar que segundo ela, é muito interessante.
— A um táxi de distância? — questionei.
— Sim!
— Tem a certeza que não perderemos o autocarro?
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Por mais horas com você
RomanceVocê já conheceu alguém num autocarro de viagem, e imaginou sua vida inteira ao lado dessa pessoa? Dara Mendes tem 21 anos, e esconde um grande segredo da irmã mais velha, sem saber como contar para ela, decide fugir de casa, com o objectivo de enco...