Welwitschia Mirabilis

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                      Dias actuais
O carro andava pelas ruas do Gamek, parando de tempo em tempo, devido ao trânsito

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                      Dias actuais

O carro andava pelas ruas do Gamek, parando de tempo em tempo, devido ao trânsito. Quando já passava do meio-dia Luanda era agitada:
Essa era a hora em que as pessoas saíam para almoçar, alguns largavam do serviço e tudo o que queriam era chegar cedo à casa, e os outros, nesse caso nós, queríamos sair de Luanda.
Mas para isso, tínhamos que aturar o trânsito, e o calor infernal.

Por mais que eu quisesse continuar ouvindo música, o barulho lá fora, e o desconforto pelo calor, falavam mais algo.

Tirei o auricular e entreguei-o à Kennan, inclinei o meu corpo para frente, de modo a conseguir tirar o casaco de couro que usava — eu suava imenso, não estranharia se do meu rosto caísse gotas grossas de suor.

— Estás bem? Quer uma água? —  ele apoiou sua mão nas minhas costas.

Olhei para ele com um olhar de reprovação, e isso o fez retirar sua mão.

— Eu estou bem... —  me abanei com as mãos — E quero uma água sim!

Ele se levantou, e aproximou-se da janela que ficava do meu lado esquerdo, essa aproximação me deixou desconfortável, porque eu tinha que me imprimir na cadeira, e virar o rosto na direcção contrária à janela, porque o espaço entre o seu corpo pressionado a ela, e onde eu estava sentada era minúsculo.

— TIA D'ÁGUAAA  — gritou.

Depois desse grito, todas as senhoras vendedoras de água fresca, entraram em uma luta de quem chegaria primeiro à janela.
Várias senhoras se aproximaram da mesma, e cabia a Kennan escolher a qual delas compraria.
Elas davam argumentos sobre a qualidade do seu produto, algumas chamavam nomes carinhosas para ele, ou diziam frases como: "compra meu fofo" " compra na tia, meu bonito".

E convenceu-o a Senhora que levava um bebé às costas, em meio àquele sol desgraçado! - no lugar dele faria exactamente a mesma escolha! - as outras senhoras que não tiveram a oportunidade de vender da sua água, saíram de perto da janela murmurando e dando muxoxos altos. Elas iam de carro em carro na esperança que alguém comprasse.

Kennan pagou pela água, e agradeceu à senhora, antes que ela fosse embora. Ele voltou a se sentar em seu banco, e eu pude respirar em paz, sem mais me achatar no banco, ou estar indecisa entre olhar para a bunda dele, ou para direcção contrária.

Ele me entregou a embalagem cheia de água fresca, e eu agradeci.
Rasguei-a com os dentes, em um dos cantos. Minha boca entrou em contacto com aquela água gelada, que trouxe um pouco de frescura para o meu corpo inteiro. Eu só queria beber mais dela e nem me preocupei se a pessoa do meu lado também queria um pouco.

Quando terminou, me senti aliviada, olhei para Kennan, que me fitava horrizado:

— O quê? Você queria também? — chacoalhei a embalagem vazia em minhas mãos.

— Não... eu não bebo água fresca... só fiquei admirado com tamanha sede!

— Como assim você não bebe água fresca... de onde você é?

Ele riu da minha pergunta, como se a resposta fosse muito óbvia.

— Eu sou do Lubango, Nasci e cresci no Lubango!

O carro andou um pouco e logo a seguir parou.

— Ah sim! claro!

A resposta realmente era óbvia, eu estava em um autocarro que tinha destino para o Lubango!
Lubango é a capital de uma das províncias mais frias de Angola, a Huíla, acredito que isso justificava o facto dele não gostar de beber água fresca!

— Você deve ser de uma província quente... e a pouco tempo disse que teria uma viagem de dois dias... —  pôs a mão sobre o queixo, analisando.

Ele tinha um pequeno bigode se formando, seus lábios eram carnudos, sua boca era pequena, ele tinha um nariz bonito, arrebitado e bonito, seus traços eram finos, poderia ser considerado bonito, se seus olhos não fossem como duas lanternas grandes.

— Namibe? Você é do Namibe?

Ele repetia algumas palavras, notei esse padrão quando ele falou o nome dele, e agora ao constatar que eu era natural do Namibe. — me lembrou alguém, que fez parte da minha vida, há um tempo.

— Sim... eu sou do Namibe!

— Está a quanto tempo aqui em Luanda?

O carro voltou a andar, mas dessa vez ele não parou, continuou andando sem mais interrupções.

— Estou aqui a 3 anos... e você?

— Eu só venho aqui passar as minhas férias, não é uma província que dá vontade de ficar por muito tempo!

