Capítulo 6 – Preocupação & Desespero
Algum longo tempo se passou. Eu não sei o quanto – pois ainda estou “meio morta” deitada no sofá -, mas sei que alguns longos minutos se passaram, eu ainda não acordei. Não sei por quê. Não deu certo? Ficarei assim até estar realmente branca, fria e morta?
- Adrian? – Chamou William. Uma voz que parecia não soar, devia estar sussurrando.
- O que foi Will?
- Ela ainda não acordou.
- Eu sei, estou vendo.
- Estou ficando preocupado. Será que vai dar certo?
- Quando Lenora disse que a Sálvia Salvadora era poderosa, ela não estava brincando. Há o mito de que tal planta possa trazer humanos de coração puro e inocente de volta à vida.
- Então por que ela ainda não acordou?
- Ela tomou o chá agora, talvez tenha que esperar algumas horas.
- Espero que ela acorde logo, estou ficando muito preocupado agora.
- Eu também, caro irmão.
Não vejo a hora de acordar. Não fiquem preocupados, talvez a Sálvia ainda esteja fazendo efeito. Quando acordar abraçarei Will e mais ainda Adrian – o que não me impede de pensar – sobre com quem eu ficarei. Provavelmente, eles devem me perguntar quando eu acordar. Embora eu tenha escolhido e saiba que Adrian é quem eu amo e ficarei com ele o resto da minha vida, eu temo por William.
Will parece ser um pouco mais frágil dos dois. Ele ficaria, ou melhor, ficará arrasado quando souber que eu escolhi Adrian. Eu também ficarei arrasada ao vê-lo sofrer. No fim, alguém sofreria. Mesmo que eu diga que o quero como amigo, acho que ele não entenderia. Ainda mais sendo um vampiro. Imagina Will indo para a cidade a fim de morder todo mundo. Sei que ele me ama, assim como Adrian.
Lembro-me vagamente de quando eu estava morrendo, aqui mesmo, na sala do castelo. William olhava-me desesperado e sentindo-se culpado. Foi por esse mesmo sentimento que ele me mordeu e eu fiquei em coma total. Consigo entender que ele fez isso pelo meu bem. Agora sinto que veio um flashback à minha mente: eu dissera a ele que me deixasse morrer e que não era culpa de nenhum dos dois. Pensei também que foi a época que os dois descobriram que ambos me amavam, foi quando senti-me mais aflita.
Enfim, de um jeito ou de outro, farei Will entender que eu o amo muito, mas não passa de uma grande amizade. Meu amor é Adrian, o homem, o vampiro, a pessoa que escolhi para viver o resto do meu tempo.
- Adrian? – William sussurrou.
- O que?
- Ela ainda não acordou. Agora eu estou exageradamente preocupado.
- E eu desesperado. – Adrian falou alto.
- Não acha que devemos... – William parou de falar no momento que alguém bateu à porta. Ele mesmo foi atender. – Alexandre?
- Surpresa, meus caros. Bom Dia!
- Como adivinhou... Necromante!
- Exato. Além de que, também passei para ver como está nossa Garota Humana!
- Ela ainda está...
- Morta! – Alexandre completou a frase de Will.
- Na verdade, podemos dizer que ela está desacordada já que não está morta.
- E você está certo Adrian! Como ainda não fez efeito?
- Todos nós estamos nos perguntando a mesma coisa. – Disse Will.
- Eu não consigo acreditar! Não posso perdê-la. Não consigo viver sem ela. Mas que droga! – Escutei algo ser brutalmente quebrado. Ouvi os pedaços caírem no chão.
- Adrian acalme-se meu irmão. – Will tentou acalmá-lo, mas parece ter sido em vão.
- Eu não posso me acalmar. Ela está...
- Adrian? Adrian, você está bem? – O que está acontecendo com Adrian? Adrian, responde William, pois estou ficando preocupada.
- Ele precisa de sangue! – Alguém estalou os dedos e eu tenho certeza que foi Alexandre. Sangue? É claro! Talvez ele não tenha bebido há dias. Está sofrendo tanto que nem se alimenta. Adrian, se alimente, beba o sangue. Faça isso por mim, meu amor. Não posso acordar e encontrar você morto. – William, rasgue a bolsa e dê para Adrian.
- Irmão beba. Você não vem se alimentando. – Escutei um pequeno som de Adrian bebendo. Ouvi sua garganta.
- Obrigado Will, Alexandre. – Disse num tom baixo.
- Alexandre, ouvi Adrian mencionar sobre o mito de a Sálvia trazer seres humanos puros e inocentes à vida, isso é verdade?
- Bem, de acordo com a história, sim!
- Existe uma história?
- Ainda que antiga, sim. Tudo há uma história. Uma história que possui início, meio e fim. Vocês não sabem da história?
- Não. – Disseram em sincronia.
- Bem, talvez eu possa contá-la a vocês. Gostariam de ouvir?
- Claro. – Novamente disseram juntos.
- Bem, sentem-se então. Irei contar o mito da planta mais poderosa.
- Parece ser legal. – Respondeu Will.
- Interessante. – Respondeu Adrian.
- As duas coisas. Alguns interpretam como romance e outros como drama, um fim trágico, mas ainda até que se prove o contrário, não deixa de ser mito.