Capítulo 1 - Escuridão
Escuridão. É apenas o que eu posso ver, se é que se pode ver no escuro. Estou de olhos fechados, mas ainda estou escutando Ross cantando lindamente e serenamente. Ouço Adrian e William chorando, acho que estão se abraçando, ouvi um tapa nas costas. Como posso ouvir se estou morta? Sinto um pouco de frio, estou um pouco gelada, por que? Como posso sentir algo? Não é possível. Se eu posso escutar, então não estou morta, devo estar em coma. É isso, estou em coma. Não posso temer a escuridão, pensei. Lembrei de uma citação de Mário Quintana em um livro que li. Dizia:
“A noite acendeu as estrelas
Porque tinha medo
Da própria escuridão”.
- Precisamor pôr ela no quarto! – Reconheci a voz. É Adrian. Meu coração dói ao ver ele e Will tristes.
- Eu levo ela! – Senti mãos frias pegando-me e um pouco de vento. Acho que Will correu comigo no colo. Confortável. Devo estar na cama, no quarto de Adrian. – Ai Kate, como voce faz falta! Adrian e eu estamos acabados, principalmente eu. Eu a mordi e agora sei que é culpa minha de você estar morta! – Disse com uma voz trêmula, triste e culpada.
Queria que Will pudesse me escutar. Will não é culpa sua, você fez o que achou melhor. Eu estou viva! Mas infelizmente ele não escutaria, seria como se eu estivesse falando comigo mesma. Will saiu do quarto, está descendo as escdas.
- O que faremos agora? – Ele perguntou.
Não posso acreditar que consigo ouvir. Will está lá em baixo e eu aqui no quarto. Como é possível? Nunca ouvi falar de casos em que pessoas estando em coma, pudessem ouvir, sentir, muito menos mexer.
- Bem, Katherine está morta! Amanhã providenciarei um caixão para ela. Arcarei com as despesas.
- Eu também pagarei.
- William, dexe esta parte comigo.
- Claro que não! Kate está morta por minha causa, então eu farei isso.
- Também sou culpado! Por mais que ela estivesse envolvida, tentei de todos os modos livrá-la desse mundo de vampiros, entre outros seres sobrenaturais.
- Não pode tirá-la deste mundo, apenas eu. Eu a amo!
- Will, eu a amei primeiro e ainda a amo. Você chegou depois!
- Não se pode escolher quem ama, Adrian!
- Você sempre faz isso. Toda vez que gosto de alguém, você também gosta. Não se pode ficar competindo com o amor dos outros.
- Eu não estou competindo! Como você pode pensar isso?
- Aliás, os seres humanos têm algo muito precioso que os diferenciam de nós, e devemos respeitar isso.
- O que eles têm?
- Um coração.
Não posso acreditar que estão brigando por minha causa. Não briguem! Eu estou viva. Estar em coma é como estar morta. Eles não irão ouvir-me. Não posso fazer nada para que eles parem de discutir.
- Eu sei disso Adrian. Sei que Kate tem um coração, mas não consigo deixar de amá-la.
- Eu também não Will. Melhor pararmos por aqui, isso não vai dar em nada.
- Como assim?
- Kate teria que escolher um de nós e o outro terá que se conformar.
- Também sei disso.