Destino

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Corri a passos largos enquantoarrastava a mala pela estrada e só pararia quando estivesse longe o suficiente de casa

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Corri a passos largos enquanto
arrastava a mala pela estrada e só pararia quando estivesse longe o suficiente de casa.

Quando alcancei uma distância considerável, fiquei em uma paragem de motos, à espera de um cupapata* que me levasse até a estrada principal, e de lá pegar um azulinho* que pare na paragem interprovincial da Macon.

Passados uns minutos, um senhor parou bem a minha frente, perguntando para aonde ia.
Olhei minuciosamente para ele: trajava um casaco — pesado demais para usar em uma província onde fazia um sol forte em todas as horas do dia — uma calça jeans preta, seus sapatos estavam ligeiramente empoeirados. Contudo, parecia um homem simpático e trabalhador, o que me fez ter confiança de dizê-lo para aonde iria.

Colocamos a mala na parte de frente da moto, eu subi atrás, pondo a mochila que carregava nas costas, sobre o peito.

O Senhor deu partida na moto, e aos poucos saíamos do Bairro. O vento soprava no meu rosto, por um momento senti que fazia o certo indo embora.

A moto parou na estrada principal, onde se encontravam os azulinhos. Os cobradores bradavam em uníssono de diversos automóveis: São Paulo! Rocha Pinto! Gameck aeroporto!

Chamou-me a atenção o cobrador do azulinho que gritava por Gameck aeroporto.
O motoqueiro que me trouxe até a estrada principal, ajudou-me a levar a mala até onde se encontrava o táxi.
Agradeci-o com um sorriso e entreguei-lhe o dinheiro que devia pelo serviço feito.

Subi no carro, sentei-me no banco perto da janela e fiquei à espera que enchesse de passageiros.
O fedor matinal do cobrador impregnava no lugar — eu detestava andar de azulinhos por esse motivo, mas para se viver em Luanda, era preciso acostumar com isso — o automóvel ficou parcialmente cheio, então começamos a andar pelas ruas de Luanda — por não estar completamente cheio, certamente pararíamos em alguns lugares até encher o carro por completo. —  As casas passavam como vultos, e as pessoas também. Era tudo sempre movimentado.

Todos acordavam cedíssimo para trabalhar.  — desde as zungueiras*, aos grandes chefes — os que não têm muito dinheiro porque tinham que começar a vender cedo, possibilitando levar mais dinheiro para casa no final do dia, e os privilegiados, porque não queriam aguentar o tão frequente engarrafamento demorado.

Enquanto estava perdida em pensamentos, o azulinho parou e eu nem percebi, até o cobrador estalar os dedos na minha direção e dizer:

— Oiê! Não vais ficar aqui?

Acenei com a cabeça, desci e tirei minha mala da parte de trás do carro. Da mochila que carregava peguei o dinheiro que devia pelo serviço de táxi.
O Azulinho deixou-me a entrada do grande parque, e seguiu sua viagem.

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