Tinha que concordar com ele. Esses anos em que morei aqui, foram os piores da minha vida. Ela já não era a mesma coisa, desde o motivo que nos levou a sair do Namibe, mas nunca pensei que seria pior ao vir para Luanda.

— Porquê vai para o Namibe?

Pensei por um tempo antes de responder àquela pergunta.

— Eu... preciso ir para lá — olhei para um ponto qualquer, da janela

— Isso não é uma resposta convincente!  — contestou.

— E a única que tenho...— rebati

— Tudo bem... onde você estuda?

Eu sou a favor do silêncio e contra interrogatórios que não me dariam um emprego no final do dia, e só por isso, começava a me arrepender de ter o chamado a sentar de volta, do meu lado.

— Podemos voltar a ouvir música em silêncio por favor? — forcei um sorriso.

Não esperei uma resposta vinda dele, e voltei a colocar o auricular nos ouvidos.
Minha atenção estava toda voltada para a janela, para as pessoas que passavam como vultos.

Todo mundo amava ir para capital do país, porque lá era o centro das oportunidades, e a vida era supostamente melhor.
Mas a realidade da província se via nos bairros mais pobres, em que as ruas não têm as melhores condições, onde as pessoas não podem ficar por muito tempo na rua, porque sabiam as horas em que os delinquentes actuavam.
A realidade se via ao perguntar para uma zungueira*, quanto conseguiu durante o dia, para dar de comer aos filho. E eu não via outra além dessa.

Luanda era uma província boa, mas para isso você precisava ter dinheiro no bolso, e desse jeito as oportunidades viriam e a vida boa também.

Mas Namibe diferia... lá as oportunidades vinham até mim de maneiras extraordinárias, e não precisava de dinheiro para isso, tudo o que eu precisava era ter um coração bom... e quem dera que eu tivesse isso na época...

       Namibe, 1 de março de 2009

                    19 h: 05 min

Nas horas que se seguiram, fui ignorada por Bruno, que desde o momento em que o rejeitei, não mais me dirigiu a palavra.
E a regra do grupo, era que nesse dia, todos os olhos estivessem postos no futuro aniversariante, então Valquíria e Lueji, andavam de cima a baixo com o Bruno, fazendo tudo o que ele desejasse fazer, e indo para todos os lugares que ele quisesse ir, ou seja: bem longe de mim.

Eu continuei no terraço da casa dele, sentia todo o frio que fazia naquela noite, apreciava a linda vista daquele lugar: o mar negro no horizonte e as luzes das casas acesas.
Meu pai prometeu me buscar antes do pôr do sol, mas já passavam das 18 h, e nada dele aparecer.

A vista do telhado havia me cansado, virei meu corpo em direcção as escadas, e levei um susto ao ver o rapaz extremamente claro perto delas!

— Desculpa! você estava tão distraída, que eu nem quis te incomodar!

Era o Bráulio.

—  Porquê não está com o meu irmão e os seus amigos? — ele subiu os últimos degraus que faltavam, para o terraço.

— Bruno... não me quer por perto! — mordi o lábio inferior.

— O que você fez?

É claro que as culpas recairiam sobre mim, Eu apenas disse que não o amava, mas parece que o seu irmão não lida bem com rejeição!

— Não fiz nada... —  menti — Você pode me levar para casa?

— Mas tão cedo? São apenas.  — ele olhou para o relógio vermelho em seu pulso — 19 horas e 15 minutos!

Era impressão minha ou ele queria que eu ficasse?

— Sinto que não faço nada aqui... então acho melhor ir para casa! — insisti

— Tudo bem...  — ele deu de ombros - Eu levo você!

    
                             ***

Passamos todo o caminho em um completo silêncio, o clima só não estava constrangedor, porque tocava na rádio, a música azuwula de Gabriel tchiema. Ouvíamos desde o momento que saímos da casa do Bráulio, e Já estava farta de ouvi-la.
Em um impulso rápido, tentei trocar a música, mas Bráulio pensou na mesma coisa que eu: nossas mãos foram ao mesmo tempo, ao encontro do botão da rádio, o contacto entre elas, foi como se ondas eléctricas fossem transmitidas, parecíamos cargas eléctricas com o mesmo sinal... nos repelimos segundos depois do toque.

E o clima ficou ainda mais constrangedor. Braúlio desligou a rádio e o silêncio dominou o lugar. Se se prestasse atenção, era possível ouvir nossas respirações ofegantes e nossos corações batendo em ritmos descompassados.

Olhei para a janela, evitava ao máximo o contacto visual. Era mais fácil olhar para a rua iluminada pelos postes acesos, projectando sua luz alaranjada sobre as poucas pessoas que passavam àquela hora, do que olhar para o rapaz do meu lado.

A medida que nos aproximávamos da minha rua a iluminação diminuía, e a estrada lindamente asfaltada também.
Entramos em uma rua escura, e esburacada.
Bráulio parou em frente ao portão da minha casa e disse:

— Chegamos!

Desci às pressas, murmurando um " obrigada" mais para mim do que para ele.
Fechei a porta com força, e nem me preocupei em olhar para trás, entrei pelo portão da minha casa, e coloquei a mão sobre o peito. Perguntava para mim mesma " qual o seu problema..."

Fabiana pulou no meu colo, toda contente, me fazendo acordar dos meus pensamentos nada bons.
Ela sempre me recebia com pulos e latidos exagerados.

— Que inveja de você Fabiana! — acariciei o topo da cabeça da cadelinha, que movia a cauda freneticamente! - Que inveja da sua alegria...

Parei de acariciá-la e Continuei caminhando. Ela acompanhava cada passo meu, com a sua amiga balançado a todo momento, empurrei a porta da casa principal, entrei e fechei-a logo a seguir, deixando Fabiana e a sua invejável felicidade no quintal.

Minha mãe estava na sala preparando a sua mala para viajar para a Namíbia, Niara estava na cozinha a fazer o jantar.

Cumprimentei as duas e fui direito para o quarto, decidida a não sair dele até ao amanhecer.
Me deitei na cama, sem me importar em mudar de roupa. Permiti-me fechar os olhos... e adormeci.

Acordei no dia seguinte, de manhã bem cedo, com a maior fome do mundo. Sai da cama cambaleando, meus pés pareciam manteiga de tão fracos que estavam!

Fui para cozinha procurar algum resquício do jantar de ontem, e encontrei um pouco de arroz em uma panela, e feijão em outra. Aqueci a comida, e servi-a como se minha vida dependesse daquele prato de arroz com feijão  — e dependia!

Após satisfeita, recolhi a louça, para lavar no quintal.
Era um domingo de manhã e o sol forte dava o ar da sua graça, e olha que eram apenas 7 h!  — Minha mãe não estava no quarto o que me dizia, que já fora para o aeroporto.

Em dias como esse, eu e os meus amigos, estaríamos sentados na areia da praia falando coisas vãs! E rindo das comparações idiotas do Bruno...

Toc! Toc!

Ouço um barulho forte vindo do portão, meus olhos vão de encontro a pessoa responsável pelo barulho:

— Lueji? — ele estava parado no portão com uma pedra em mãos, que suponho ser o objecto que ele usou para batê-lo. — Entra! — chamei-o com as mãos cobertas de espuma.

Ele arrastou o pequeno portão de ferro, e adentrou pelo quintal.

— Tudo bem? — perguntei sem tirar os olhos do prato que lavava.

— Sim... ontem você saiu cedo da casa do Bruno!

— Pensei que não tivessem dado pela minha falta!

— Claro que demos! O Bruno ficou triste por saber que foi embora!

— Ele ficou? — larguei o prato em minhas mãos, e fitei Lueji, para ter a certeza que as palavras que ele dizia eram verdadeiras!

Ele anuiu com a cabeça, e com esse gesto meus olhos brilharam e a esperança voltou a surgir!

— Combinamos hoje ir para a praia, você podia levar aquela sua máquina fotográfica velha!

Ele se referia a máquina fotográfica que o Bruno me deu de presente, no meu aniversário de 11 anos.

— Quem vamos fotografar?

— Tudo o que aparecer! — ele deu de ombros  — Eles já devem estar a nossa espera lá.

— Então me ajuda a terminar de lavar a louça!

                             ***

Tirei o vestido que usava  — que era o mesmo de ontem  — tomei um banho rápido, enquanto Lueji assistia "capitão planeta" pela televisão, era o nosso desenho animado preferido! — passei pela sala de toalha mesmo, e entrei no quarto.

Niara se espreguiçava na sua cama, coçou os olhos para olhar direito a pessoa ossuda e semi-nua a sua frente, que procurava por uma roupa limpa no cesto.  — eu!

— Bom dia! —  ela diz, com a voz rouca!

—  Bom dia! — vesti as calças jeans que encontrei.

— Para onde você vai? — pela minha cara ela percebeu a resposta.— Só não chega tarde por favor, eu sou a responsável agora! — continuou.

Quando a mãe viajava, Niara dava uma de "responsável", mas fracassava redondamente!

Vesti uma blusa cinza de mangas compridas, fiz um puff frouxo no cabelo.
Procurei entre as minhas coisas, a câmera fotográfica, e achei-a em uma das minhas mochilas antigas, pendurada sobre um prego na parede.
Murmurei um " tchau " rápido para minha irmã que voltou a gritar para eu não esquecer de voltar cedo à casa!

Pus o fio da câmera sobre o pescoço, e saí de casa com Lueji, que hesitou em deixar de assistir o desenho animado, mas acabou por se render no final.

A câmera balançava no meu peito, a cada passo que dava. Andava a passos largos e com o coração vacilante, queria ver Bruno, e confirmar as palavras que Lueji dissera.

Assim que chegamos à calçada, avistamos ele e a Valquíria de longe, sentados na areia da praia. Conversando tranquilamente.

Nos aproximamos e cumprimentamos os dois:
Valquíria se levantou, ajeitou os calções curtos sobre as coxas magras, e me abraçou.
Bruno me cumprimentou com um mísero movimento de cabeça - ele ainda estava chateado.

Nos sentamos os quatro na areia da praia, os meninos estavam entretidos em seus assuntos e Valquíria tentava acompanhá-los.
Como não tinha a atenção deles, preferi olhar as pessoas que estavam pela praia, e as que passavam pelo calçadão.
Me lembrei da câmera fotográfica sobre o meu peito, e escolhi o melhor alvo para as minhas fotos.
Uma criança que brincava na beira da praia com o pai, foi o alvo. Fotografei os dois de mãos dadas, 5 minutos depois, ela saiu da velha câmera. Abanei-a e a imagem nela surgia gradualmente, até ficar totalmente nítida. A foto Estava linda!

Olhei para as pessoas do meu lado direito, que continuavam sem me passar palavra.  — patético! — por um momento desejei que Bráulio me tirasse daí, como fez a noite passada...

  — O que acha da ideia Dara? DARA! — a morena estalou os dedos na minha direcção.

— O Quê? — perguntei.

— O Bruno perguntou o que você acha da ideia do tema da festa dele! — disse Valquíria.

— E qual o tema... é que minha mente estava distante, e acabei por não ouvir!

— Explorador!  — disse Bruno, revirando os olhos logo a seguir.

Ele tinha uma fixação maluca em ser um explorador no futuro. O seu maior sonho era se aventurar no deserto do Namibe. —  que era algo que crianças da nossa idade não deviam fazer sem a supervisão dos pais  — e fotografar a welwistchia Mirabilis.
Ela é uma das únicas plantas do mundo que pode viver mais de 100 anos no deserto, e isso a torna magnificamente intrigante para inúmeros turistas, e também para o meu amigo que tinha uma grande afeição por ela.

— Eu acho isso óptimo! e o que quer que tenha na festa? Pessoas vestidas com roupas de exploradores, e areia? —  zombei.

— Ele quer uma foto da welwistchia mirabilis, tentou pedir ao pai que o levasse até o deserto, mas o Tio José se recusou!  — Valquíria é quem respondeu, de novo!

Parecia que ela estava informada sobre tudo!

— Mas isso não fará o tema mudar, será a melhor festa temática dada por um menino de 14 anos! — Disse orgulhoso.

A promessa dos 14 anos, faziam Bruno passar de um rapaz pouco confiante, à alguém com autoestima elevada, até os quilinhos a mais diminuíram.— Ou eram apenas meus olhos me pregando partidas.

                            ***

A maior parte da minha tarde se resumiu a ouvi-los conversar e rir. Não pronunciei palavra alguma, além das que me foram dirigidas de quando em quando.

O sol se pôs, e era hora de voltarmos para casa. Deixei que Valquíria e Lueji adiantassem o passo, e quando estavam suficientemente distantes, segurei o braço do Bruno, pedindo com o olhar que esperasse.

— Porquê está chateado comigo? Por ser sincera?

— Dara... eu não estou chateado com você! - ele mal olhava nos meus olhos.

— Não é o que parece! ainda é meu amigo? — perguntei com o olhar suplicante

—  Dara... eu...

— O que quer que eu faça para voltar a ser como antes?

Eu estava tão desesperada pela amizade dele, que estava disposto a tudo para ter meu amigo de volta.

Ele pensa por um instante... um sorriso se forma nos seus lábios... e então diz:

— Me traga a foto da welwistchia Mirabilis  — tocou na câmera fotográfica apoiada sobre o meu peito —  Tem 3 dias para trazê-la.

Bruno sabia que aquilo era impossível, e que era cruel da sua parte pedir algo do gênero!
Mas eu não queria perder a sua amizade, só por isso disse:

— Em 1 dias Terá as fotos!

Ele anuíu surpreso, mas com um sorriso prepotente desenhado nos lábios, e voltou a andar de encontro aos outros dois a nossa frente.
Eu fiquei para trás, me perguntando como raios iria para o deserto do Namibe!

                   Nota da autora

Oi ❤ está tudo bem com vocês?

O que têm achado do livro?

Gostam mais da Narração do presente ou do passado?

Qual o vosso personagem prefererido?

Espero que comentem e votem ❤
Estou muito feliz pelas 500 leituras 😍
Que consigamos ter 1k amém?🙏🙏

Beijos e até sexta- feira travelers 😍❤

                        Glossário

Zungueira: Vendedora ambulante

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